quinta-feira, setembro 30, 2004

Estes homens são do NUUOORTEEE carago!

Noticia publicada hoje no Público:

"UEFA vai abrir inquérito disciplinar contra o FC Porto"


A UEFA vai instaurar um inquérito disciplinar ao FC Porto depois de o clube português não ter conseguido evitar que um dos elementos da claque Super Dragões cuspisse contra o treinador do Chelsea, José Mourinho, minutos antes do jogo de ontem a contar para a Liga dos Campeões, que o clube britânico venceu por 3-1.


Mourinho, ou , o homem que passou de Bestial a Besta! E biba o nuorteee...

segunda-feira, setembro 27, 2004

A razão da crise no Ministério da Educação

"A informática fez um acordo com Deus: Deus não arranja computadores e a informática não faz milagres"...

Jornadas Europeias do Património

Este fim-de-semana decorreram as jornadas europeias do Património.
O programa de Lisboa era extenso, mas mais uma vez perdi oportunidades de visitar lugares que desconheço na minha própria cidade.
Mea culpa, mea culpa...
Muitos dos sítios exigiam marcação prévia e eu, como boa tuga, adepta dos esquemas do "desenrasca", achei que não era preciso, que lá se dava o "jeitinho do costume".
Obviamente que não resultou e ainda não foi desta que visitei os jardins da Gulbenkian pela mão do arquitecto Ribeiro Telles ou as ruínas romanas de Lisboa.
Ainda assim, não desisti. Apesar do sol e o calor insistirem em tentar-me a ir para a praia, acabei por me arrastar até ao Panteão Nacional.
É incrível e vergonhoso, mas nunca tinha ido lá. Admito que a ideia me arrepiava um bocado .
E eis que me surpreendo: além de se tratar de um monumento impressionante pela sua beleza, dispõe de um terraço soalheiro, a partir do qual podemos disfrutar de uma vista magnífica sobre o Tejo e a cidade.
Durante a minha incursão cultural três coisas foram marcantes:
1) apesar de uma fraca divulgação, as jornadas tiveram afluência do público...PORTUGUÊS. Sim, porque verdade seja dita, a maior parte das vezes, aqueles que visitam o nosso património são turistas que acabam por conhecer melhor a cidade do que eu, que sempre aqui vivi. Fiquei positivamente surpreendida pelos lisboetas que hoje trocaram as praias e o trânsito infernal do regresso á capital, por uma visita ao Panteão.
2)vi um número significativo de pais que levavam pela mão as suas crianças, explicando-lhes a história de Sta Engrácia e do Panteão Nacional. Felizmente os portugueses começam a interiorizar, que o problema da cultura não é uma questão monetária ou de escassez de fundo, mas antes uma questão de consciencialização e de educação. Lá diz o povo..."de pequenino se torce o pepino".
3) Amália Rodrigues é a única mulher a figurar entre os portugueses ilustres cujos restos mortais repousam no Panteão Nacional.



Panteão Nacional

domingo, setembro 26, 2004


Bush´s playground

E esta hein?

Amigos,
falaram-me de uma página web onde se pode simular a votação para as presidenciais americanas e posteriormente ver qual o sentido de voto da população mundial. A batalha entre Kerry e Bush levada além fronteiras "gringas", já que quer queiramos ou não, they rule the world.
Sugiro um saltinho até essa página e mais do que votarem, claro está, aconselho uma vista de olhos ao sentido de voto de países como a Arábia Saudita ou Iraque.
Estou bastante perplexa. Como diz uma amiga, estou mesmo "pra lá de Bagdad"...
http://www.us-election.org/

terça-feira, setembro 21, 2004


Porque sim...

segunda-feira, setembro 20, 2004

Porque as acções não ficam só para quem as faz...

Tão bem...

Ele me encontrou,
eu estava por aí
Num estado emocional tão ruim
Me sentindo muito mal...
Perdida, sozinha
Errando de bar em bar
Procurando não achar

Ele demonstrou tanto prazer
De estar em minha companhia
Que eu experimentei uma sensação
Que até então não conhecia
De se querer bem
De se querer quem se tem...

E ele me faz tão bem, ele me faz tão bem
Que eu também quero fazer isso por ele


Lulu Santos ( ligeiramente alterado)


sábado, setembro 11, 2004

Viagens de cabeceira...

Iniciar a leitura de um romance é, para mim, embarcar numa viagem intemporal, sem um itinerário pré-determinado e rígido, sem data marcada para terminar.
O impacto da descoberta é ainda maior quando, à partida, desconhecemos por completo o conteúdo do livro que temos em mãos.
É como sentarmo-nos num comboio de olhos fechados e partirmos sem horários, à descoberta de lugares, personagens, vidas, sabores, cheiros, amores, ódios, ideias, aventuras...
Não hesito em considerar este tipo de “viagem” como aquela cujos percursos mais me fascinam!
Ainda recordo como se fosse ontem, o dia em que Fermina Daza e Florentino Ariza me ensinaram que o amor é possível em tempos de cólera, a vez em que me perdi nas Brumas de Avalon para me reencontrar anos depois no Oriente, a perspectivar o mundo através dos olhos de um “Cisne Selvagem”.
Numa estação de comboios, encontrei uma rapariga adoentada a quem Kundera falava acerca da “Insustentável Leveza do Ser” e mais tarde Isabel Allende deixou-me entrar na sua metafísica “Casa dos Espíritos”.
Houve ainda a vez em que “Mr. Vertigo” me surpreendeu ao se elevar na minha cozinha, perdendo-se na minha adolescência como uma “Agulha num palheiro”.
Inesquecível foi também o dia soalheiro em que García Márquez me contou que a vida é composta por sequências de acontecimentos, que se repetem invariavelmente num discurso com “Cem anos de solidão”.
Mas encontrei-me com Sartre que ripostou prontamente, dizendo que nós somos aquilo que fazemos e o inferno são os outros!
Algures na Rússia de Dostoievski, um “Idiota” iluminava as mentalidades obscuras da época, trazendo novidades a uma sociedade onde não se recebiam cartas através d´ “O carteiro de Pablo Neruda”.
“Como água para chocolate”, naquele “Inverno do nosso descontentamento” um “Alquimista” chegou para me ensinar a “Lei do Amor”, que anotei cuidadosamente no “Livro do Riso e do Esquecimento”.
Devo confessar que ao longo de todos estes trajectos, a “Expressão dos Afectos” foi o tema que mais me confundiu e suscitou dúvidas.
“Até onde se pode ir?”, perguntei ansiosa a David Lodge, que prontamente me respondeu, com o seu sarcasmo habitual, que “Um almoço nunca é de graça!”
Algures entre todos estes mundos que se cruzam, procurei a “Pérola” de Steinbeck, mas não a encontrando, viajei até ao Panamá onde um alfaiate me explicou que “A vida não é aqui”.
Se é aqui ou não, ainda não consigo dizer, mas uma coisa é certa: podemos sempre viajar enquanto um romance estiver por perto. E para aqueles que afirmam a “morte do romance” deixo uma citação do meu “guia” preferido, Gabriel García Márquez : “Se diz que o romance está morto, não é o romance - é você que já morreu ! ”
Boas viagens!


( escrito há mil anos... no Jur.Nal)

sexta-feira, setembro 10, 2004


"O olho do tempo", Salvador Dalí


TEMPO: o drama/alíbi do sec.XXI

“Estou cheio de pressa. Não posso falar muito. Diz-me apenas a que horas passo aí para apanhar as minhas coisas.”
“Nem isto podes fazer com calma? Já viste que no final é tudo uma questão de tempo? De minutos, segundos, horas?”
“Deixa-te de tretas. Nem todos temos a tua sorte. Ao contrário de ti eu não disponho de tempo para me dar ao luxo de desperdiçá-lo. Não o comando a ele, ele comanda-me a mim !”
“És ridículo! Não te desculpes com o tempo. Nous sommes ce qu´on fait meu querido... Não és tu que dizes adorar Sartre ? De tanto ler bem que podias ter aprendido alguma coisa.”
“Já percebi que hoje estás para discussões, mas eu não estou para isso. Como te disse tenho pouco tempo. A que horas posso passar ai? A partir das oito posso de certeza, senão só se passar por ai por volta da hora do almoço.”
“Vem quando quiseres. Está tudo como deixaste. Se eu não estiver em casa a D. Isilda está de certeza e dá-te as tuas coisas.”
“Está certo. Passo aí por volta das oito e um quarto. Aproveito e levo-te os cd´s que tenho no carro. Olha avisaste o João que eu não te vou acompanhar ao casamento?”
“Já o avisei. Ele disse que tem mesmo pena que não vás. Ainda por cima avisar assim sem mais, em cima da hora... Com esta historia do casamento mal respira, diz que não tem tempo para nada. Como sempre falta de tempo... Em vez de crédito, os Bancos deviam conceder minutos ás pessoas com uns spreads mínimos!”
“Talvez seja o negócio do futuro, quem sabe? Bom, tenho uma reunião agora e já estou atrasado. Então até logo. Se te lembrares de mais qualquer coisa que não te tenha devolvido diz. Vai ser complicado encontrar outro dia para passar aí. Beijinhos.”
Desligaram.
Ele guardou o telemóvel no bolso. Ela atirou o dela para cima do sofá. Ele seguiu lentamente até ao carro e sentiu-se aliviado. Ela acendeu um cigarro e fumou-o languidamente, pensando que tinha conseguido fazê-lo sentir-se culpado. Afinal não havia reunião nenhuma. Ela até tinha assuntos para tratar, mas estava sem cabeça.
Agora tinham todo o tempo do mundo, mas sentiam-se incapazes de fazer seja o que for.“Não faz mal”, pensaram, “o que não se fizer hoje faz-se amanhã... se tiver tempo”.

quarta-feira, setembro 08, 2004


it´s a hard life...

segunda-feira, setembro 06, 2004

O prazer da leitura...


Fotografia de ARMANDO MAIA CABALLERO Y SERÔDIO -Miradouro de Santa Luzia,1959


Tesouros que se encontram viajando , fora de horas, pela blogosfera portuguesa...

domingo, setembro 05, 2004


adios vacaciones...

Relato de uma advogada-estagiária...

Bom, este é o meu primeiro fim-de-semana como trabalhadora. “Não deverias estar a trabalhar? Afinal a menina não trabalha por conta de outrem, a menina trabalha como independente. Não há cá fins de semana para ninguém”, disse-me o Doido hoje ao telefone.
Como se engana. Ainda que trabalhe num negócio que herdarei por via familiar, que cómoda é cadeira do estagiário!
Este ser estranho, assexuado, perdido num mundo de adultos eficientes e implacáveis, que não tem capacidades mentais, intelectuais ou sequer emocionais para assumir preocupações ou responsabilidades à séria.
Que faz então este pobre desgraçado? Vai para a borga, bebe para esquecer e ilude-se dizendo que será sempre assim: trabalhito durante a semana, party ao fim de semana, sem nunca desmorecer, sem nunca perder os hábitos de estudante.
Enfim... divagações á parte, gostei da primeira semana.
Perdida entre folhas e processos, finjo estar á vontade com tudo aquilo. Afinal a média nem foi das piores e a malta é suposto perceber daquela treta.
Três dias de trabalho são suficientes para que surjam os primeiros sintomas de uma doença rara, mas crónica.
Sintomas esses que são: obsessão doentia com a hora de almoço ( quer se tenha fome ,ou não ,há que ir comer qualquer coisita ),fixação por navegar na internet e ver os mails mais com uma honrosa média de 30 vezes por dia (nunca há nenhum novo) diarreia mental a partir das 18 h, divagações monetárias (“ com este dinheiro já posso comprar isto , isto, aquilo, o outro”) e alucinações com uma noite mega activa, cheia de actividades produtivas e convívio com os amigos.
Outra aventura interessante é a escolha dos “kits de trabalho”. Sim, amigos, porque a primeira coisa a desaparecer do horizonte quotidiano são os ténis confortáveis, que passam a ser substituídos por maravilhosos saltos altos, que de bonito ou confortável pouco têm.
Isto não sucede sempre...acho mesmo que é um fenómeno muito peculiar dos cursos de Direito, Economia e Gestão, onde aquilo que somos pouco importa: o que vale é o que aparentamos ser e quanto mais aparentamos MELHOR!
E eis que assumo a postura mas a coisa acho que não corre lá muito bem: tropeço cada dois minutos, ando desajeitadamente, a roupa não me faz parecer mais adulta, mas sim mais criança e perdida.
Falar ao telefone com os “clientes” ( esta designação transtorna-me) é uma experiência alucinante onde o raciocínio se desenvolve à velocidade da luz: não errar o nome, falar pausadamente, ser clara, ouvir com atenção e acima de tudo, não dizer “beijinhos” no final da conversa...
Que admirável mundo novo! E pensar que se acabaram as épocas de exame...


sábado, setembro 04, 2004

Ossétia do Norte

Hoje não se discute, não se analisa o inimigo ou se prepara uma defesa, não se fixam datas ou se defendem ideais.
Sob a máscara falsa de religião ou sob um hipócrita motivo político ( ou melhor, motivo económico), mata-se impiedosamente, sem qualquer vestígio de respeito pela vida humana.
Sem sentido, sem coerência, sem honra, sem olhar a credos, idades ou sexos.
Ao invés de ser o bem jurídico de valor supremo, a vida perde todo e qualquer valor, os corpos ficam sem rostos, os rostos convertem-se em números e os nomes apenas servem para figurar nas listas negras que se afixam em malfadadas paredes.
O terrorismo instalou-se, criou raízes e ganhou um lugar na mentalidade das pessoas.
Não se pode ceder perante ele, mas não há forma de combatê-lo, porque ele ataca de surpresa, trazendo o medo.
Medo... pensava que só as crianças tinham medo. Pensava que uma vez que crescesse, poucas coisas me despertariam medo.
E agora vivo assustada, porque já não há sentido no mundo, tudo pode acontecer a todos.
Toda a Humanidade, sem excepção, é vítima deste horror que veio para ficar e não há Deus que nos salve, dinheiro que nos proteja ou apelido que nos resguarde.
Qualquer um de nós podia ser o gestor do World Trade Centre, que naquele dia apenas recordava as férias de Agosto e se consciencializava que só dentro de um ano, poderia descansar outra vez.
E falando em férias, como podiam aqueles jovens imaginar que Bali era um potencial alvo e que afinal naquela noite o melhor teria sido ficar no hotel a descansar?
Já para não mencionar a C., secretária, que adormeceu e por isso apanhou o comboio seguinte. Nunca chegou à Atocha a tempo...E eles ,pequeninos, iam para a escola...apenas para a escola... Não eram políticos, não eram militares, nem sequer podiam votar...apenas iam para a escola.

sexta-feira, setembro 03, 2004


Barcelona, Borne Junho de 2003

quinta-feira, setembro 02, 2004

Borrel con Gran Via

Que medo...já passou um ano e meio desde que fui viver para Barcelona. Agora que me vejo a andar na rua, com a roupa engomada, de saltos altos ( coisa que aboli na primeira caminhada entre as Ramblas e Calle Borrel), preocupada em ganhar dinheiro, dormir bem, fazer exercicio e procurar qualidade de vida numa cidade onde isso cada vez existe menos, esqueço-me daquela altura. Da partilha da casa, das experiências, de passar as tardes ao sol sem preocupações...sim!principalmente sem preocupações.
Um dolce fare niente permanente, regado com muito alcoól e descontração. O tempo não existia, nunca existiu , ou se existia ,não se sentia passar.
A sujeira do quarto da Carla, os fungus da Tats no fogão, as compras da Sara no final do mês, o roubar mel á Joana apenas porque sim! Manas borrel...que saudades...
Os mexicanos...o no mames guey, que chingon y pinches portuguesas... Garota de Ipanema, la vie en rose ("No puedo..."), like a prayer...
Molts petonets a tots...
oh pa... quero voltar...entretanto as horas passam e aqui ando eu num escritório, a fingir que trabalho, a olhar para o ecran á espera de alguma coisa para fazer. E pensar que agora isso incomoda-me! Estar sem fazer nada! hahahaha
Talvez vá ver uma exposição: ouvi dizer que o Richard Hamilton volta ao Macba e que as salas do Museu Picasso já estão finalmente todas abertas.
Talvez vá apenas ao Bairro Gótico escrever.

(pausa...toca o telefone)
"Com certeza...vou já buscar o processo".
Afinal não vai dar para sair agora!










Balada da Rita

Disseram-me um dia Rita põe-te em guarda
aviso-te, a vida é dura põe-te em guarda
cerra os dois punhos e andou põe-te em guarda
eu disse adeus à desdita
e lancei mãos à aventura
e ainda aqui está quem falou

Galguei caminhos de ferro (põe-te em guarda)
palmilhei ruas à fome (põe-te em guarda)
dormi em bancos à chuva (põe-te em guarda)
e a solidão não erres
e ao chamá-la o seu nome
me vai que nem uma luva

Andei com homens de faca (põe-te em guarda)
vivi com homens safados (põe-te em guarda)
morei com homens de briga (põe-te em guarda)
uns acabaram de maca
e outros ainda mais deitadoso coveiro que o diga

O coveiro que o diga
quantas vezes se apoiou na enxada
e o coração que o conte
quantas vezes já bateu p'ra nada

E um dia de tanto andar (põe-te em guarda)
eu vi-me exausta e exangue (põe-te em guarda)
entre um berço e um caixão (põe-te em guarda)
mas quem tratou de me amar
soube estancar o meu sangue
e soube erguer-me do chão

Veio a fama e veio a glória (põe-te em guarda)
passaram-me de ombro em ombro (põe-te em guarda)
encheram-me de flores o quarto (põe-te em guarda)
mas é sempre a mesma história
depois do primeiro assombro
logo o corpo fica farto

Sérgio Godinho