terça-feira, maio 15, 2007

Especialização?

Passaram oito anos.

Nem sempre esforçados mas, ainda assim, oito anos.

Códigos, legislação avulsa, jurisprudência.

Contratos, petições iniciais, contestações, notificações judiciais avulsas, pareceres, registos e escrituras.

Conferências de pais, audiências de julgamento, inquirição de testemunhas, audiência de partes.

Seis cadeiras por semestre com exame a final, dois anos de estágio, três épocas de exames na ordem dos advogados.

Em oito anos muito pode acontecer e, de facto, aconteceu.

O rumo podia ter sido distinto, as prioridades poderiam ter sido ordenadas de diferente maneira, a profissão escolhida poderia ter sido outra.

Mas o percurso está palmilhado e as acções do passado não devem ser objecto de arrependimento.

Porém, a dúvida assoma-se quando, oito anos volvidos, um vendedor de baterias põe em causa o nosso trabalho e o Código de Processo Civil utilizando, com veemência, um calão jurídico que não domina, mas que ainda assim profere com a segurança de um jurista.

O canudo perde parte do seu significado quando constato que afinal o Direito não requer qualquer especialização ou conhecimentos especifícos.

Contrariamente ao que sucede com o Direitro, perguntem-me alguma coisa sobre baterias de titânio e um encolher de ombros, seguido de um breve silêncio constituem aquilo que , em minha opininão, é o mais parecido com uma resposta.

Soubesse o que sei hoje, ter-me-ia dedicado à apanha da amora.

Quiçá a diferença não fosse grande e, hoje em dia, pudesse discutir de igual para igual com neurocirurgião sem ter que passar seis anos na universidade e outros tantos no hospital.

2 comentários:

Sil disse...

Querida Ritinhaaaaa:

Todos sabemos de justicia (más que de derecho), porque todos tenemos conciencia de lo que está bien y está mal. En cambio, se puede vivir sin remordimientos sin saber qué es una batería de titánio y a las pruebas me remito...

El derecho mola!

Firmado: Leticia Sabater.

Rit@ disse...

Sil,

o pior é que não era uma questão de penal, em que inevitavelmente se cai na discussão acerca do bem e do mal, injusto ou justo.
Discutia-se a citação prévia em processo executivo !!!