Seria bom que os episódios da vida fossem acompanhados por uma banda sonora apropriada; por melodias oportunas, capazes de despertar emoções e substituir os diálogos.
Que o que os olhos quisessem dizer, os acordes expressassem melhor; que o que não devesse ser dito acabasse esquecido em sons agudos e que o que sobrasse por dizer perdurasse em pianíssimo.
Que as manhãs tivessem a energia do samba, os finais de tarde o batuque de Jemaa el-Fna e as noites guitarradas andaluzas.
Repetidamente contentamo-nos com o ruído dos telefones, o som estridente das campainhas, a pressa das buzinas.
Não podendo este ser o cenário, no meu mundo imaginário perfeito, os dias de cólera seriam substituídos pelos sons dissonantes e, antagonicamente, relaxantes do jazz.
Pausas, acelerações, suavidade e caos.
Dissonâncias sem palavras... sem a força invisível das palavras.
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