De se lhes tirar o chapéu
Só hoje me apercebo, do quão admiráveis são aquelas pessoas que dedicam a sua vida a trabalhar para melhor servir os idosos.
Aqueles que com gestos simples e um sorriso nos lábios, tentam dar alguma dignidade e brilho aos últimos dias da vida de alguém.
No fundo é disto que se trata: de gestos simples, mas tão difíceis de executar.
Porque não temos tempo, porque nos inibimos, porque as suas birras são ironicamente demasiado infantis, porque os seus odores nos incomodam, porque as suas rugas, qual prenúncio de futuro, nos inquietam.
As idas a lares de idosos são deprimentes e inquietantes.
Transportam-nos para inevitáveis viagens no tempo, conduzem-nos a especulações acerca daqueles corpos cansados e curvados que, sofregamente nos observam e procuram para conversar.
Mas até as suas palavras soam inconvenientes, as suas mãos engelhadas e trémulas impelem-nos para longe; o tempo parece parar.
Queremos fugir, queremos esquecer, queremos fechar tranquilamente a porta do lar e ir rapidamente para casa, esquecer que um dia aquele poderá ser o melhor final que poderemos almejar.
Num desses momentos apercebi-me do quão mais fácil é amar e cuidar de uma criança, tocar e consentir uma pessoa jovem.Admiráveis são aqueles que o conseguem fazer igualmente com os mais velhos, aqueles que ao contrário de mim, não temem a velhice e conseguem conviver quotidianamente com ela.
1 comentário:
Como tens razão...infelizmente é mesmo assim ... hoje no dito cujo Dia Mundial da Criança (nunca percebi muito bem isto de arranjar um dia mundial/nacional para o que quer que seja,pois parece que só nesse dia se olha para as coisas, mas talvez a nossa sociedade precise disso mesmo)... dou-te os parabéns por falares nos mais velhinhos!Uma sociedade caracteriza-se também pela forma como trata os velhinhos ... Beijocas :-)
P.S.:Este fds vai-se ouvir novamente "A minha marcha é linda" aqui pelo pavilhão, talvez venhas
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