terça-feira, outubro 31, 2006

Horóscopo do Dia

Aos nativos de caranguejo:

"Experimente um novo passatempo, como enrolar as suas próprias salsichas. Vai fazer novos amigos de certeza!"


Quando nada parece fazer sentido... eis que a astróloga Andreia Gaita (jornal "Metro") nos consegue elucidar acerca do rumo a seguir.

The innocent victims of Internet child abuse cannot speak for themselves.


E que tal acender uma vela?

domingo, outubro 29, 2006

Se Maomé não vai ao Aya,




O Aya vai ao Maomé
(ou o lema Do It Yourself)

Un raio de sol

Dias de sol no Outono clamam por passeios com mar à vista, por esplanadas confortáveis, por caminhadas na areia fresca e semi esquecida do verão que ainda teima em se despedir.
Em Lisboa as alternativas para um dia como este consistem em rumar em direcção à Caparica ou à linha do Estoril ou, para almas menos sensíveis à contemplação outonal, ao Centro Comercial Colombo.
Pretendo escapar aos corredores consumistas, a escolha para o almoço recaíu na Marina de Oeiras, local à partida simpático e com cheiro a maresia.
Espirituosos como todos os domingueiros antecipados, chegam à Praia da Torre desejosos por uma boa espreguiçadeira, um almoço leve e uma leitura tranquila dos livros cujo saber , de facto, não ocupa lugar durante as apressadas semanas.
Porém, o sonho rapidamente se desvanecia.
Esplanadas cheias, restaurantes fechados, serviços demorados ou mesmo inexistentes.
Após duas semanas de chuvas intensas, no momento em que o sol regressou à cidade da luz (leia-se da luz e não de luz!?), a boa intenção de desfrutá-lo juntamente com uma boa refeição torna-se uma verdadeira missão impossível.
O que só por si poderia consubstanciar uma simples situação de infortúnio, caso este não fosse um cenário repetitivo em Portugal: temos a costa, mas não sabemos explorá-la; embelezamos os estabelecimentos, mas não sabemos geri-los; temos a esplanada, mas a cozinha apresenta atrasos de 2 horas enquanto os empregados, displacentes, respondem “É que hoje, por causa do tempo, temos tido muita gente, percebe? Não damos conta do recado.”
Esta conversa, porém, não só não justifica a mediocridade do atendimento, como não serve de desculpa num país onde o sol brilha quase 300 dias por ano e os serviços não são nem satisfatórios nem profissionalmente cumpridos.
Ainda a propósito, recorde-se o tempo médio de confecção de um hambúrger num restaurante de praia ou das contas (inflacionadissimas) que sempre teimam a chegar.
Cansados, mal alimentados e com pouca leitura em dia, regressam os lisboetas ao bulício da capital, deparando-se com uma marginal paralisada por outros tantos que procuraram a tranquilidade do oceano e se depararam com o cenário caótico daqueles que gerem a costa.
Mas o lisboeta não reclama; o português não reivindica, não exige os seus direitos. Os turistas são enganados e a qualidade torna-se supérfula.
E na mentalidade que não muda, o que importa é termos dias de sol e o resto que se dane!

quarta-feira, outubro 25, 2006

Capítulo um

“Deixemo-nos de realidade porque a ficção é mais bonita.”, pensara ele ao rever a fotografia que, amarelecida, apodrecia na gaveta da secretária.

“A ficção é mais maleável, mais definida, um ror de possibilidades para um final feliz.”, dissera-lhe ela no último dia em que falaram.

Conheceram-se porque assim o ditou o destino.

Apesar de, à partida, terem contribuído muito pouco para o curso de vida de cada um deles tudo parecer disparatado. Se assim não foi, pelo menos, no início assim parecia.

Partiram sem de despedir, sem se justificar, atribuindo à história um carácter inacabado, infinito, um open end dúbio que mantinha vivo aquele episódio efémero.

Não se podiam apelidar de amigos, não cresceram juntos nem procuraram fazer crescer o ténue laço que, momentaneamente, os uniu.

Mas partilhavam aquele momento, aquele momento que agora não tornavam real mas quase que aceitavam como ficção.

Tal grau de perfeição não poderia existir na tábua rasa da existência quotidiana.

E se tudo se tivesse realmente passado, como poderiam continuar a viver, sabendo que um dia tinham sido felizes?

terça-feira, outubro 24, 2006

Cristóvão Colombo, igualmente famoso pela descoberta das Américas e pela incógnita do seu local de nascimento, foi ontem homenageado em Cuba do Alentejo.

Aparentemente, a eterna rivalidade entre a origem espanhola e a origem genovesa do descobridor foi ultrapassada pelo povo da vila de Cuba do Alentejo que não só é peremptório em afirmar que Colombo é filho da terra, como uma estátua foi erguida em sua honra.

Resta saber se um destes dias Famalicão reinvindicará a naturalidade de Obikwelu que afinal de contas e contra todas as expectativas e sotaque, não nasceu na Nigéria mas sim no Gavião!

segunda-feira, outubro 23, 2006

Marie Antoinette



Talvez tenha sido impressão minha, mas saí do cinema com a sensação de que Sofia Copolla não quis fazer um filme acerca de Maria Antoinette.

O cenário é Versalhes, a roupa e as perucas meticulosamente escolhidas, a pompa e a circunstâncias adequadas à época, o retrato da inércia e da frivolidade sublimes.

Pese embora o título, pareceu-me que o enfoque do filme, mais do que a narração da vida de uma personagem histórica mundialmente conhecida, não caindo na monotonia de um relato já esgotado e tradicional da sua biografia, optou por indirectamente e através de uma caracterização arrojada do ambiente, nos fazer sentir o total alheamento de Versailles e da sua corte face a um país que então morria à fome, que miseravelmente se arrastava na lama, enquanto os dinheiros públicos satisfaziam os caprichos de um princesa que não queria ser Rainha e de um príncipe que não soube ser Rei.

As festas e a ociosidade, os hábitos e o ambiente viperino, tais como retratados pela lente modernista de Sofia Coppola, parecem não pertencer ao sec. XVIII, mas tratarem-se de transposições dos ambientes mundanos dos nossos dias, o que não só nos pode levar a questionar a factualidade histórica retratada no filme, como, simultaneamente, ir um pouco mais longe e concluir que há relações sociais que se mantêm inalteradas ao longo dos séculos.

Pela forma como foi realizada, Maria Antoinette permite-nos entrar no submundo, quase autista, da rainha decapitada mais famosa da história, permite-nos esquecer por momentos a vida para além do hedonismo e da futilidade, permite-nos conhecer Versailles no seu pior e melhor.

Contrariamente às críticas apontadas, a banda sonora além de fantástica, enquadra-se ironicamente bem no ambiente e dá mais um toque de singularidade a este filme de Sofia C. que, tal como os anteriores, nada deixa a desejar e se recomenda vivamente.

domingo, outubro 22, 2006

The Sentinel



O momento pipoca e coca-cola da semana passada ou "O dia em que Michael Douglas quis encarnar o Jack Bauer e o Kiefer Sutherland deixou."

sábado, outubro 21, 2006

Finais de tarde na Av. Miguel Torga

Chuva miudinha.
Chá de cidreia.
Sala alumiada pelo candeeiro de secretária.
Miles Davis a tocar.
Em mãos, um livro, não tão interessante, mas obrigatório.
Lá fora... três travagens bruscas, duas colisões e mais um peão que escapou, milagrosamente, à morte.

terça-feira, outubro 17, 2006

Marriage has been facing more competition

Afinal somos muitos os que "não nos misturamos."

Má língua

Soube de antemão que o semanário "Sol" adoptaria um formato mais próximo dos tablóides, quando comparado com o rival e mais sóbrio "Expresso".
Pareceu-me estranho, tendo em conta o seu director, mas se dúvidas existiam as mesmas desvaneceram-se na primeira página da edição desta semana.
Sob o título "Entrevistas Improvisadas" (mais do que apropriado!!!), Paula Teixeira Pinto foi questionada, a seco e sem rodeios, se já havia fumado um charro.
Não satisfeito com a resposta negativa, insistiu o jornalista: "Nem sequer uma passa?"
"Não.", respondeu Paula, sem mais acrescentar.
Assim, foram lançados os primeiros tiros entre muitos outros , igualmente, pouco certeiros que pautaram uma entrevista pouco lógica, sem uma linha de raciocínio coerente, demasiado coloquial e despropositada.
Improviso é uma coisa, desleixe é outra totalmente diferente.
Pela primeira vez, as respostas "secas" da entrevistada conseguiram transmitir ao leitor de fim-de-semana a pouca química existente entre esta e o entrevistador, coisa que, por mim, jamais havia assistido ( excepcionando-se, obviamente, os debates dos anos 90 conduzidos por Margarida Marante).
Apesar da crítica, duas coisas me atormentam a mente:
Porquê tanta entrevista a Paula Teixeira Pinto nos últimos tempos?
O que é que nos interessa se a senhora nunca fumou um charro ou nunca apanhou uma bebedeira de caixão à cova?
É que entrevistas como esta, pouco ou nada abonam a favor desta "aborrecida" advogada.
E muitissímo pouco abonam a favor do "Sol" que se diz ser sério.

This is not a love song

Nem tudo o que luz é ouro.
Nem tudo o que escrevo corresponde a episódios precisos da minha vida.
Se o intuito deste espaço fosse torná-lo um diário intimista, não só a minha agenda perderia a minha razão de ser, como a ideia de partilha seria, exageradamente, aplicada.
Após dois anos, sinto que perdi a capacidade de classificar o conteúdo destas linhas. De enquadrá-lo numa categoria de directórios de bloggers: Pessoal? Cultural? Generalista?
Posts sérios dão lugar a posts divertidos e irónicos, do tom lacónico passamos a ataques incisivos, de momentos verídicos a divagações alucinadas de brainstorming compulsivos.
As minhas linhas, nem sempre, devem ser levadas a sério. Nem tão pouco se deve acreditar muito no espirito que elas emanam.
São fragmentos...não mais que isso.
Por vezes derivam, por vezes são certeiros, por vezes apenas do faz-de-conta.É que, por vezes, a realidade pode tornar-se tão desinteressante...

domingo, outubro 15, 2006

Ainda a propósito da festa

(...) O próximo passo foi dirigir-nos à festa Retro 80's – no ginásio do Ateneu Comercial de Lisboa. Mais de meia hora de espera para entrar, uma festa pirosa, num ginásio (?!), com decorações foleiras e passagens de música duvidosas. Mas foi uma MARAVILHA! Era mesmo o ambiente de que eu estava à espera. Foram três horas muito bem passadas (e bem regadas - com imperiais a 80 cêntimos). Ouviu-se The Smiths, The Cure, Human League, Madonna... Até António Variações! Estarei ansiosamente à espera da próxima festa do género (...)

in
Muzik4themasses.

Não seria isto que estava a fazer falta na noite de Lisboa? Uma alternativa ao caríssimo Lux e à bimba Kapital? Ginásios iluminados com projectores putrefactos, a bola de cristais em vez dos vj´s, a imperial a 80 cêntimos e canções que, realmente, conseguimos soletrar?

Just a thought on a raining Sunday afternoon...

Ontem, no Ateneu,



regressámos, sem pudor e com muita lycra à mistura, a 1987. Ou seria 1988?
Não sei... mas muitos foram os que esperaram pelo pequeno "walk on memory lane"e se renderam ao som do ginásio mais retro da noite de Lisboa.
E diz , quem viu, que o Morrisey andou por lá...

terça-feira, outubro 10, 2006

segunda-feira, outubro 09, 2006

Combinado!


Dia 5 de Novembro, no Coliseu, pendurada na galeria, a sorrir embevecida...

Water


Já cativadas por quase duas horas de belíssimas paisagens e da disputa entre uma tradição cruel e uma tocante história de amor, eis que fomos surpreendidas por um final surpreendente e emotivo, quase que desenquadrado da Índia daqueles dias e, provavelmente, de muitos locais da Índia actual.

Desprevenidas, não fomos capazes de conter as lágrimas e as mãos trémulas apressaram-se a secar os vestígios de comoção. Afinal era só mais um filme...apesar da história não ser tão fictícia quanto se gostaria.

“Water” traz-nos o relato da situação das viúvas na Índia, onde crianças vítimas de casamentos “combinados” vêem as suas vidas, abruptamente, interrompidas pelas mortes dos maridos que, em muitos casos, não recordam existir ou com os quais ignoraram ter algum dia casado.

De acordo com a escrituras de Manu, uma viúva tem três opções: ou se atira para a pira onde arde o corpo do marido defunto e acompanha-o na viagem para a eternidade; ou vive em reclusão, mantendo-se o mais pura possível para poder alcançar a “pureza na eternidade” e voltar a reunir-se com o marido ou, caso os familiares assim o consintam, poderá casar com o irmão mais novo do defunto.

Durante duas horas somos introduzidos aos maus tratos, à solidão, à negação de todos os prazeres e à ausência de dignidade que pautam a vida das mulheres cujo infortúnio foi ditado pela morte dos respectivos cônjuges.

Independentemente da idade, da vontade ou da existência de leis que lhes permitiam uma existência totalmente distinta.

A Índia nos tempos de Gandhi e do advento das suas ideias, os últimos anos antes da independência, o despotismo dos brâmanes, os antagonismos das tradições, a crueldade das infâncias desperdiçadas, a fé e o peso dos costumes, em contraste com os ditames do coração, são os ingredientes que fazem deste filme, provavelmente, um dos melhores deste ano.

sábado, outubro 07, 2006

Dia 14 de Outubro

No Paradise Garage, pela módica quantia de 25,00€ :



Nouvelle Vague

Tardes sem vento

sexta-feira, outubro 06, 2006

Let me tell you something about lawyers


Cinzentos os estagiários que percorrem as salas dos juízos criminais de Lisboa.

Mais cinzentos ainda os que já terminaram o estágio e arrastam-se no limbo que conduz até à maravilhosa cédula encarnada. Amarelados? Roxos da espera? Macilentos do penar?

Nos tempos livres, contentam-se com uma miserável folha amarelada que deixou apodrecer na carteira e serve de substituta à maravilhosa célula provisória.

A espera amarga que os conduz à certificação que lhes permite desempenhar a profissão mais censurável do mundo: ser advogado!

E tanto esforço para quê, afinal?

Franzem-se sobrolhos quando este seres indefinidos anunciam, publicamente, a sua ocupação; um misto de pena e repugnância domina a cara dos interlocutores.

O mais antigo estigma da humanidade ainda se faz sentir: os advogados são todos uns vigaristas e não há reforma da justiça ou (des) Ordem que altere esta condição.

Seres de moral duvidosa, defendem tudo e todos a troco de uns euritos no bolso, conduzem Mercedes e passam férias em Cuba.

Seres impávidos que não perdem a postura na sala de audiência, seres com as mãos manchadas pela desgraça alheia, disfarçadas pelo perfume caro comprado com os honorários cobrados.

Seres que, simultaneamente, despertam o temor de quem não entende o seu jargão e colocam os demais na posição incómoda das opiniões indelicadas.

Esquecem-se, porém, do lado real que se esconde por detrás da toga.

Os advogados de hoje, passaram por 5 anos de entediantes sessões em anfiteatros húmidos, onde a voz de deuses do Direito impunham, por vezes, a sua injustiça, provavelmente dominados pelo ímpeto pedagógico de colocar os futuros advogados na posição dos futuros arguidos que terão de representar na barra.

Como em todas as profissões do mundo, temos os incompetentes e os que não o são, os responsáveis e os desleixados, os dedicados e os apaixonados, os que dormem descansados e os que se mantêm em vigília involuntária, os que se enganaram no percurso e confundiram o gosto pela prevaricação com uma nobreza de uma defesa (legítima ou nem tanto!).

Comparando os advogados com os médicos, custa-me aceitar as diferenças que a sociedade, em geral, aponta a estas duas classes.

Alto grau de responsabilidade, esforço, longas horas de estudo e muitas noites mal passadas.

Se a questão passa pelo preconceito dos advogados terem uma especial predilecção pelo dinheiro, talvez a única diferença passe pelo facto da maioria deles passar os primeiros 2 anos da sua vida profissional sem receber um tostão e , claro, o que não se tem é o que, necessariamente, mais se deseja.

Acresce que seria hipócrita considerar que só os advogados gostam de dinheiro. Feliz andaria o mundo se assim o fosse.

E não serão bem pagos os honorários daqueles que resolvem os problemas alheios?

Refira-se, ainda, que quando a coisa corre mal, o advogado é o vigarista, o aldrabão incompetente causador do infortúnio.

Quando o panorama fica negro para o médico, a culpa não é mas de Deus que assim o quis. Ámen!

Este discurso apologético dos advogados não pretende minorar os actos danosos praticados por alguns desta classe.

Inserida no meio, sou a primeira insurgir-me contra a classe.

Porém, decorrido tanto tempo e de uma forma bizarra, apercebo-me de que de certa forma acabo por nos considerar uma família: não a podemos escolher, por vezes até nos causa embaraço e dificuldades, mas só nós a podemos criticar!

quinta-feira, outubro 05, 2006

Nesta última semana

Qualquer semelhança com a vida real será pura coincidência...

segunda-feira, outubro 02, 2006

The wedding season

É oficial. Chegou ao fim.

domingo, outubro 01, 2006

Y así pasan los dias... y así se pasó un año...



I carry your heart with me

I carry your heart with me( I carry it in

my heart)

I am never without it (anywhere

i go you go,my dear; and whatever is done

by only me is your doing,my darling)

I fear no fate(for you are my fate,my sweet)

I want no world (for beautiful you are my world,my true)

And it's you are whatever a moon has always meant

and whatever a sun will always sing is you

Here is the deepest secret nobody knows

(here is the root of the root and the bud of the bud

and the sky of the sky of a tree called life;which grows

higher than the soul can hope or mind can hide)

and this is the wonder that's keeping the stars apart

I carry your heart (I carry it in my heart)

E.E Cummings