quinta-feira, outubro 14, 2004

corte e costura

Nunca gostei de encontros imediatos.
Pertenço aquela raça estranha de pessoas que ao ver um conhecido do outro lado da rua ( leia-se , conhecido. Não me refiro a amigos!), é dominada pela preguiça e timidez .
De certeza que os psicólogos já inventaram um nome para esta patologia .
Ou seja...fujo, finjo que não vejo, não tenho paciência para ir falar, invento artimanhas para não ver e ser vista.
Detesto conversas de circunstância, porque não passam de isso mesmo: daquela circunstância sinistra em que por casualidade nos encontramos naquele preciso momento.
Fico nervosa por não ter muito que contar, irritam-me os silêncios incómodos e tira-me do sério discutir o estado do tempo.
A situação complica-se ainda mais, quando a pessoa a quem vislumbramos não é simplesmente um mero conhecido, mas sim um conhecido que tem um poder sobre-humano de nos irritar.
Muitas vezes por inúmeras e intermináveis razões, muitas outras vezes apenas porque sim.
Hoje tive um desses encontros!
Desses que despertam irritabilidades porque sim.
Mas desta vez a conversa fluiu: fiquei a saber que “ando à paisana”.
Pode parecer estranho este comentário, mas foi exactamente isto que ouvi e passo a citar: “Olá, olá. Por aqui então? Mas a menina está à paisana!”
Como tenho reflexos lentos, fiquei sem perceber e sem responder convenientemente. Mas o meu interlocutor prosseguiu: “ Está vestida de um modo muito descontraído para quem está a trabalhar num escritório de advogados .”.
Urge dizer que se tratava de um rapaz...
Quase em simultâneo o meu cérebro começou a produzir a seguinte lista de questões:
1) É a roupa que faz o Homem ou o Homem que faz a roupa?
2) Mais vale parecê-lo do que sê-lo?
3) Há algum traje obrigatório nos Estatutos da Ordem dos Advogados?
4) Um fato negro torna-nos mais inteligentes / competentes?
5) Oferecem subsídios para a aquisição do mesmo?
6) Não era suposto só as mulheres ligarem a roupa?

1 comentário:

Anónimo disse...

LOL!!!!Tenho mesmo que passar a vir aqui, tipo droga. Matas-me a rir, miúda! Olha, eu sofro um bocado o mesmo problema, mas é agravado pelo seguinte: NÃO ME LEMBRO DAS PESSOAS! Das suas caras, de onde as conheço, quem poderão ser... É simplesmente desesperante. Um atrofio mental que não sei expliacr. Será que tenho memória selectiva, e esqueço-me de todos aqueles que não foram importantes para mim? Será que tenho Alzheimer precoce? Parece que estou a gozar, mas é mesmo grave... Mas pior ainda, é que... NÃO ME LEMBRO DAS HISTÓRIAS DAS PESSOAS! Não me lembro dos segredos que me contaram (vá, venham todos, que eu sou um túmulo!), não me lembro das histórias das minhas amigas (o que até é emocionante porque vou ouvindo as mesmas histórias vezes sem conta, e dou por mim a fazer irrepetidas vezes as mesmas perguntas - o que me soa familiar são as perguntas que faço! Mas claro, é um desespero para quem me conta qualquer coisa de íntimo, ter sempre que voltar atrás e contar tudo do início...), não me lembro dos rapazes com quem andei (claro, a Jo lá está para me ajudar "Rita, andaste com este. Lembras-te? É o Pedro! Tinhas 18 anos..." Ah! É verdade... Bem que a cara dele não me é totalmente estranha. PS: Será que um mês de namoro conta como namoro?)... Enfim, não me lembro de muita coisa, mas estranhamente lembro-me do nome de todas as empresas e pessoas com quem falámos no MSV (meu spot de trabalho) para ir vender T-Shirts. Ah! Trabalhas na BP? Conheço lá a Vera Sales, o Engº João Reis... E pronto, isto para dizer que ontem, enquanto me preparava para ir dar um saltinho à Zara, uma personagem começa a olhar fixamente para mim até que "Olá! Estás boa?" "Óptima obrigada, e tu? (quem é este gajo?!?!?!)" "Bem, bem, agora estou aqui a trabalhar na Baixa. Isto é que é qualidade de vida..." "Pois é... Bem, tenho que ir andando" (HELP! Não me lembro MESMO dele. Será que é daqueles tipo apanhados que fala a toda a gente na rua?)REZO PARA QUE NÃO LEIA ISTO, WHOEVER HE IS. Claro que quando cheguei ao trabalho, e contei isto ao Pedro, ele me perguntou se eu não tinha ido almoçar com o outro. Típico meu, enfiar-me num almoço durante 1 hora com uma pessoa que não faço ideia quem seja... Mas resisti! *** La otra Rita (L.)