quarta-feira, abril 27, 2005


Sempre vivi o 25 de Abril através dos olhares emocionados da minha família e das suas versões do acontecimento.
As imagens do Largo do Carmo e o Zeca Afonso marcaram cada mês de Abril da minha existência, mas não ao ponto de me fazer celebrar a data de forma efusiva ou realmente sentida.
Como qualquer partidário da democracia , felicito-me pela Revolução de Abril, ainda que lamente alguns dos episódios desse período de transição.
No entanto, encaro esses episódios menos "bonitos"como um custo de oportunidade inerente a qualquer escolha, a qualquer mudança.
Pese embora a Nação celebre este dia com pompa e circunstância, suscita-me alguma perplexidade constatar que um grande número de pessoas parece sentir-se desconfortável em celebrá-lo também.
Subitamente vejo-me rodeada de um grupo de pessoas, para quem o 25 de Abril é um tema incómodo, quase embaraçoso e os que comemoram parecem ser os que estão errados, os que não têm noção, os olhados com desdém e conotados de "comunas".
E eu que pensava que a democracia e a liberdade era algo que todos desejávamos, que era uma coisa boa e geral, não apenas uma coisa de comunistas ou esquerdistas.
Neste fim-de-semana dedicado à (re)descoberta do Alentejo, o ambiente foi de festa, de verdadeira celebração.
Foi então que percebi que , de facto, o meu universo tem uma dimensão muito insignificante.
Está circunscrito à realidade lisboeta dos últimos 20 anos e um grupo de pessoas sem noção de muita coisa, mas que opina sobre tudo...ainda que a medo, ainda que sem frontalidade e assumindo, como ponto de partida de qualquer discussão, uma indiferença fictícia . Posted by Hello

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