Match Point
Sempre admirei o facto de Woody Allen, ano após ano, nos presentear com filmes, cujo personagem principal era caracterizado, invariavelmente, da mesma maneira: novaiorquino, neurótico, maníaco, com uma fraca autoestima, inseguro e com problemas de índole sexual que tenta ultrapassar com a ajuda de mulheres esplendorosamente sensuais e inteligentes que, por alguma razão desconhecida, tombam a seus pés.
E pese embora o enredo também não variar muito, a verdade é que os seus fãs nunca se cansam de ver os seus filmes repetidamente e anseiam, desesperadamente, a cada saída de um novo filme, tornando-se difícil afirmar peremptoriamente qual o mais genial de todos.
Não esquecendo o Woody inovador e refrescado de "Melinda&Melinda" e a total ausência do “seu personagem”, não pude deixar de ficar perplexa perante "Match Point".
Apesar de se tratar de um filme cujo enredo e caracterização não podem deixar de se apelidar de formidáveis; apesar do casting ter sido escrupulosamente bem feito, tal como a caracterização dos personagens da trama, a verdade é que quem procurava encontrar o Woody de "Manhattan" ou "Annie Hall" , não pode evitar abandonar a sala de cinema com uma sensação de desapontamento.
Desapontamento caprichoso, digo eu, uma vez que com Match Point, Woody evoluiu e partiu para um todo outro nível de realização que apesar de louvável e de demonstrar uma franca evolução e desejo de ruptura.
No entanto, a verdade é que nos habituou tempo demais ao seu estilo tão próprio que neste último filme, salvo melhor opinião, não encontrei nos personagens.
Como tal, quem busca o tradicional, sairá defraudado.
Ainda assim, Match Point é imperdível: pela inteligência do argumento, pela ironia do seu final, pela realização fantástica, por Londres...pelo Woody por detrás das câmeras a filmar cidades e a alma humana como pouca gente faz!
6 comentários:
Uma pessoa vai morar para países civilizados e tal, e nem o prazer de ver um filme primeiro tem. Pior: tem que esperar uns meses. Que nervos.
E pior é que até lá, alguém já se terá descaído, e saberás que, no fim, morrem todos num acidente de carro.
Oh! Estás a gozar. Näo acredito, näo acredito. Para além disso, näo estou a oúvir: na na na na na, trá lá lá (de ouvidos tapados e olhos fechados).
És mesmo palhaço Jacinto. Sara, vai ver o filme e depois falamos! Bjs
Por este andar vejo o filme em Portugal e falamos pessoalmente. Nunca mais cá chega, pá.
Eu gostei muito do filme. Muito por Londres e pelo argumento. E pela mudança, que alguns anteriores já cansavam...
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