"Love is a burning thing..."
Li algures uma entrevista com um realizador que afirmava que só ficava contente quando as pessoas saiam da sala de cinema inquietas, após a visualização dum filme seu.
Segundo ele, o objectivo máximo dum realizador é criar polémica, inquietude, discussão, considerando-se a indiferença como o pior dos resultados.
Se sairmos do cinema e resumimos o filme com um singelo “Foi bonito”, então o trabalho foi em vão.
Partindo deste principio, então James Mangold, realizador de “
Walk the Line” , está sem dúvida de parabéns.
Com ingredientes aparentemente simples, como a vida “acidentada” de um músico que marcou o século XX, a tarefa poderia parecer simplificada, uma vez que a história de J. Cash, só por si, garantia desde já o drama e a curiosidade necessários para atrair pessoas às salas de cinema.
Porém, se a história apenas bastasse, este seria mais um filme biográfico como qualquer outro que coleccionamos, quase indiferentemente, e armazenamos na parte do cérebro onde guardamos toda aquela informação que apelidamos de cultura geral.
O feito admirável deste filme é , essencialmente, a capacidade de nos transportar no tempo há 50 anos atrás; de nos fazer sentir os limites e a fragilidade da alma humana; de nos dar a conhecer uma história de amor para além do físico, de nos conduzir ao universo de June C. e Johnny Cash sem necessidade de grandes palavras ou grandes explicações.
Porque as imagens falam por si.
E o que não se entende a música explica..