A canção de Lisboa
Como explicar, a um estrangeiro, os arraiais de Santo António?
Como justificar o entusiasmo com que os bairros típicos de Lisboa acolhem os seus vizinhos, ao mesmo tempo que se divertem e revelam a alma lisboeta?
Como convencê-los a dançar, mão no ombro e braço na cintura, ao som das canções das marchas ou dos grandes êxitos “pimba” ?
Porquê tentar comparar os desfiles da Avenida com o sofisticado carnaval carioca?
De que serve questionar a origem do santo padroeiro de Lisboa? Quer seja de Pádua ou da Madragoa, o santo serve de desculpa para casamentos em massa e bailaricos populares em noites quentes.
A sardinha a escorrer gordura para o pão, os arcos e balões, a rivalidade entre chouriço assado e o prego no pão, os pátios abertos a convidar para jantaradas em mesas de plástico e cadeiras de estabilidade dúbia.
Lisboa resplandece em Junho e fá-lo sem grandes intervenções estéticas ou sofisticação, através dos seus personagens, que mais ou menos participantes nas festas da cidade, revelam, como em nenhuma outra altura do ano, o orgulho de ser alfacinha.
Como transmitir, repito, este sentimento aos que nos visitam? Aos que nos tentam compreender? Aos que se esforçam por sentir o peso da tradição numa cidade em constante mudança, por vezes descaracterizada, um cidade que tenta pertencer não a um país mas ao mundo?
Será este sentimento inominado o verdadeiro bairrismo que mantém viva esta tradição?
1 comentário:
Fue tan genial, que casi se escapa una lagrimilla de güiri emocionada...
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