segunda-feira, fevereiro 07, 2005

Uma tarde no CCB



Sei que é ponto de honra deste blog, não criticar negativamente qualquer artista ou respectiva obra.
Na eventualidade de algo não me gostar, opto por não escrever sobre ela. O mundo está cheio de coisas más e gestos menos bonitos, porquê acrescentar mais um, não é verdade?
Mas hoje...sinto que tenho que escrever, não obstante não ter ainda uma opinião formada.

Regressei finalmente às minhas tardes de domingo culturais e até agora não consigo dizer se gostei, se não gostei, se percebi as obras, se as apreciei ou se pura e simplesmente projectei a minha apatia para as mesmas.
Como quase sempre me sucede em exposições de arte contemporânea, saquei o ovo de Colombo do baú cheio de pó e dei por mim a questionar-me acerca do que é a Arte? Como podemos classificar alguma coisa como Arte? Como é que alguém consegue ver algo mais para além de uma escova de dentes em cima de um rissol e eu não?
Inevitavelmente , fiquei atormentada por esta questão durante 2/3 minutos máximo e recordei com um sorriso malicioso que hoje em dia não há verdades únicas ou definições estanques e rígidas acerca do que quer que seja.
Por exemplo, muitas vezes damos por nós a comentar uma situação e a proferir com um um tom reprovador: “Isto não é normal!”.
Mas afinal, o que é normal? O significa ser-se normal? O facto de não ter percebido grande coisa das exposições e respectivas “instalações” de hoje, torna-me uma pessoa anormal?
Independentemente de um forte sentimento de impotência e de uma pulsante perplexidade, considero que valeu a pena não ter passado a tarde em frente ao écran da televisão , a fazer horas até ao jantar.
Por um lado, por ter podido constatar que cada vez mais um maior número de portugueses visitam os museus e exposições . (Creio que só no dia em que tal constatação nos deixe de pasmar, temos finalmente uma prova inequívoca de alguma evolução!)
Por outro lado, qualquer exposição/obra de arte que não nos deixe indiferente, é digna de valor e de uma chamada de atenção.
Proponho-vos , por isso, que dêem um salto ao CCB, comprem um bilhete para todas as exposições temporárias ( 2,75 euros para menores de 25 anos) e que ,por amor de Deus, me esclareçam acerca do sentido de algumas das fotos da Bes foto, das instalações e desenhos de Rebecca Horn e do "Comer o Coração" de Rui Chafes/ Vera Mantero, nossos dignos representantes na bienal de São Paulo de 2004.ienal dejsjs
Confesso que achei ambos interessantes...mas não consegui atingir o âmago da questão! Mea culpa...mea culpa, certamente...
Mas as breves introduções às obras, como sempre e em qualquer sítio do mundo, também não ajudaram muito...

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