As saudades que não sinto
Algo de muito estranho se deve passar comigo por não sentir saudades da faculdade.
A sério que não !
Trabalho mesmo ali ao lado do belo campus de Campolide, onde supostamente durante 5 anos vivi os melhores momentos da minha vida.
No entanto, cada vez que vislumbro a fantástica reitoria da Nova não sinto qualquer tipo de nostalgia.
Apenas recordo com alguma mágoa o que a construção daquela obra-prima da arquitectura provocou na minha vida estudantil: caos, desorganização, entrar nas aulas e em casa com os pés totalmente enlameados e as discussões sistemáticas com os seguranças que não me deixavam estacionar na faculdade:
- Bom dia, eu vou só buscar um certificado. Posso entrar?
- Então e o selo?
- Ah , é que eu acabei o curso a semana passada e venho só recolher o certificado das notas. Não pedi o selo para este semestre porque graças a Deus já não vou estar cá.”
- Pois...mas temos ordens expressas da Reitoria para só deixar entrar quem tem selo.
- Mas eu só me demoro 5 minutos. Mesmo! Além disso a secretaria está mesmo mesmo a fechar. Deixe-me lá entrar.
- Peço desculpa menina, mas ordens são ordens. Só pode estacionar quem tem selo.
- Mas eu já acabei o curso! Venho apenas buscar o certificado.
- É preciso o selo, já lhe disse.
Com menos conversa e já tinham passado 5 minutos.
Em suma, lá fui eu estacionar o carro no parque de terra batida, ao fundo da rampa da cabra Joana e no meio de carros abandonados já meio desmontados.
Subi a rampa a correr, cheguei à secretaria dois minutos antes da hora de encerramento, agarrei na certidão e lá fui esbaforida até ao carro com os nervos á flor da pele.
Outra situação muito agradável era o famoso DIA DA FACULDADE, quando nos proibiam de estacionar ás oito da manhã dentro do recinto do campus, porque ás oito da noite iria decorrer uma cerimónia .
Não fosse o Diabo tecê-las, o melhor era prevenir e guardar lugares para os convidados de honra. Que se lixem os estudantes.
Esta falta de ginástica mental deu-me cabo dos nervos!
Mas melhor do que isto só mesmo a feira de vaidades aquando da colocação dos resultados dos exames finais.
Sempre adorei aqueles que se insurgiam violentamente quando tinham 5.( note-se que a nota máxima na Faculdade de Direito da Nova é 6)
Transcendeu-me sempre a adulação servil de alguns alunos face a professores que nunca passaram disso mesmo.
Salvo honrosas excepções , um grande número deles são seres desfasados da vida real e das necessidades básicas com que passámos confrontados este último mês de Setembro quando começamos a trabalhar.
Seres estes que incutiram em alguns uma segurança e certeza que hoje se manifesta em arrogância e numa tremenda falta de humildade.
Mas quem me houve falar assim ( ou melhor, quem lê o que escrevo) vai pensar que aquilo foi um horror, quando na realidade esteve bem longe disso.
Simplesmente não foi marcante...
Nem para o bem, nem para o mal.
Foram cinco anos que passaram e que bem se passaram eles.
Se foram os melhores ou não só o tempo o dirá.
Mas não sinto saudades...saudades sinto de algo que perdi e, no que concerne a faculdade, como posso ter perdido algo se na realidade nunca ali senti qualquer sentimento de pertença?
2 comentários:
Ai, como eu sei o que isso é... acabei de sair de uma faculdade igual em tudo excepto no nome (aquela que para mim foi uma dor de cabeça, na maior parte das vezes, chama-se FCUL).Também nao deixa saudades, mas sim a ideia de que com apenas umas poucas mudanças e 'a lot more of good will, poderia ter deixado. Enfim, já passou...
Aproveito para agradecer o comentário no meu blog e quanto às visitas ao vosso 'mundo da ch@p@' desculpem-me mas elas vao mesmo continuar a acontecer, on a daily basis... ¿afinal, o que é que posso fazer? Esbarrei com o vosso mundo aqui na net e simplesmente... adoro-o!!! :))
nao sei se isto te ajuda, mas ainda aqui estou, "feliz e contente" como seria de esperar. e para valorizar mais, e como só falta um mes para acabarem as minhas aulas aqui no paraíso, agora só venho de vez em quando, que é para no futuro sentir as saudades que tu não sentes, vá-se lá saber porquê!!..
gonçalo
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