O português tem uma forma muito peculiar de esar a na vida e lidar com as surpresas que a mesma lhe reserva.
Quem tira horas de sono ao português , tira-lhe parte da alma, coloca-o num estado de irritação e perturbação que só o Prozac resolve.
Por isso, ao português parece-lhe ilógico iniciar o seu dia de trabalho mais cedo e terminá-lo a horas convenientemente estabelecidas, de forma a que possa manter uma vida mental e emocionalmente estabilizada.
Por exemplo, na Dinamarca o dia laboral começa ás 8 da manhã e termina ás 16.30.
´"Coitados!", pensa o português, "Com aquele frio e sem ponta de sol, ás 16.30 da tarde devem sentir que é meia-noite".
Esta é uma situação perfeitamente inaceitável para o português.
Quer dizer, terminar o dia de trabalho às 16.30 da tarde é o sonho de qualquer prtuguês e na prática , muitos terminam a essa hora qualquer tipo de actividade laboral que se encontrem a executar.
Mas, obviamente, não se dirigem ás suas casas: vêem os mails, falam com a colega do lado, vão tomar um, dois ou três cafézinhos à pastelaria da esquina, aproveitam para ligar a familiares e a amigos a partir do telefone da empresa...uma maravilha!
E eis que são 19 horas, o portuga entra em stress porque não fez quase nada a tarde toda e inventa um qualquer tarefa importantíssima, que poderia ter sido realizada calmamente toda a tare, mas que por opção, será realizada no espaço de uma hora e sem grande dedicação.
Com tanta conversa, o relógio marca 20 horas , uma hora perfeitamente legitima e socialmente aceitável para ir para casa, onde o portuga reclama por falta de descanso e pelo facto de não ter tempo para nada.
Obviamente que ao recordar-se das 16.30 dinamarquesas, o português inveja esse povo nórdico até mais não poder. Esquece-se porém, da contrapartida das oito da manhã e do almoço de sanduíche ao balcão.
Outro fenómeno curioso do português é a sua hipersensibilidade ás temperaturas baixas. Quem não conhece uma ou duas pessoas que durante o inverso desaparecem e não são vistas por ninguém, porque hibernam devido ao frio ? (Como se 12 graus fossem insuportáveis!)
Basta que Março nos traga uns raios de sol e temperatura suba dois ou três graus e é ver os portugueses na rua a acompanhar as multidões de turistas que entretanto já acreditavam que os portugueses ou não viviam em Portugal ou são tímidos e fechados que se recusam a abandonar o lar.
Mas o melhor fenómeno português, é a atitude perante brindes ou quaisquer tipo de oferendas grátis.
Pegue-se por exemplo na campanha do PS nas legislativas do mês passado.
Vi filas de pessoas em elevado estado de excitação, a aguardar um cachecol ou um saco de plástico, que nunca mais vão utilizar, cuja utilidade é diminuta. Mas lá está, é borla é bom e o Tuga não deixa escapar nada grátis.
Enfim, somos de fato uma raça muito peculiar, mas temos o nosso charme.
A nossa forma provincial de exercer o poder, a lógica do mais vale sê-lo que parecê-lo, o não faças hoje se o podes fazer amanhã e o modo despreocupado com que nos desculpamos, projectando a nossa quota-parte de responsabilidade pelos nossos infortúnios para terceiros: para o governo, para os governantes, para a união europeia e outros tantos que, segundo o verdadeiro e peculiar português, apenas contribuem para os dificultar ainda mais a vida.