Despedidas
Não gosto de despedidas, do sabor acre que deixam na boca após a insatisfação das palavras que não foram ditas, das lágrimas que orgulhosamente não soltei, do apressado e tímido abraço que acompanha o “vamos falando”.
Não gosto de me emocionar com os acontecimentos menos maus da vida, já que nos outros encontro a legitimação que a felicidade não acarreta e me faz sentir patética.
Não gosto da viagem até ao aeroporto. Muito menos ainda de não ser eu a passar a barreira das partidas.
Sempre achei mais fácil partir do que ficar, ainda que a certeza da rotina possa parecer mais tranquilizante e enfrentar o desconhecido possa revelar-se terrifico.
Não gosto de despedidas, tenho dito! Fico cansada de não dizer o que quero, de pensar demasiado no que gostaria de ter dito.
Talvez por não saber estar à altura das situações, talvez por não querer confrontar a separação, sinto o incómodo e o embaraço que se repete a cada “adeus”, a cada separação, a cada mudança.
Qual criança, fujo para casa, inerte e absorta em pensamentos pragmáticos que não deixam espaço a nostalgias precoces.
Mas, ao recordar aquele momento, ainda que o proferido adeus possa não ter sido sentido, a saudade lusitana, dá um ar da sua graça, advertindo-nos que ela não parte nem se despede ... fica para sempre!
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