sexta-feira, julho 29, 2005

Antes da partida

As viagens começam muito antes do dia da partida.
Podem até começar anos antes, quando a ideia de partirmos nos cruza o pensamento pela primeira vez e tem formas ténues, esbatidas, pouco consistentes.
Há depois o momento da compra dos bilhetes, da lista dos afazeres, a compra dos guias, a vistoria das mochilas empoeiradas no sótão e do passaporte que teima em não aparecer.
Subitamente já partimos, já estamos a viver as cidades onde ainda não chegámos, já nos perdemos nos mapas que ainda não decifrámos, já intuímos cenários com personagens charmosas e interessantes, igualmente viajantes e ávidos de conhecimento.

terça-feira, julho 26, 2005

Amnistia Internacional

TRES AÑOS EN EL INFIERNO


Imagina que eres llevado a un campo de prisioneros. Eres golpeado y torturado. Tras dos años preso, por fin ves a tu abogado. Te han dejado hablar dos veces con tu familia en los mil días que llevas detenido....sin haber sido juzgado, sin sentencia, sin condena.
¿Increíble?
Esto es lo que está viviendo David Hicks, ciudadano australiano de 29 años, padre de dos hijos de 10 y 11 años. Lleva en Guantánamo desde enero de 2002. Como él hay 500 presos más.


No podemos permitir este abuso y absoluto desprecio a los Derechos Humanos y el derecho internacional.
¡Vamos a hacer algo!. Y ese algo empieza ahora con este click.
Esteban Beltrán
Director Amnistía Internacional
Sección Española

A banda sonora de muitos dias : Stay (Wasting time) DMB

(...)

"We were just wasting time
Let the hours roll by
Doing nothing for the fun

A little taste of the good life
Whether right or wrong
Makes us want to stay, stay, stay for awhile (...)

segunda-feira, julho 25, 2005

"E não há um Licor Beirão aqui pá diva?"

E não é que ela canta? E bem? PARABÉNS John! És linda, Diva!

A sombra

Inevitável não sentir a angústia; não pensar na hipótese, não intuir as imagens; não cair na relutância.
Fazer as malas e preparar as máquinas, sem que no entanto nos consigamos prevenir ou preparar para o que virá. Ou talvez não... No fundo este é o trunfo do terrorismo: a surpresa, a premeditação , o saber esperar, a semente do ódio, da desconfiança e do medo.
Parto na mesma à aventura.
No final de contas, tudo pode suceder aqui. Ainda que não saia do meu país, que não abandone a minha cidade.
Sem qualquer explicação ou lógica, sem seguir qualquer paradigma, somos todos potenciais vítimas: quer estejamos no metro, no restaurante, no avião ou simplesmente a cumprir o nosso dever no local de trabalho.
E seremos potenciais vitimas?
Julgo que o “potencial” cede a partir do momento em que sinto a sombra do terrorismo pairar e ,inconscientemente, hesito em sair de casa ou em planear uma viagem.
Nesse momento sou já uma verdadeira vítima, inevitavelmente apanhada nas malhas desta mancha na história da Humanidade.

sábado, julho 23, 2005

sexta-feira, julho 22, 2005

Ás vezes juro que parece uma miragem...


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O descanso?

Pensar em português, caindo na tentação da facildade do espanhol; A obrigação de falar francês; O porto seguro do inglês; E o alemão onde está?
Cansada...Cansada... Demasiado esforço mental ao fim do dia.
Agosto à vista, mas Julho ainda se faz sentir.

quarta-feira, julho 20, 2005

Idílico



Fotografia gentilmente cedida pela Resi, responsável por uma tarde intensa de divagações, com tons alaranjados e ilhas gregas no horizonte.

terça-feira, julho 19, 2005

Uma questão de perspectiva

Não é para desfazer, mas deu-me que pensar.
Pode ser uma questão cultural ou simplesmente uma questão de hábitos reivindicativos.
Questionados acerca da passagem do furacão Emily, a generalidade dos residentes da Península de Yucatán, México, quando entrevistados por um canal televisivo nacional, respondeu com uma serenidade estonteante:
“São coisas da Natureza. Assim é a vida. Há que reconstruir as casas e limpar as ruas. A vida é assim...tem destas coisas!”
Se um fenómeno da mesma natureza tivesse ocorrido em Portugal, presumo que o discurso seria mais ou menos assim:“Ai Senhor, que vai ser de nós ?A culpa é do Governo, que nunca nos ajuda em nada. Só sabem subir impostos. Eles têm que nos indemnizar. Onde é que já se viu esta pouca vergonha?”

Terapia de Grupo na Ordem dos Advogados - A inocência chocante do defensor

“ Digo-vos Senhores Doutores: estejam muito atentos durante cada diligência, senão correm o risco de não se aperceberem de irregularidades e vícios que podem mandar abaixo todo o processo. Não tenham vergonha de exercer os vossos direitos e lembrem-se que recaí sobre vocês o dever de serem profissionais e defenderem ,da melhor maneira possível, os vossos clientes. Devo, porém, adverti-los que os órgãos da polícia criminal reagem mal quando os Srs. Drs. chamam a atenção para essas falhas.”
“Tem razão Sr. Dr. E pior...os agentes que dirigem as investigações muitas vezes enganam os próprios juízes e furjam os autos de noticia.”
“Oh Sra. Dra., eu não iria tão longe. Mas... porque é que diz isso?”
“Olhe Sr. Dr., porque infelizmente já estive numa situação dessas. Coitado do arguido! Ficou realmente abatido. Então não é que o desgraçado foi acusado por tentativa de homicídio de um agente da PSP , quando na realidade, segundo o que o próprio me contou , ele estava apenas a beber umas cervejas com os amigos numa festa, quando subitamente começaram todos à porrada. No meio da confusão, o coitado do rapaz choca contra um polícia e sem perceber como, acaba com a pistola do mesmo na mão. Mas ele não ia fugir, nem ia fazer nada. E eles lá na PSP fizeram constar no auto que ele tentava atingir um agente com uma bala e fugir. Já viu como eles são? Inventar uma coisa destas sem mais nem menos? Coitado do rapaz, estava ali no meio e Deus sabe como caiu-lhe a arma nas mãos...”

segunda-feira, julho 18, 2005

Crimes participados à polícia subiram 34 por cento em dez anos

A propósito, lembrem-me de vos contar como comecei o dia do meu aniversário...

Longe vão os tempos...



...em que considerámos à séria fazer parte desta fotografia.
Spencer Tunick, Plaza de España, Barcelona 2003

sexta-feira, julho 15, 2005

As férias aproximam-se...



Devagar...devagarinho...

quarta-feira, julho 13, 2005

"Hoje não posso...han...tenho que trabalhar até mais tarde."




"So many questions. How come you never asked any while I was still around? It's okay, I couldn't have answered most of them anyway. Unlike now. Now I'm a fucking prophet." Nathaniel .

"Six Feet Under" ou o processo a que me dedicarei hoje á noite!
Adoro Dvd´s e esta maravilha de poder ver as minhas séries preferidas vezes sem conta, indiferente à tirania dos directores de programação dos canais televisivos portugueses.

Almost Blue Travel,han?


Lá chegará o dia... Posted by Picasa

Não deixes para amanhã o que podes fazer hoje...Ou talvez não!

Repartição de Finanças. 10º Bairro Fiscal.
Um lúgubre vão de escadas, onde uma interminável fila de pessoas encaloradas espera e desespera.
Todos seguram os impressos para pagar o imposto do selo do carro, à excepção de um senhor impaciente, que com um ar intimidador aguarda a sua vez, não vá o Diabo tecê-las e num descuido alguém passar-lhe à frente.
Um senhora aproxima-se para ser elucidada.

“Olhe desculpe, os impressos para comprar o selo do carro compram-se lá em cima na Tesouraria?”
“Sim, sim minha senhora. Mas...espere! Disse selo do carro?”
“Sim.”
“Oh minha senhora, mas para comprar o selo do carro vem aqui às Finanças? Por amor de Deus! E ficar aqui na fila? Com tanta papelaria... valha-me nosso senhor.”
“Mas dá para comprar nas papelarias? Nem me lembrei. Mas de qualquer maneira tinha que cá vir.”
Indignação. Obstinado, o senhor Não-Comprador-Do-Selo já nem ouve a senhora, para quem agora olha com desdém.
“Ora essa. Vir para aqui fazer fila para comprar o selo do carro. Não admira que depois a fila chegue até à rua. Ainda para mais, hoje nem sequer é o último dia. Sinceramente...”

Quatro pessoas à frente lia-se:“IMPOSTO MUNICIPAL SOBRE VEÍCULOS – PAGAMENTO OBRIGATÓRIO ATÉ DIA 15 DE JULHO.”

Cool Jazz Fest



Para aqueles que também andam a dormir e gostam de Thievery Corporation, lamento informar que , segundo informação recolhida na net, já não existem bilhetes disponíveis para o concerto de hoje na Casa da Pesca, em Oeiras.
Para aqueles que ainda tencionam assistir a algum concerto do Cool Jazz Fest, aqui fica o calendário dos restantes espectáculos.



Data: 10-07-2005 a 30-07-2005
Local: Cascais, Oeiras e Mafra
Preço: 15 a 30 euros

Casa da Pesca (Oeiras):

13 de Junho- Thievery Corporation

Jardim do Cerco (Mafra):
16 - Maria Bethânia

Cidadela de Cascais:
26 - Mariza
27 - Jamie Cullum
30 - Marianne Faithfull
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terça-feira, julho 12, 2005

A lógica que não aceito

No inicio do caso Casa Pia, ainda naquela fase incipiente de perplexidade e horror que despertou a sociedade portuguesa para os problemas do Direito Processual Penal, muitos foram os que vieram a público partilhar as suas ideias acerca do tema.
Até então, o Direito Penal era uma área abandonada do Direito, mal vista até por aqueles que se dedicam ao Direito Financeiro, que encaram o direito penal como uma área secundária e de diminuto valor, destinada a advogados de “segunda” que, por se encontrarem excluídos do conceituado “direito das influências”, não tinham outro remédio senão socorrer-se na barra da Boa Hora.
Recordo-me de uma entrevista de um ilustre penalista da escola de Coimbra, cujo nome, porém, momentaneamente me escapa.
Disse então o ilustre professor, que nos outros países da Europa, começa-se por investigar para posteriormente se proceder às detenções.
O sistema português, porém, perfilha uma lógica diferente: entre nós, prende-se para posteriormente se investigar!
A investigação é feita, em grande parte, a partir das secretárias dos órgãos policiais e através do encarceramento preventivo dos arguidos, cuja inocência ironicamente se presume até trânsito em julgado da sentença condenatória.( principio constitucional plasmado no art. 32º da Constituição da República Portuguesa.)
A prisão preventiva, pese embora consignada na lei como um recurso excepcional, tende a ser a regra.
Constato com admiração quando ouço a vox populis insurgir-se pelo facto de alguém aguardar julgamento em liberdade.
De acordo com a letra da lei, não deveria ser a lógica ser oposta?

O Código de Processo Penal, no seu art. 61º, consagra o direito ao silêncio do arguido.
Ou seja, alguém constituído arguido num qualquer processo crime, poderá manter o silêncio quando questionado acerca dos factos que lhe são imputados.
Mas na prática, ai daquele que se vir encurralado nas malhas da lei e numa sala de interrogatório na policia, sem um defensor por perto.
Nesses primeiros momentos, a investigação é comummente realizada não a partir da secretária, mas a partir dos punhos de alguns agentes, demasiadamente obstinados na sua missão de conseguirem encerrar inquéritos, que dissimulam num discurso cínico: “ O nosso trabalho é eliminar o maior número de suspeitos e realizar a Justiça!”.
Todavia, flagrantes são os seus olhares de reprovação e de raiva contida com que presenteiam os advogados durante esses “inofensivos” questionários.
Ao silêncio do arguido, seguem-se os impropérios dos agentes, as ameaças descaradas, o clima de terror que insistem em instaurar.
Mais uma vez o exercício de um direito em Portugal é temido, é constrangido, é um incómodo.
Não pretendo justificar os actos dos criminosos, nem prestar-lhes qualquer tipo de apologia.
Mas custa-me aceitar a falta de seriedade e de profissionalismo com que a investigação criminal é feita em Portugal.
Custa-me entrar numa sala e saber que se eu não estivesse presente e a empunhar a recém adquirida cédula azul, provavelmente os senhores simpáticos de 2 metros quadrados com quem partilho aquele exíguo espaço, teriam conseguido uma pseudo-confissão à custa de equimoses e traumatismos cranianos de alguém que, presumidamente e face à letra da nossa Constituição, é inocente.

O regresso aos romances históricos...

" Eu acho é que magoa o seu orgulho.
Portugal tem qualidades espantosas!Criou o Brasil.Abriu novos mundos.É um povo
audacioso, aventureiro. Se calhar nos assuntos das riquezas será mais fraco.
Temos que aceitar que as coisas são como elas são e não como queríamos que elas
fossem. O senhor saiu da sua terra e mudou. Não pode exigir que todos
mudem."



Luisa Beltrão in "Os impetuosos".

sábado, julho 09, 2005

Party!!!


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Com amigos assim (o post amargo da semana)

Durante a adolescência a grande missão é tornar-nos igual a todos os que nos rodeiam, passar o mais despercebido possível, não revelar traços de uma personalidade invulgar ou alguma faceta singular que nos diferencie dos que nos rodeiam.
Os outros são a verdade, o caminho e a vida.
Nessa altura os amigos são o mais importante; são a doce ilusão de que tudo permanecerá sempre igual; são a conta, o peso e a medida para qualquer das opções que tomamos.
O que sucede por vezes àqueles que não abandonam a ingenuidade da adolescência, é que desconhecem que os que os rodeiam estão e sempre estiveram conscientes de que um dia o panorama se vai alterar, de que o grau de dependência e a necessidade de aceitação serão transferidos, não para uma amálgama de pessoas a quem chamamos “amigos”, mas sim para uma só pessoa.
E essa pessoa é suficiente para alimentar a nossa autoestima e pequena vivência, assumindo-se como prioridade, como um fim que justifica qualquer meio e , preferencialmente, como um excelente álibi no momento de cortar as amarras com os amigos do passado.
Eis senão quando os “amigos” começam a surgir e a estar presentes unicamente nos maus momentos.
Muitas vezes não estão verdadeiramente lá. Flutuam com expectros ouvintes da desgraça alheia, incapazes de dizer o que quer que seja, alimentando secretamente a sua fome de dramatismo alheio.
Supostamente para ser amigo isto basta. Ouvir, estar, segurar a mão ou apoiar a cabeça. E quando não basta?
Começo a desconfiar daqueles que apenas estão presentes em momentos menos bons da minha vida.
Não me interpretem mal: é um luxo hoje em dia ter pelo menos uma ou duas pessoas a quem ligar quando nos tiram o chão por debaixo dos pés.
Mas desconfio daqueles que só se mostram disponíveis nessas alturas.
Como que à cautela ( não vá um dia suceder-lhes qualquer coisa e virem a precisar de ajuda de terceiros), os supostos amigos ouvintes vão desejando mentalmente não terem nunca de estar na posição da vítima.
E esboçam mentalmente, com um certo orgulho, o discurso inflamado com que vão relatar a desgraça do terceiro à sua cara metade ou aos outros supostamente amigos a quem sentem necessidade de provar que continuam presentes nas suas vidas e nas vidas daqueles que os rodeiam.
E onde vagueiam essas almas caridosas nos bons momentos? Nos momentos de comemoração, de partilha, de sorrisos?
Ocupadas andam elas...muito ocupadas...
A escutar a desgraça alheia ou a viver a sua egoísta felicidade.
Mas dizem-se amigos. Seremos sempre amigos. Há todo um passado.
O que me aflige é saber que vou ter que começar a pensar em desenhar todo um novo futuro.

quarta-feira, julho 06, 2005

O presente...

Há uns tempos cruzei-me com um amigo meu que muito contente me anunciou que estava de partida para a Escandinávia.
Perguntei-lhe o motivo dessa deslocação, ao que ele , surpreendentemente, me respondeu que ia correr uma maratona no dia do seu 30º aniversário.
Instintivamente, perguntei-lhe: "Mas porquê uma maratona???"
Irónico e esquivo respondeu-me:" Porque não?"
E ele tinha razão. Porque não celebrar o 30º aniversário com uma corrida de 40km numa cidade com uma temperatura média de 12 graus?
Como não sou dada a corridas e porque para os 30 anos ainda me faltam 6 anos (longos, espero!), resolvi oferecer-me outro tipo de presente.( Ou, para ser mais rigorosa, aproveitar um delicioso vale para o Le Spa que o Jacinto me ofereceu há uns meses atrás!)
E recomendo meus amigos, recomendo.
Tenho pena de só agora, com 24 anos acabados de fazer, descobrir o prazer das massagens com aromaterapia.
Viva a silly season e a lógica do all is fair no dia do nosso aniversário.
Não só nos tratam como crianças carentes, como tudo nos é permitido.

segunda-feira, julho 04, 2005


Jordi Labanda - Sandwich & Friends ( Passeig del Born)



É oficial. The silly season is here.
Os saldos começaram, o calor cada vez aperta mais , as filas para a Caparica entopem o eixo norte/sul durante o fim-de-semana e os rostos embelezam-se com tons dourados.
No cinema, o Madagáscar parece-me ser o mais apelativo.
O corpo pede sol e a mente clama por imperial gelada.
O cérebro está cansado e prefere os temas fúteis e levianos.
A deliciosa inércia da silly season...
Não me falem de problemas, de política, de finanças, de planos poupança e reforma, de jogadas da Bolsa, do colapso do sistema nacional de saúde, de direito, de celeridade processual ou do aumento do aquecimento global.

Encarnando o personagem, hoje e por agora, mergulho na futilidade de um bom dia passado a dormitar na praia.

domingo, julho 03, 2005

Tardes na Comporta

"Little darlin' don't you see the sun is shining
just for you, only today
If you hurry you can get a ray on you,
come with me, just to play

Like every humming bird and bumblebee
Every sunflower, cloud and every tree
I feel so much a part of this
Nature's got me high and it's beautiful
I'm with this deep eternal universe
From death until rebirth

This corner of the earth is like me in many ways
I can sit for hours here and watch the emerald feathers play
On the face of this I'm blessed
When the sunlight comes for free
I know this corner of the earth it smiles at me
So inspired of that there's nothing left to do or say
Think I'll dream, 'til the stars shine
The wind it whispers and the clouds don't seem to care
And I know inside, that it's all mine

It's the chorus of the breakin' dawn
The mist that comes before the sun is born
To a hazy afternoon in May
Nature's got me high and it's so beautiful
I'm with this deep eternal universe from death until rebirth

You know that this corner of the earth is like me in many ways
I can sit for hours here and watch the emerald feathers play
On the face of it I'm blessed
When the sunlight comes for free
I know this corner of the earth it smiles at me

This corner of the earth, is like me in many ways
I can sit for hours here and watch the emerald feathers play
When the sunlight comes for free
I know the corner of this earth it smiles at me"

Jamiroquai- Corner of the earth (A Funk Odyssey [2001])

sexta-feira, julho 01, 2005

My feelings exactly

Um ET no país de Avelino

"Não há nada como umas boas eleições autárquicas para a gente se sentir como um extraterrestre em Portugal.
Olho para as listas de candidatos que enxameiam o País e tenho uma tendência irreprimível para esgadanhar a cara à espera que as minhas bochechas se desfaçam e por baixo apareça um marciano verde.
Será que eu nasci mesmo aqui? No País onde Avelino Ferreira Torres se prepara para ganhar a Câmara de Amarante? Onde Isaltino Morais volta a correr por Oeiras? Onde Elsa Raposo se apresenta como candidata do PPM em Cascais? Onde Fátima promete regressar do Brasil para conquistar Felgueiras?
Não, eu não tenho nada a ver com isto.
Dou voltas e voltas à moleirinha mas há um fosso intransponível entre mim e o "povo".
Não consigo perceber como é que um homem que deixa Marco de Canaveses em estado comatoso e está a ser investigado pela justiça pode ser acolhido em delírio por sete mil pessoas num megajantar em Amarante.
O DN escreveu sobre a coisa e dava voz a uma "comerciante" local que explicava "o fenómeno" "Diz-se que ele faz e acontece, mas tem obra; os outros, que não fazem nem acontecem, não têm nada para mostrar."
Eis uma versão em português suave da mais batida máxima da política brasileira: ele rouba mas faz.
Avelino tem um futuro glorioso à sua frente.
E o que dizer de a Quinta das Celebridades se ter transformado num viveiro de candidatos camarários? Avelino passou por lá em pré-campanha, e Elsa Raposo acaba de ser escolhida por Gonçalo da Câmara Pereira (vice--presidente do PPM) para candidata dos monárquicos a Cascais. Ele justificou assim a escolha ao DN "É uma mulher independente, que não precisa de macho, que se preocupa muito com as questões sociais e que é uma visitadora nata."
Este país é divertido, colorido, desenfadadiço - até um pouco patusco. Mas não pode ser o meu. Há-de haver alguma nave espacial escondida sob as couves do meu quintal. "

Por João Miguel Tavares, Diário de Notícias