quarta-feira, janeiro 31, 2007

À beira do precipício


"Anque Libero Va Bene", de Kim Rossi Stuart


Qual guarda-redes, Tommy observa expectante os comportamentos desequilibrados e perdidos da família em que se vê inserido e espera, concentrado, pelas consequências dos seus actos, na expectativa de defender os pontapés que a vida lhe dá.
O pai, perfeccionista, temperamental e desesperado pela sua impotência face às dificuldades do seu quotidiano; a irmã atrevida e estouvada que, pese embora mais velha, opta por atitudes imaturas e infantis; a mãe, instável, desequilibrada e impulsiva que, incapaz de se confinar à vida familiar e ao casamento, se ausenta de casa por longos períodos, na companhia de amantes sazonais, regressando, posteriomente, com promessas de mudança e necessidade de acolhimento e aceitação por parte dos filhos e marido, despertando nestes ilusões perdidas que perturbam o ritmo a que já vinham habituados.
Expectativas, desilusões e chantagens emocionais são-nos transmitidos pelo olhar precoce do menino que sobe aos telhados e observa, sem pressas e sem revolta, a vida de cada um de nós.

terça-feira, janeiro 30, 2007

O Sim

Não "plasticamente" tolerante, mas, por vezes, acidamente acertado...aqui.

Um brinde à Nação



Mais um email, um slogan de inteligência duvidosa, uma marcha, caminhada ou peladinha de futebol pela vida, uma cruz ao pescoço, um apelido pomposo ou uma fadista pseudo-beta a gritar pela vida embrionária e juro que emigro.

Quando um referendo ganha contornos de fanatismo, de sentimentos clubísticos ou bairristas, quando a aparência vence a razão, quando a mente e a visão entorpecidas clamam por valores que não se defendem mas parecem bem, salta-me o verniz e agarro o passaporte.

Bem aventurados os que não tentam ser pudicos e politicamente virtuosos.

Louvo-lhes a inteligência porque, mais contidos e, talvez, calculistas, durante todo este período que antecede o referendo, estão a conseguir transmitir uma posição mais tolerante no que concerne ao tópico que apaixona mais as gentes de cá do que o entediante Boavista- Sporting.

Repare-se no ponto de partida deste referendo: uma opção, utopicamente, política que, na linha de raciocínio dos defensores do NÃO, pretende educar ou restringir as opções morais dos portugueses que, na sua maioria, despreocupados e irresponsáveis, dão preferência às novelas da TVI e sabem que há sempre um “jeitoso” que resolverá uma situação mais delicada.

Tal como nas doenças, têm consciência de que o azar só bate à porta do vizinho e que, desde que se seja esperto, com ou sem lei, o “desmancho”, se tiver que ser, faz-se.

Por outro lado, a máquina governativa, num esforço hercúleo de agradar a gregos e troianos , repete o referendo, na senda do erro cometido em 1998.

Sócrates, despe-se das vestes de Primeiro Ministro e sai à rua, apoiando o movimento “Sim”, abandonando o mito de que os líderes devem ser, no mínimo, isentos e contidos.

A apimentar ainda mais o cenário de guerra, Gentil Martins pede a condenação das mulheres que praticam o aborto, como se de jogging se tratasse e o acto em si não fosse punitivo o suficiente e as ameaças católicas de excomungação daqueles que votarem “Sim”.

Prozac e Xanax vendem-se às centenas, Vanessas e Joanas enchem as manchetes, os emails são entupidos com habeas corpus leigos em prol do Sargento de Torres Novas e o país, em surdina e cheio de orgulho, prepara-se para eleger Oliveira Salazar como o melhor português de todos os tempos.

Refira-se, porém, que esta última situação, contrariamente às restantes, não choca, pois nada mais é do que um resultado inevitável do atrofio mental e cultural a que tal líder nos condenou.

Um brinde à honrosa nação!

segunda-feira, janeiro 29, 2007

Vida


E o resto é conversa.

quarta-feira, janeiro 24, 2007

One small step for men, one giant leap for mankind

A minha mãe registou-se no blogger.

terça-feira, janeiro 23, 2007

Belver

Pelo Vale do Rio Tejo






Pela Rota dos Templários.

segunda-feira, janeiro 22, 2007

E assim se passou o Domingo


Castelo de Almourol , Constância

quarta-feira, janeiro 17, 2007

Volume IV





Heaven – Ella Fitzgerald & Louis Armstrong

Turn your lights down low – Lauryn Hill & Bob Marley

Tengo un trato – La Mala Rodriguez

Dá-me Lume – Jorge Palma

Multiply - Jamie Lidell

Son of a preacher man – Dusty Springfield

Marvin Gaye – Heard it through the grapevine

Colorblind – Counting Crows

Devil May Care – Diana Krall

Sexual Revolution – Macy Gray

I had a little talk – Andie Bey

Fools rush in – Marie Antoinette OST

Short Skirt, Long Jacket – Cake

Please don´t let me be misunderstood – Santa Esmeralda (Kill Bill OST)

Waiting on the world to change – John Mayer

1972 – Josh Rouse

Love Street – Doors

Dice- Finley Quay

Teardrop – Massive Attack

Via Con Me - Paolo Conte

Stormy Weather – Django Reinhart

terça-feira, janeiro 16, 2007

Momentos infelizes




Na linha de racíocinio de Ratzinger, bispo de Bragança-Miranda procura o seu momento de glória e compara aborto à pena de morte, usando como termo de comparação o enforcamento do ex-Presidente iraquiano Saddam Hussein.
Perante tal analogia, surgem, com uma maior clarividência, os motivos que me levam a votar sim...

Ela a dar-lhe e a burra a fugir





Ana Gomes, mais uma vez , volta à carga com a história dos voos secretos da CIA e lamenta que as responsabilidades de Durão Barroso não tenham sido apuradas.

E pensar que, há vinte anos atrás, chamávamos a atenção dos adultos ao dar pontapés nos outros meninos...

sábado, janeiro 13, 2007

O ano na música

Mundo da Chapa - Vol. III

No tomorrow – Orson

Golden touch – Razorlight

I see a different you – Koop

Qualquer coisa – Caetano Veloso

Sex Laws – Beck

Crash into me – Dave Matthews Band

In a little while – U2

You make it easy – Air

Heart of Glass – Nouvelle Vague

Personal Jesus – Johnny Cash

Volver – Estrella Morente

Bad – U2

Suddenly I see – KT Tunstall

Volcano – Damien Rice

Lloyd I´m ready to be heartbroken – Camera Obscura

Exhuming McCarthy – REM

Way beyond – Morcheeba

Fragile - Sting


Porque de melodias se alimenta a memória...

quinta-feira, janeiro 11, 2007

Momento pluma






Diana Ross

terça-feira, janeiro 09, 2007







Era um homem solitário, mas curiosamente não se sentia só.

Tinha tudo o que necessitava: as águas furtadas em Santa Catarina, mergulhadas na penumbra que os seus tectos esconsos forneciam, as antiguidades que coleccionava desde os dezoito anos, idade em que, pela primeira vez, explorara os antiquários de São Bento, os milhares de livros que, à falta de espaço, jaziam no chão, junto às janelas, à entrada, nos pés da cama, na cozinha e até na exígua casa-de-banho.

Em criança brincara sempre sózinho, alheio das travessuras dos irmãos que, perante a indiferença daquele pequeno ser, numa idade em que a lei do grupo impera, troçavam até à exaustão, enquanto lhe preparavam partidas cruéis à socapa dos pais.

Tudo suportou sem queixumes, sem denúncias, sem reacção.

A mãe, atenta e desesperada, recriminava-se por ter gerado tão estranha criança de olhar envelhecido.

Suspeitas de uma espécie de autismo foram levantadas, mas especialistas apressaram-se a afastá-las. Era uma criança silenciosa que provavelmente geraria um adolescente ruidoso.

Porém, contrariamente às expectativas, tal não sucedeu e ele foi-se desenvolvendo da mesma forma desprendida e solitária que o fizera até então.

Louvores choveram ao longo do seu percurso académico. No trabalho foi promovido sempre a um ritmo alucinante: o seu desempenho era brilhante, honesto, rápido.

Não participava nas conversas de café, não tirava pausas para fumar um cigarro, não perdia horas a navegar na internet.

Namoradas não se lhe conheceram. Aventuras também não.

À excepção de uma discussão com um alfarrabista que tentou vigarizá-lo, nunca se lhe conheceu qualquer ataque temperamental.

Regressava, religiosamente, a casa depois do trabalho.

Comia parcamente, ouvia Chopin e lia até altas horas da madrugada.

Por vezes, surpreendia-se a si próprio, questionando-se acerca do seu modo de vida, do seu isolamento, das suas rotinas inalteradas, pacíficas, mas simultaneamente doentias.

Todavia, rápido se desvaneciam as suas dúvidas existenciais, ao constatar que jamais conhecera outro modo de vida.

Tranquilamente, olhava o Tejo ao fundo e fechava o livro em mãos. Sorria, não com felicidade , mas conformado.

Nascera já tendo vivido, pelo que agora se dava ao luxo de simplesmente contemplar.

segunda-feira, janeiro 08, 2007

Quando a realidade supera a ficção



Dois reclusos fugiram da cadeia do Linhó . ( para os mais distraídos ver artigo aqui.)





O momento em que nos apercebemos que talvez não tenha sido boa ideia a RTP1 ter começado a emitir o "Prison Break"...

sexta-feira, janeiro 05, 2007

Oitentas



Começou pelos cabelos: escortinhados, franjas curtas, cortes quadrados a lembrar o Paulo Futre dos velhos tempos.
Posteriormente chegaram os All Star, as bolinhas coloridas e as t-shirts deslavadas e compridas que deixam ombros à mostra e as ancas cobertas.
O regresso dos 80´s afirmou-se, uma vez mais, deitando por terra os argumentos dos mais relutantes em aceitar qualquer beleza nesse estilo controverso que, há 20 anos atrás, levou gerações a pintar os cabelos de cor-de-rosa e a encher estádios de futebol, não para uma “peladinha” de 22 machos e um esférico, mas para ouvir músicas que, tal como as roupas ou cabelos, marcaram uma época.
Nascida nos oitenta, cedo a minha posição àqueles que se vangloriam pelo facto de recordarem esses dias e por terem conhecido o Bananas ou os primórdios do Tokyo.
Porém, recordo, não com saudade mas entre risadas, os tempos de infantário em que os Europe eram tópico de conversa de miúdos ranhosos de quatro anos que, pese embora mal balbuciassem um português correcto, conheciam de cor o refrão da “Final Countdown”.
Relembro, ainda, as colecções de folhas perfumadas, as horas de almoço na companhia do “Agora Escolha”, o loiro George Michael e os seus “WHAM” a entrar pela casa através da aparelhagem gigante da sala, as pulseiras florescentes, a “Bota Botilde” e a “Lambada” a aquecer as festas de garagem.
Clássicos eram ainda os néons rosa das lojas chamadas “Pink” ou “Kiss” que faziam as delícias das compras, num tempo em que centros comerciais não existiam e ainda se faziam compras na Rua Augusta.
Anos volvidos, combino um almoço numa recém-descoberta em Santos. Páteo lisboeta, soalheiro, rasgos de modernidade a espreitar e a fazer renascer uma zona moribunda de Lisboa.
Os néons já não se vêem. Mas o regresso aos neologismos é inegável. Os “Páteos das Cantigas” deram lugares aos “Lounges in” ou “Slow Food Restaurants”.
Não temos empresas de recrutamento, temos “head hunters”.
Não se propõem acções, mas dão-se início a “due diligences” que matam de desespero os estagiários que a isso se dedicam.
Uma casa não é confortável, mas sim “cozy”.
As tostas contêm “chévre” e rúcula, ao contrário do chouriço assado que fica guardado para as noites de Santo António.
Não temos néons, é verdade, mas temos os corsários, os cabelos escadeados, os All Start e os batôs encarnados a condizer com os sapatos de verniz.
Até à data, nada a censurar! São os sinais do tempo que, finalmente, se fazem sentir em Lisboa.
Todavia fico confusa. Qual a diferença entre ir à Tasca da Mariquinhas e ao seu Lounge?
Para além do aspecto “ikea”, fico com a sensação que tudo passa por uma diferença de 1 euro a mais por café…
E pensar que os 80´s (ou “ochentero” como dizem os nossos irmãos do país vizinho), não eram sinónimo preços elevados, mas simplesmente sinónimo de piroso.

Do fundo do baú

Cranberries, Linger, in "Everybody else is doing it, so why don´t we?"

terça-feira, janeiro 02, 2007

E assim começa mais um ano

Sinopse:

O Papa Bento XVI considerou que o aborto, a experiência com embriões e a eutanásia são "atentados contra a paz";

A execução de Saddam Hussein,condenada pelos governos europeus e pelo Vaticano, foi fortemente aplaudida pelos Estados Unidos.
Ao que parece, George W. Bush, acredita que a morte do ditador vai ajudar a construir a democracia no Iraque ;

Segundo paparazzis de trazer por casa, Sócrates anda a banhos em Salvador da Bahia e dança um forró com Edite Estrela.

A propósito de Scarlett Johansson...




Continuo sem perceber se é boa ou má actriz.
Tenho a sensação de que uma actriz , para ser valorizada e reconhecida, não precisa, necessariamente, de actuar bem.
Não precisa de ser uma boa actriz...só precisa de ser boa!


( Com estas reflexões sérias se começou o novo ano, sob o sol de Sesimbra)