terça-feira, setembro 26, 2006

VOLVER


Em Espanha, um pouco à medida do que sucede em Portugal com a generalidade dos filmes de produção nacional, os filmes de Almodóvar não são apreciados pela generalidade das pessoas.

Frequente é encontrarmos longas filas de espera nas bilheteiras dos filmes americanos, em contraponto às salas lúgubres e semi-vazias onde os filmes da El Deseo são exibidos.

Questionados acerca do que “no les gusta” nos filmes de Almodóvar, os espanhóis são peremptórios nas respostas: “Almodóvar só gosta de filmar o que de mais sujo e miserável encontramos em Espanha. Só filma o lado mau.”

Sem embargo, o ponto fulcral é, em minha opinião, não o abjecto que Almodóvar filma, mas a forma como o faz.

A pedofilia, o incesto, os abusos sexuais ou a prostituição são encarados pela lente de Almodóvar com uma naturalidade tal que, não fora a inquietude latente , quase nos levaria a entender e compactuar com as tramas sórdidas desta gente miserável que no

revela uma Espanha muito para além da fiesta.

“Volver” não escapa à linha tradicional a que Pedro A. nos vem habituando: envolvente, perturbador, enternecedor.

A luta de uma família ao lidar com os fantasmas do passado, os esquemas paralelos de ganha-pão de uma mulher de armas que não se pode dar ao luxo de vitimizações, o lado escuro de Madrid e a sombra incestuosa, são ingredientes que compõem talvez o melhor papel de Penélope Cruz até à data.

A ver, sem dúvida, sem preconceitos ou pensamentos demasiado críticos.

Mais uma vez, o inigualável Almodóvar a cativar-nos com as histórias que, habitualmente, fingimos não existirem.

segunda-feira, setembro 25, 2006

Águas

Não são de Março, mas poderiam perfeitamente ser de Abril.
Purificam o ar de Lisboa, advertendo-nos que o verão partiu e que mais um ciclo se inicia.
Chegadas e partidas, despedidas e reencontros.
Nas mãos, um ano novo a ponto de se tornar naquilo que esperámos, naquilo que desejámos e não deixámos morrer na areia...

sexta-feira, setembro 22, 2006

E porque não?


"People in love they're fast and foolish
People in love get everything wrong
People in love get scared and stupid
People in love get everything wrong ..."



The Feeling, " Never be Lonely"

quarta-feira, setembro 20, 2006

Era uma casa muito engraçada


Apesar destes não serem os teus jardins, anseio pela visita ao novo "cantinho" da Invicta.
Um grande beijinho cheio de saudades para a minha amiga nortenha.

terça-feira, setembro 19, 2006

Regresso às aulas



No El Corte Inglés de Lisboa ( mais uma vez cenário de crónicas!), encarregados de educação dos futuros cérebros de Portugal enfrentam, diariamente desde o dia 1 de Setembro, a guerra mortal da corrida ao material escolar.

Qual guerra fria, o mundo escolar oscila entre dois pólos: os que compram no Continente (coitadinhos!) e os que adquirem belos espécimens de Carandache e Moleskines no El Corte.

A tabuada do Ratinho deu lugar às calculadoras gráficas; a tinta da china, borrosa e incómoda, foi substituída pelas canetas assépticas e de design elegante; os livros encomendados à D. Jesus da papelaria do bairro passaram a constar de listas de encomendas que, pese embora padronizadas e de preenchimento fácil, não revelam eficácia nas semanas de azáfama de Setembro. Se não é a editora que não envia mais remessas de livros, é um extravio da lista depositada nos primórdios de Junho ou um ligeiro atraso no fornecimento.

Procura-se o mais caro e não necessariamente o melhor.

As carteiras dos pais tornam-se fundas para prover a educação do menino que não soma 3 mais 3 e julga que os “Maias” são um jogo de computador.

Por detrás das mamãs ocupadas na escolha dos melhores guaches, esconde-se a menina que diz palavrões à empregada que procura aconselhá-las devidamente.

As professoras vingam-se com caprichos consumistas, as contas do El Corte engrossam e, na televisão, por vezes encontramos a Ministra da Educação a tentar minorar as falhas na colocação dos professores neste ano lectivo (diga-se, com um esforço épico, mas fracassado) e Marques Mendes a sugerir um plano individual de estratégia e gestão para cada escola, como forma de premiar o mérito próprio.

Os meninos não se importam, nem têm que fazê-lo.

Querem o ipod, as calças da Miss Sixty e o telemóvel com 2.5 megapixels e bluetooth .

E ao fim de uma semana de aulas, nas costas da mamã e com a conivência das professoras, deixam esquecidos os guaches e a calculadoras gráficas nos soalhos da escola, enquanto enviam mais um sms à amiga “mais kida k existe”.

sexta-feira, setembro 15, 2006

I Do!



E é já amanhã...

Um beijinho aos meus queridos!

"Amor, cuántos caminos hasta llegar a un beso,

qué soledad errante hasta tu compañía!

Siguen los trenes solos rodando con la lluvia.

En Taltal no amanece aún la primavera.

Pero tú y yo, amor mío, estamos juntos,

juntos desde la ropa a las raíces, juntos de otoño, de agua, de caderas,

hasta ser sólo tú, sólo yo juntos.

Pensar que costó tantas piedras que lleva el río,

la desembocadura del agua de Boroa,

pensar que separados por trenes y naciones

tú y yo teníamos que simplemente amarnos,

con todos confundidos,

con hombres y mujeres,

con la tierra que implanta y educa los claveles. "

Pablo Neruda

quinta-feira, setembro 14, 2006

Domingueiros

Aguardam pela chegada do "SOL", enquanto devoram os Dvd´s do Expresso...

Insensatez

A insensatez que você fez,
coração mais sem cuidado
Fez chorar de dor, o seu amor,
um amor tão delicado
Ah, porque você foi fraco assim,
assim tão desalmado
Ah, meu coração quem nunca amou,
não merece ser amado
Vai, meu coração, ouve a razão,
usa só sinceridade
Quem semeia vento, diz a razão, colhe sempre tempestade

Vai, meu coração pede perdão,
perdão apaixonado
Vai porque quem não, pede perdão, não é nunca perdoado...


Antonio Carlos Jobim - Vinícius de Moraes

terça-feira, setembro 12, 2006

International Trade and Business Law


Ou a apologia da Chapa capitalista...

segunda-feira, setembro 11, 2006





Despediam-se do actual estado civil com um sorriso gigantesco estampado e com os olhos esperançosos num futuro, inacreditavelmente, próximo.
No final, todos brindaram e, de certa forma, se despediram de mais um capítulo que terminava.
Com saudade, naturalmente, mas com a tranquila satisfação de que a mudança era para melhor.

Um brinde aos noivos!

quinta-feira, setembro 07, 2006

Penso, logo existo..



Questionada acerca da festa Lux/Tvi, Cinha Jardim, resplandescente como sempre, não hesitou em classificar a referida festa como um dos melhores eventos do Verão de 2006.
Citando a musa dos tablóides portugueses :

"Como sabe, eu sempre gostei imenso de festas. Principalmente festas destas, com noites fantásticas como a de hoje. Não há dúvidas de que Deus existe e é português!"

Eis que Cinha, peremptória e confiante, põe fim à dúvida que atormenta a Humanidade desde os primórdios: ele existe, é português e chama-se Evaristo!

quarta-feira, setembro 06, 2006

O porquê da blogosfera?

Numa leve investida ao balcão de revistas do “El Corte”, folheei a revistas de todos os géneros: novelescas, cinematográficas, de viagens, de culinária, de moda... enfim, toda a panóplia do costume com a qual mergulho em tempos de ócio.
Hoje, porém, os olhos caíram-me para a revista de letra côr-de-laranja que procura dar-nos respostas para as questões existenciais do dia à dia.
Falo, pois, da revista Psicologia, famosa pelas dicas "eu-sei-a-solução-para-todos-os-teus-problemas” e pelas suas capas povoadas por jovens actores em ascensão.
O que me chamou a atenção não foi a sorridente Madalena Brandão e a sua pose descontraída ( que, diga-se, faz indiciar tudo menos uma eventual necessidade de se sentar no divã da terapia), mas sim um destaque azul escuro no canto inferior esquerdo: “O porquê da Blogosfera?”
Ávida de curiosidade e divertida com a antevisão de uma análise séria e aborrecida dos “doutores da mente”, escancarei, sem pudor, a revista na página 46.
Porém, sempre se dirá que a leitura grátis no Corte Inglés não é, propriamente, olhada com bons olhos, pelo que a minha leitura foi superficial e apressada e, consequentemente, este post de azedume corre o risco de ser injusto.

Ora bem, descobri que Portugal é o segundo país no ranking dos países com o número mais elevado de blogs per capita, que todos os dias centenas (quiçá milhares) de portugueses publicam os seus mais íntimos pensamentos em frases ora bem estruturadas, ora medíocres ora demasiado apressadas que à partida não deveriam despertar tanta curiosidade.
Tal não causa perplexidade, independemente dos juízos de valor subentendidos.

Todavia, eis que sou confrontada com um dos principais parágrafos do antigo, o qual termina com a equiparação dos blogs às portas de casa-de-banho nos tão queridos anos 90, enquanto meios de desabafo e de partilha de pensamentos íntimos, concluindo o autor da peça que estas foram por aqueles superadas no sec. XXI.
Assaltada por imagens elucidativas de verdadeiros momentos de aflição, recordei os números de telefone da “Cátia” que “loves” o “Nelson” e da Sandra que, à distância de um telefonema, “faz tudo e sem vergonha”
Enquanto bloguista orgulhosa, custa-me a aceitar a equiparação da blogosfera às mensagens hieroglíficas e de teor pornográfico às quais fomos acostumados nesses locais de charme que são os WC´s públicos (Which reminds me, de uma questão existencial que me atormentou durante a adolescência: quem é que passa tempo suficiente numa casa-de-banho pública, dispõe de um marcador e consegue inspirar-se ao ponto de escrever sequer o seu nome?).

Salvo o devido respeito, não posso concordar com tal singelo pensamento conclusivo e, de certa forma, ofensivo.
Em primeiro lugar, porque a blogosfera não eliminou, de vez, as mensagens escrevinhadas nas portas das casa-de-banho.
Elas continuam presentes e a multiplicarem-se por esse país fora. ( Ou talvez tal se deva unicamente à ignorância do poder de difusão da internet por parte dos seus autores!)
Acresce que poucos serão os bloguistas que não se ofenderão face a uma afirmação daquele teor.
Afinal, segundo a análise psicológica constante na já referida revista, os blogues não passam de meios de catarse para os seus autores e devem ser lidos, de preferência, na casa de banho, tal como se de uma mensagem marcada com uma navalha se tratasse.
Ironias à parte, o que nos distancia (ou aproxima) dos psicólogos é esta mania danada de catalogar, analisar e questionar tudo.
Escrevo porque sim, tenho um blog porque me entretém, leio os dos outros porque gosto.
Egocêntrica? Problemática? Necessitada de terapia? Talvez. Nos dias que correm, quem não reúne todos estes requisitos? Deveria ir grafittar a minha mensagem numa parede? Ou escrevinhar a minha percepção da cultura em Portugal numa porta de casa-de-banho do Colombo?
É que, no final, quem lê aquele trecho do artigo, é levado a concluir que eu, juntamente com os outros milhares de “homemade publishers”, só temos blogs porque as portas das retretes públicas não dispõem de espaço suficiente para tanta produção intelectual!

Sentaram-se no chão sujo do recinto, a aguardar que o concerto começasse.

As músicas, sabiam-no, iriam despertar recordações que nem os próprios tinham consciência de que ainda transportam.

Quando os acordes invadiram o ar, os dois, perdidos na multidão que extasiada cantava as letras da adolescência de todos, o fosso da distância surgiu, pela primeira vez, sem se fazer anunciar, sem que algum deles se tivesse preparado para tal.

Pese embora a mesma banda sonora os tenha acompanhado até àquele dia, o percurso de cada um tinha, um dia, sido tão distinto.

E eis que essa verdade, de forma nua sem pudor, se revelava aos olhos deles através da música.

Não falaram, pois as palavras, naquele momento e perante aquelas emoções, poderiam parecer supérfluas.

Voltaram para casa e nenhum ousou mencionar o silêncio daquela noite, possível algures no meio de elevados decibéis e dos gritos de milhares de pessoas.

segunda-feira, setembro 04, 2006

É bom saber...



que dentro de duas horas volto a ter 16 anos.

Depois da tempestade


Vem a bonança;
Vêm as noites bem dormidas;
O bronze;
A cerveja gelada;
Os fins-de-tarde inesqueciveís e a Costa Vicentina quase só para nós...