Vocações
O Tribunal da Relação havia proferido acórdão no sentido de se repetir o julgamento.
As mesmas caras, a mesma sala, uma época do ano diferente.
Do colectivo inicial, nem sinal. O actual, aborrecido, mas atento; cansado dos repetidos argumentos, inconscientemente influenciados por juízos previamente formulados.
Na rua, um sol glorioso, o chilrear os pássaros, a antagónica sensação de que a vida, para além das janelas da Boa Hora, continua o seu curso normal, continua pacífica para aqueles que não se sentam na primeira fila.
No ar, o aroma das sardinhas que se anteciparam a Junho, o ambiente de arraial e a vontade de férias, pese embora não se justifiquem, são sempre bem-vindas.
Falta de vocação, senti por instantes.
Falta de chamamento, apercebi-me.
Perante ilícitos com molduras penais compreendidas entre os quatro e os doze anos, constatei, com alguma tristeza mas sem qualquer surpresa, que o meu único pensamento, naquele instante, centrava-se, unica e exclusivamente, no Santo António...
1 comentário:
Somos iguais!
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