quarta-feira, março 01, 2006

Carnaval sem samba





Depois do campo seguiu-se a praia e todos os prazeres que lhe estão inerentes, à excepção, claro está, do sol e do calor, uma vez que o Inverno não faz tenções de abandonar o Algarve tão cedo.
Longe do Carnaval de Loulé e das anafadas translúcidas que tentam enganar o frio do carro alegórico com falsos movimentos de samba, em Lagos reinava a calma dos pequenos almoços na varanda, acompanhados do inigualável sumo de laranja algarvio e daquele cheiro a fruta e humidade que nos enche os pulmões à chegada e me faz afirmar, satisfeita, “Cheira a Algarve”.
O cenário é simplório: três livros na cabeceira, jornais amontoados no chão e revistas cor-de-rosa e de hoje e de há dois anos ( impressionante como são sempre legíveis este tipo de revistas. Se não nos actualizamos do estado de graça de Catarina Furtado, que a crer no que os media divulgam parece ser a única mulher do planeta a dar à luz, sempre podemos obter detalhes escabrosos do final do seu namoro com João Gil há três anos atrás, imortalizados numa Caras amarelada e com vestígios de areia que a mãe deixou no saco da praia, pendurado, tristemente, na despensa até que o calor se volte a sentir.)
Entre estados letárgicos misturo a OPA da Sonae com o recente namoro de Miguel Beleza e Alberta Marques Fernandes, analiso a decisão do Tribunal em permitir a apreensão dos computadores dos jornalistas do 24 Horas e o subsequente recurso (sem efeito suspensivo?); navego, pela mão do Perez-Reverte, até às costas de Cartagena e ao Cemitério dos Barcos sem nome, analiso prós e contras dum plano nuclear que, apesar de não se incluir na agenda do Governo, todos parecem querer debater; misturo o H5n1 com o H5n2 sem conseguir destrinçar, ao certo, qual a forma de evitar o contágio; tomo conhecimento que Julião Sarmento expõe em Londres e fico a saber que a Fátima Lopes (estilista) jamais teria alcançado sucesso, caso tivesse sido mãe.
E na hora de regressar à capital, onde a rotina exige a minha presença, volto com o sono em dia e a leitura actualizada em todas as vertentes da sociedade.
A preguiça ainda é muita, pelo que uma análise pessoal acerca da informação adquirida, parece-me demasiado complicada.
No entanto, há uma conclusão que me permito retirar: nada como uma escapadela da cidade para arejar a mente.

Ainda que com chuva, com frio e maus programas televisivos (vide Prémio Estupidificação), o meu Carnaval sem samba passou-se muito bem!

1 comentário:

izzolda disse...

Também aproveitei para descansar sem samba à vita...mas por acaso houve caipiroska ;)