Recordações dos anos 90...
Ontem, numa conversa com um sinistro sabor a Kebab, discuti com uns “recém amigos” o facto de hoje em dia praticamente não se fazer boa música.
Contam-se pelos dedos das mãos os álbuns que nos últimos 5 anos podemos considerar de qualidade.
Escasseiam cada vez mais os “grandes” concertos em estádios, realizados por grandes bandas que acabam por marcar não só um país, mas toda uma geração à escala mundial.
Uma grande banda não se limita apenas a arrastar multidões consigo, mas é aquela que produz espectáculos inesquecíveis ( jamais esquecerei U2 em Alvalade!) e que tem álbuns que se ouvem non stop ao longo dos anos sem que nunca nos fartemos.
Por exemplo, a geração do meu irmão, que é apenas 4 anos mais nova do que a minha, não viveu nada deste entusiasmo frenético dos grandes músicos, dos grandes nomes, dos espectáculos megalómanos.
Tiveram azar os coitados , que foram apanhados nas malhas da fast music: R & B made in the states, cantores de plástico, vozes computadorizadas e músicas fastidiosas que após um mês já não aguentamos ouvir.
Elevam-se as vozes contra a pirataria das músicas, contra mp3´s do kazaas, imesh, e B-tuga, mas sinceramente, quando julgo que um artista merece o esforço despendido, quando considero que se trata de uma obra de qualidade, não hesito em comprar o original.(Aliás, seria para mim um sacrilégio fazer cópia dos cd´s de certos autores.)
A conversa de ontem despertou em mim uma enorme nostalgia: do tempo em que a oferta de concertos em Portugal era escassa, mas na maioria dos casos de boa qualidade, da azáfama de comprar os bilhetes, do rumo nervoso a Alvalade com as sanduíches na mochila, o arrepio ao ouvir os primeiros acordes...
Graças a Deus que Janeiro está quase aí e os REM regressam...
Espero que Julho chegue rápido para ver os U2 novamente em Alvalade...
Agradeço ao Senhor pelo Super Bock e Sudoeste...
1 comentário:
Tens razão. Mas não é só com a música. Antes coleccionava-se memórias - que vinham da vida, dos livros, da música - coleccionava-se pessoas até, porque se imaginava que algum tempo da nossa vida seria dedicado mais tarde a recordá-las. Cedo descobrimos que não dispomos, afinal, desse tempo. E então deixámos de coleccionar. Preferimos consumir. É a era do mp3, do e-mail e do messenger. Porque nos desinteressamos do passado e porque não temos tempo para o futuro, agarramo-nos ao presente. O que vem também vai e até com maior facilidade do que aquilo que se pensa. Dispomos do que não nos custou ter, ou seja, do que não tem para nós valar. E agora tenho de ir ter com o Chino.
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