sábado, dezembro 31, 2005

Lisboa - Dakar

A Av. da Índia parcialmente cortada ao trânsito.
Carros imponentes e impacientes dão-lhe vida.
Ela que é comummente esquecida; que para muitos portugueses é simplesmente um ponto de passagem.
Hoje está em festa e isso sente-se quando por lá passamos.
Gente de todas as cores e feitios espalham-se por Lisboa, enchendo restaurantes e hotéis que, uma vez mais este ano, perdem qualquer legitimidade para reclamarem da crise.
O deserto a uns dias de distância.
A velocidade como paixão.
A imprensa mundial perplexa perante a adesão dos portugueses ao evento.
Lisboa novamente na mira de milhões de cidadãos do planeta azul.
Lisboa, uma vez mais, no centro do mundo, ainda que , inevitavelmente, na cauda da Europa.
E ainda que me desiluda tantas vezes, hoje não posso deixar de me sentir orgulhosa dela... e orgulhosa de nós.
Uma vez mais mostramos a todos que somos capazes, que temos determinação, que conseguimos organizar eventos de grande escala.
Acima de tudo, por conseguirmos demonstrar a nós mesmos, o valor que tantas vezes menosprezamos, que tantas vezes descuidamos.

sexta-feira, dezembro 30, 2005

A caminho da festa...



E porque é tempo de celebrar, a música vai a condizer com as lantejoulas e as sandaletes!

terça-feira, dezembro 27, 2005

Bom dia!


E porque não o "Alfie"?
Pela banda sonora...obviamente!

segunda-feira, dezembro 26, 2005

Presente no sapatinho















Depois de tanta polémica, finalmente já o posso arrumar algures entre o "Harry Potter e o Príncipe Encantado" e o "Cemitério dos Barcos sem nome" do Peréz-Reverte...

domingo, dezembro 25, 2005

Santa quadra my ass

Em todos os natais de todas as famílias, há momentos singulares que se gravam na memória descritiva de cada um de nós e que são reavivados, nesta quadra , ano após ano, sem que nos tenhamos sequer que esforçar.
Momentos que poderão ser aqueles em que recebemos peúgas brancas dois tamanhos abaixo dos nosso; em que recebemos a saladeira estilo Louis XIV que supostamente fica a matar na nossa sala minimalista; em que uma tia se lembra de oferecer um cordão de outro pejado a diamantes , esquecendo-se por completo de que somos alérgicos ao ouro ou ainda, quando recebemos um individual, com a menção expressa de que é para a tua casa nova. ( Não era suposto os individuais virem aos pares? Ou está-me a condenar à solidão?)
Este ano, o meu natal ficou marcado por uma frase. Uma simples frase que alterou a perspectiva que, até ao momento, eu tinha acerca do evento.
Após me instigarem a comer que nem uma desalmada todos os doces que enfeitavam a mesa desta honrosa e terna reunião, eis que há minutos atrás, quando me preparava para abandonar o lar paterno ( com algum alívio, diga-se de passagem!), os membros da minha família, não suficientemente satisfeitos com o facto de mais uma vez a maioria dos meus presentes configurarem uma verdadeira galeria dos horrores, decidem manifestar a sua opinião acerca da minha minúscula pessoa:
“Estás bem gordinha , rapariga”.
Os sonhos reviraram-se, as filhoses amargaram, os olhos lacrimejantes procuraram um ponto neutro para se fixarem, perante manifestação tão espontânea duma opinião que não havia sido pedida.
Perante isto, que dizer das maravilhosas horas desperdiçadas em busca do presente ideal para cada uma daquelas alminhas, das horas de contenção perante as barbaridades proferidas à mesa durante toda a consoada ou dos sorrisos educadamente forçados ao receber presentes sem qualquer utilidade?

A isto chamamos um santo natal?

sexta-feira, dezembro 23, 2005

Boas Festas!

A fila para a ponte já vai em Sete Rios.
Os acessos quer pela Eng. Duarte Pacheco, quer pelo Monsanto estão completamente estão completamente congestionados.
O “ El” Corte Inglés , às 11 da manhã, estava repleto de last minute buyers.
A cabeça lateja do tempo perdido nas entregas de presentes, do nervosismo clássico do dia 23 de Dezembro, das correrias infundadas, ainda que características, da época.
O Bolo Rei é demasiado pequeno e já está rijo.
O cheiro a fritos já começa a impregnar o ar.
Auspicio um bom Natal!
Pelo menos assim o desejo. Para vocês, para mim e, principalmente, para os crentes noutras religiões que não têm que passar por este sufoco.

quinta-feira, dezembro 22, 2005

Distrito Federal (Cidade do México)

Sorrio perante a minha ignorância; por pensar que um dia acreditei que o México correspondia ao que as lentes amareladas do "Traffic" me mostravam e não procurar conhecer mais.
Afinal há toda uma outra realidade para além dos bares de Tijuana, dos cartéis de droga, das tequillas debaixo dos coqueiros...





Lago de Chapultepec



El Zocalo ( ground "0" do D.F)


Estádio do Azteca
A Casa da Bolsa
Vista da cidade (vulcão desactivado)



Os 25 milhões...

domingo, dezembro 18, 2005

Chegou ao ponto de não conseguir explicar se eles integravam o top dos seus melhores amigos por mérito próprio, por provas dadas de uma lealdade inquestionável ou, simplesmente, por antiguidade, por acomodação.
Apercebeu-se, para sua grande surpresa, que à medida que os anos passavam, dava por si a reconhecer um verdadeiro mérito a muito poucas pessoas e que tal não a preocupava, nem a fazia sentir-se só.

“Talvez este seja o lado obscuro de amadurecer...” , pensou , descontraída, enquanto sorvia o chá e observava a paisagem.

Narcisismo




















"A Rita levou meu sorriso
No sorriso dela meu assunto
Levou junto com ela
E o que me é de direito
Arrancou-me do peito
E tem mais
Levou seu retrato, seu trapo, seu prato
Que papel!
Uma imagem de São Francisco
E um bom disco de Noel
A Rita matou nosso amor

De vingança
Nem herança deixou
Nao levou um tostão
Porque nao tinha não
Mas causou perdas e danos
Levou os meus planos
Meus pobres enganos
Os meus vinte anos
O meu coração
E além de tudo
Me deixou mudo
Um violão"

sábado, dezembro 17, 2005

Eu, pecadora,me confesso





















Há algo de deprimente nos aeroportos que nunca soube explicar, mas que sempre me incomodou.
Talvez não sejam os aeroportos em si, mas somente aquele ligeiro sentimento de culpa judaico-cristão que me atormenta cada vez que vou deixar alguém às partidas ou recolher alguém (radiante!) às chegadas.
Porque raio é que Ele tinha que incluir a “Inveja” na lista dos pecados capitais?
É-me inevitável intuir chicotes imaginários de autoflagelação por não resistir a pecar...
Principalmente quando estão 8.º C em Lisboa e a senhora ao meu lado anuncia publicamente que ainda esta noite degustará uma caipirinha no Rio de Janeiro!

Ironias

E agora que tinha todo o tempo para ela, não conseguia deixar de senti-lo como um desperdício...

sexta-feira, dezembro 16, 2005

quinta-feira, dezembro 15, 2005

Dão-nos quase tudo


Pertenço àquele grupo de pessoas que não assistem a telenovelas.
Não por delas desgostar, mas apenas porque me esqueço que existem e, quando me lembro, nesta fase da vida em que há que estabelecer prioridades, prefiro ocupar o meu tempo dedicando-me a outras actividades, tais como aumentar as dioptrias em frente ao computador, chegar ofegante ao cinema, falar até ficar com os maxilares magoados ou espalhar livros e revistas pelo chão da casa.
No entanto, no zapping nocturno de ontem, apercebi-me da existência de mais uma produção novelesca da TVI, em que, de forma muito pouco original e, ouso dizer, cansativa, dois irmãos, desconhecendo os laços de sangue que os unem, resolvem enveredar por uma relação amorosa, com muito sangue, suor e lágrimas, como se espera e exige numa novela.
O J. Fermin, cuja existência foi indiscutivelmente marcada pela produção maciça de enredos novelescos ( Y Viva México!), cansado das repetições das tramas, fez-me notar que era impressionante como os autores das novelas recorrem ao plágio de forma tão vincada e despreocupada.
Atire a primeira pedra, quem de vós conhecer uma novela em que não existam dois jovens inocentes apaixonados que a meio são irmãos e mais tarde, nos últimos episódios, descobrem que afinal era tudo um equívoco; uma empregada doméstica linda de morrer ou irreverente q.b, que pela sua genuinidade e doçura de alma conquista o patrão "bonzão", outrora galã e bon vivant, vítima de uma sofisticada e sexy namorada, filha de boas e endinheiradas famílias que, não lhe tendo dado o afecto necessário, criaram um pequeno monstro que, no último episódio, sofre um acidente de automóvel, cai de um 29º andar ou muda-se de país prometendo vingança.
De referir ainda o bem sucedido e racional empresário que ao conhecer uma mulher simples e bairrista, abandona por completo a comodidade e o ambiente eclético do seu escritório para se dedicar unicamente ao amor, contrariando os bons costumes e as tradições centenárias da família.
Será que as pessoas não se cansam destes enredos? Ou será precisamente a fácil repetição e a inevitável antecipação do final que cativa os espectadores e os mantém presos em frente ao televisor, como forma de escape a qualquer esforço intelectual significativo?
No que a mim respeita, confesso gostar de marinar os miolos perante uma divertida telenovela.
Admito, porém, que seria divertido e curiosos ver uma telenovela realizada, por exemplo, pelo Quentin Tarantino.

Exemplo:

"Jovem morena esfrega o soalho com afinco quando entra a cínica loira que, fumando languidamente um cigarro, atira o fumo para a ruborizada morena, ameaçando-a de morte, caso esta não termine de uma vez por todas o romance que mantém com o "ultra cool" gangster, John D., com quem a sensual loira mantém um affair meramente carnal, desde os 18 anos, mas por quem nutre o mais forte dos amores.
Morena levanta-se do chão e do alto da sua altivez dirige-se ao teledisco onde se começa a ouvir Dusty Springfield.
Aproveitando a distracção, a loira tenta agredi-la com o cabo da vassoura esquecida no chão.
No espelho onde guarda as linhas de cocaína perfeitamente alinhadas, a morena vê o reflexo da loira furiosa e, em velozes movimentos e com reflexos transcendentais, eleva-se no ar, atingindo a sua pseudo-agressora com um pontapé rotativo, que a deixa inerte no chão da sala.
A farda de empregada dá lugar a um colante fato de lycra e a uns Gola amarelos de listas pretas.
Com um olhar alucinado, a morena sussurra ao ouvido da desmaiada morena:

"John D.? John D. o caraças. Eu vim à procura do Bill, que além de meu irmão, amante e rival, é pai do Toni, desgraçado fadista de Alfama que tem a namorada, Lisette, grávida do patrão que matou o António, pá! John´s dead baby…John´s dead."

Afasta-se. Grande plano das pernas desmesuradamente elegantes da morena que, sem olhar para trás, se dirige para a sua Harley. Fim.

Será que a NBP estaria interessada em produzir este enredo???

quarta-feira, dezembro 14, 2005

Espírito Natalício


"Não achas estranho termos a casa cheia de presentes e nenhuma árvore de Natal ou presépio?"

Fechado para balanço



Hoje é um desses dias em que não vale a pena espremer os miolos para produzir quaisquer linhas.
Tenciono dedicar-me-ei ao voyeurismo; a esventrar, revirar e devorar os blogs alheios. Pode ser?

segunda-feira, dezembro 12, 2005

Oliver Twist















Poderia ser mais um filme de Natal, caso não fosse realizado por Polanski.
Com o cinzento da carga dramática que lhe é característica, Polanski filma Oliver Twist sem os comic reliefs despropositados, típico dos filmes da época, que o tornariam , provavelmente, em apenas mais um filme ligeiro e infantil de Natal.
Ao invés, a história de Dickens chega-nos através de lentes realistas e responsáveis, com um talentoso elenco e uma fotografia notável.

Que atire a primeira pedra, aquele que ficar indiferente ao ternurento Oliver e à sua saga londrina!

Domingueiros









Infelizmente, esta fotografia não é minha, nem tem a data de hoje.
Mas se lhe juntássemos um sol radioso, um longo passeio na marginal e uma reconfortante conversa na esplanada à beira mar, bem que poderia ser um reflexo fiel da tarde de hoje em Carcavelos.

quinta-feira, dezembro 08, 2005

O que se ouve por aqui














Oh Diva da FPCE, este som é para ti. Obrigada por me teres apresentado o Herbie! ;)

quarta-feira, dezembro 07, 2005

There´s no such thing as bad publicity

Depois do ataque mais feroz alguma vez feito contra a "lendária" Margarida Rebelo Pinto, o Esplanar volta à carga.
Como já ameaça tornar-se hábito na blogosfera portuguesa, desta feita a vítima escolhida foi Maria Filomena Mónica e o seu "Bilhete de Identidade".
O texto estaria fenomenal se não fosse tão atroz.
Senão vejamos:


"Há apenas duas razões, julgo, plausíveis para alguém escrever memórias: uma escrita fora de série, com uma linguagem viva e expressiva, com ângulos linguísticos diferentes, que produz gozo estético no leitor. A outra razão: tratar-se de alguém com uma vida pessoal extraordinária, atravessada por acontecimentos sociais e históricos decisivos, ou com uma grande produção intelectual que tenha influenciado o curso das ideias num país."
(...)
"Maria Filomena Mónica é apenas competente a escrever. Ou seja, não encontrei absolutamente nada que tornasse a sua escrita uma “prosa literária”. Pelo contrário, trata-se de uma prosa banal e inconsequente, sem ironia e sem garra. "
(...)
"Demasiei-me, talvez, em aspectos menores do livro de Maria Filomena Mónica. Porque o grande falhanço de Bilhete de Identidade é este: intelectualmente não tem qualquer interesse."


Gargalhadas à parte e, pese embora recomende um salto ao Esplanar, todos estes comentários, fruto de uma análise profunda da obra de MFM, apenas geraram em mim uma enorme vontade de ler o livro e de o poder julgar por mim própria.
Afinal confirma-se: não existe má publicidade.

Lisboa


Momentos há em que sinto a falta de sentir saudades tuas, de me sentir orgulhosa ao falar de ti, de desesperar com o momento da tão desejada chegada, de ser dominada por esse torpor inerente à distância que, momentaneamente, me faz esquecer as tuas imperfeições
e considerar-te a mais perfeita das cidades e Portugal o mais perfeito dos países.

P.S Fotografia retirada abusivamente do photoblog da minha querida Joaninha, cuja visita recomendo vivamente.

segunda-feira, dezembro 05, 2005

Inocências



Até muito recentemente, desconhecia que estávamos a competir.

Nos tempos que correm...

“Eh pá, estou mesmo preocupada com esta situação.”
“E é para estares, amiga. Vais ser objecto de uma intensa investigação. Tenho a certeza absoluta.”

“O quê? Achas que ela já me googlou?”

Noites de Dezembro




"O declínio do império americano"

Tardes de Dezembro


"Eternal Sunshine for a Spotless Mind"

sábado, dezembro 03, 2005

A Rosa da Rua

“Temos o direito de não comer. Não temos o direito de comer mal!”
Salvador Dali

Uma das mais recentes novidades do Bairro Alto, que não só é uma aposta ganha em termos de visual, charme e ambiente acolhedor, como também marca pontos ao apresentar uma sofisticada e variada ementa, onde os sabores e as tendências de vários pontos do globo se fundem em pratos deliciosos que deixaram a Chapa muitissímo satisfeita.

Provado, aprovado e recomendado:
1) Queijo de Borba gratinado com doce,
2) Robalinho recheado com pesto
3) Moqueca de Gambas


A Rosa da Rua
Rua da Rosa, 265, 1200-385 Lisboa
Aberto de Terça a Domingo, das 11h às 23.30Telefone: 21 343 21 95

sexta-feira, dezembro 02, 2005

Talvez e ,ainda assim, não é certo...














Talvez se houvesse mais feriados como o de ontem, com chuva a potes e um frio de rachar na rua, um Tico e um Teco incapazes de produzir um único pensamento digno de nota e uma maldita força da gravidade a manter-me presa ao sofá horas a fim, talvez assim e só assim me acostumasse aos gritos histéricos da audiência e me juntasse aos milhões de fãs da Oprah.Por enquanto, ainda me custa aguentar mais do que 5 minutos a ouvir miúdas anafadinhas a queixarem-se das mães que as incitam a fazer desporto ( como se fosse o pior que lhes pudesse acontecer) e a ouvirem modelos fantásticas e perfeitas (origem de toda a depressão das queixosas!) a dizerem-lhes que são lindas e que não precisam de fazer dietas, porque têm uns maravilhosos olhos azuis e umas maçãs do rosto muito bonitas.

terça-feira, novembro 29, 2005

Leitura da semana

“Todo o ser humano, ao relacionar-se com outro, transforma-o, e , entre amantes, a transformação é muito mais profunda.”
“Com uma diferença, meu amigo: as transformações de um homem provocadas pela mulher que ama, ou vice-versa, estão implícitas no carácter do transformado, são possibilidade que a presença do amante suscita e realiza. Mas nem o sacrifício foi alguma vez uma possibilidade de Marianne, nem o crime o foi de Sonja. Don Juan criou os germes, semeou-os...”

Gonzalo Torrente Ballester in Don Juan.

segunda-feira, novembro 28, 2005

Natural born killers

Ameaça tornar-se um caso clínico.
Cada vez que entro nos centros comerciais, a bela da música natalícia desperta em mim instintos homicidas.
Será normal?
Ou simplesmente stress pré-natal?

Declaro aberta a discussão.
Caso ninguém partilhe este sentimento, considerem as questões como meramente retóricas!

Proof - Entre o Génio e a Loucura













Solving for X: is she crazy or a Math Mastermind?

Oficiosos e outros que tais

Ainda a próposito da “crise na Justiça portuguesa” e as últimas considerações proferidas pelo nosso mui ilustre Ministro Alberto Costa, respeitantes às fracas defesas oficiosas, aproveito este humilde espaço de antena para relatar a minha última história caricata com um oficioso.
Há cerca de um mês e meio, recebi mais uma nomeação oficiosa.
Desta feita, um iluste sr. X, acusado de um crime de cheque sem provisão passado à Segurança Social.

(Diga-se de passagem, que estamos perante um montante minimamente razoável!)
Como boa cumpridora do dever de patrocínio que recai sobre a minha pessoa, apressei-me a escrever uma carta ao senhor X, a informá-lo da nomeação e a disponibilizar-me para uma reunião para preparação da sua defesa.
Para grande surpresa minha, o senhor X, ao contrário de praticamente todos os outros oficiosos, contactou-me para o escritório, mostrando-se ávido por resolver a situação extrajudicialmente, propondo-se a pagar os montantes em dívida até ao dia do julgamento, tendo em vista uma desistência de queixa por parte da ofendida, esse belo instituto que é a Segurança Social.
Propus-me então escrever uma carta ao mandatário da ofendida, propondo-lhe o pagamento faseado do montante em dívida.
Para que não restassem dúvidas, o senhor X deu-me o seu endereço electrónico e o combinado seria que uma vez pronta a dita carta, e ainda antes que esta seguisse para o mandatário da Seg. Social, eu enviar-lhe-ia uma minuta, para posterior avaliação da sua parte.
O email foi enviado no dia seguinte e os dias passavam sem que eu recebesse qualquer feedback por parte do senhor X.
Uma, duas, três semanas, até que, finalmente, depois de um mês ( e ainda sensibilizada com as palavras proferidas pelo Sr. Ministro), decidi não descurar os meus deveres de zelo e diligência e liguei ao Sr. X, cuja voz alegre denotava que algo na sua postura tinha mudado:


“Olá Dra.! Como está? Há quanto tempo...”
“Bem obrigada Sr. X. Olhe, de facto já não falamos há algum tempo. Aliás, eu enviei-lhe um email com a minuta da carta para a Seg. Social. Está recordado? O senhor recebeu-o, não?”
“Pois...pois... Eu, de facto, recebi um email seu. É simpático da sua parte telefonar...Mas sabe, eu estive a pensar. Agora as coisas andam-me a correr melhor...Financeiramente, percebe? Por isso, façamos assim: eu até ao Ano Novo tento endireitar a minha vida e aí logo vejo. Se der, pago. Senão desde já lhe digo que não estou muito preocupado: vou preso! Eu até nem me importo Dra. Imagina só, comida, cama e roupa lavada, com televisão e tudo. Não me parece mal!”

(silêncio e estupefacção)

Sr. Ministro, acha muito mal que neste caso concreto, eu me levante na sala de audiências e me limite a pedir justiça e a receber 178 euros?
Se achar conveniente, pode baixar-me os honorários que nada tenho a opor, mas por amor de Deus, não atribua o fracasso das defesas oficiosas ao desleixo dos advogados estagiários.

Sem ovos não se fazem omeletes.
Ou estarei errada?

sexta-feira, novembro 25, 2005

Carlos Silvino está em liberdade após três anos de prisão preventiva



O Governo aponta o dedo aos magistrados e aos advogados estagiários e respectivas defesas oficiosas.
Magistrados acusam o governo de não fazer nada pela Justiça, que segundo as palavras do Presidente do Supremo Tribunal de Justiça, atravessa momentos de profunda crise e de descrédito aos olhos da população.
A população, leiga face aos procedimentos judiciais e questões processuais, assiste mais uma vez a um caso excesso de prisão preventiva, justamente no caso mais mediático de sempre.
A culpa, como já se sabe, morre solteira.

Eu, se não trabalhasse na área, hoje juntar-me-ia aos milhares de portugueses indignados, que no café acusam o sistema de “estar comprado” e começam a ganhar a certeza de que a Justiça, mais do que cega, é essencialmente lenta e, como tal, quando feita pelas próprias mãos, é mais eficaz.
Para mim, hoje, o complicado é conseguir perceber o porquê da saída de Bibi( uma vez que uma grande parte do meu trabalho é dar uso às manobras dilatórias que a nossa lei penal permite!) e , ainda assim, colocando-me na pele de cidadã, ser incapaz de deixar de sentir-me perplexa e, de certa forma, angustiada com esta situação específica.
Quem sabe se um dia destes não vemos Carlos Silvino em directo de Copacabana, jurando a sua inocência ao sabor de uma água de côco?

quarta-feira, novembro 23, 2005

The Freak Show






O Público disponibilizou hoje o resultado da sondagem da Universidade Católica.
Segundo esta, Cavaco Silva obtém 57 por cento das intenções de voto, contra 17 por cento de Manuel Alegre e 16 por cento de Mário Soares.
Perante este cenário, os Queen parecem-me apropriados:
"Is this the world we´ve created? We made it all wrong..."

* A margem de erro máximo associado a uma amostra aleatória de 961 inquiridos é de 3,5%, com um nível de confiança de 95%.
( O mesmo já não se poderá dizer de Mário Soares, que ainda hoje, entre um abanico e uns bicos-de-papagaio anunciava ter 100% certeza de que voltaria a ser Presidente da República!)




terça-feira, novembro 22, 2005

O momento pipoca/coca-cola da semana...



"Flightplan" ou "O regresso da Jodie"...


Porque sabe bem às segundas-feiras!

sábado, novembro 19, 2005

Regresso à infância



















... e ao vinil do "Brother in Arms" de capa azul turquesa, riscado pela agulha do gira-discos que eu insistia em manusear violentamente.
Recordando esses momentos de genuína felicidade, aqui fica o Romeo and Juliet.

Momento fútil da Chapa



















Para uma mulher que se preze, chuva rima com compras!
E para ir nos dedicarmos a esta doce tarefa, convém ir confortável, com roupas e calçado simples que consigamos facilmente remover nas cabines de provas.

Mas, aparentemente, essa minha teoria está errada.
Afinal, de acordo com as modelitos com quem tive o prazer de me cruzar esta tarde, o truque é atacar as lojas vestida para matar.
Aparentemente , só eu sentia o frio a arrepiar-me a pele e a humidade a embaraçar-me o cabelo (o regresso do look Tina Turner!), já que essas deusas desfilavam semi-nuas pelos corredores da Bershka, quais predoras experientes e poderosas, com aquele bronzeado de 20 euros a sessão que cria o efeito do eterno verão e provoca a inveja das macilentas como eu.
O efeito foi devastador!
Além de me ter sido impossível acompanhar o ritmo delas e, inevitavelmente, ter ficado com as sobras da loja, não consegui evitar sentir-me um verdadeiro chouriço, a trapalhona de sábado à tarde que, sem paciência para disfarçar a palidez com o sun powder da moda, acabou por perder a confiança e a vontade para as compras.
Ao fim de tantos anos finalmente aprendi: a cada ataque de consumismo descontrolado, o truque está em ir directamente do sofá para o shopping, de preferência ainda com olhos pegajosos de sono.
Não se fica com as gavetas cheias de lixo, como a carteira agradece!


P.S Não percebo como é que estas barbies não sentem frio... Será que é realmente psicológico?

sexta-feira, novembro 18, 2005

Antes que comece a ter ideias de chamar Vanessa a um filha minha , resolvi, por bem, mudar a música deste desinspirado Mundo.
A sonhar com paisagens tropicais e temperaturas médias acima dos 25.ºC, deixo o ambiente em banho-maria com o "irmão" Armandinho.

quinta-feira, novembro 17, 2005

Rotinas que se aproximam

Dezembro aproxima-se e, como se não bastasse a azáfama dos presentes de Natal, o Corte Inglés e o Colombo, a indecisão da noite de ano novo e os novos quilos que iremos ganhar com as filhoses, rabanadas e afins, este ano, tal como no ano passado, assumo a minha rotina de familiar de emigrante.
Enquanto que em Setembro acompanho, cabisbaixa , os felizardos que tentam a sorte lá fora, até ao aeroporto, em Dezembro é altura de os acolher, de os apanhar no terminal da Portela e matar as saudades contidas nos meses que passaram.
Por outro lado, Dezembro é ainda o mês em que o J. regressa feliz à sua terra natal, ficando a pairar no ar ( e em casa) aquela sensação a vazio, a incompleto, a desordem.
Sempre encarei o mês de Dezembro com uma enorme ansiedade e este ano não é excepção.
Resumo mentalmente os meses que passaram, a forma como decorreram as minhas semanas, as novidades da minha vida pequenina.
Esquematizo a ordem de assuntos a tratar, as questões mais urgentes a colocar e enumero aquilo que lhes quero sempre dizer, mas que nunca me lembro.
Ou porque o tempo passa a correr, ou porque se sobrepõem sempre outros assuntos ou apenas porque quando os tenho cá, na eterna Lisboa, parece que não os valorizo e aproveito o suficiente e quando me apercebo disso, pufff... é tarde demais.
Este post cheira a saudades e destina-se a Itália, Espanha, Holanda, Dinamarca, Estados Unidos, Alemanha, México, São Tomé e Brasil.

Ainda que a minha escrita não seja regular e por vezes fale de tudo, menos do essencial, em Dezembro lá estarei, na Portela, com a bagageira cheia de espaço e um monte de histórias para ouvir e contar; com abraços de chegada e um , tristonho, de despedida.

quarta-feira, novembro 16, 2005

Sem nome



Gosto de noites assim.
De confissões , de partilha de vida, de especulações sérias ou nem por isso.
Actualizando-nos das nossas vidas, dedicando-nos finalmente tempo de qualidade.
Os relógios pararam , não estavam terceiros presentes na sala e subitamente já não éramos nós que ali estávamos, nem era nossa vida que estava em causa.
Saímos de nós e tentámos analisar-nos com a objectividade que a nossa razão e coração nos toldam.
Detectámos as nossas falhas, os nossos defeitos e, acima de tudo, as nossas mais relevantes fraquezas.
Descobrimos a cura, os pequenos passos para alterar a rotina.
Prometemos mudar e acreditámos nesse nosso sucesso.

E saí de tua casa com a sensação de preenchimento, contente por contar com alguém com quem viajar, ainda que por segundos, a esse plano teórico e utopicamente perfeito, onde nos tornámos clarividentes, seguras de nós mesmas e ,sinceramente, acreditámos que nos vamos tornar pessoas melhores.

terça-feira, novembro 15, 2005

Para começar bem a semana,


para ignorar o frio da rua;
para conseguir saltar da cama num ápice;
para ter vontade de dançar;
para pensar que há coisas piores do que um bad hair day;
para ficar com uma música no ouvido o dia inteiro (óptimo método para abstrair dos colegas de trabalho)...

aqui ficam os Humanos e o hilariante Maria Albertina.

domingo, novembro 13, 2005

Lionel e o seu easy like sunday morning,

Para fazer esquecer a dificuldade dos domingos à tarde...

sexta-feira, novembro 11, 2005

The Constant Gardener



Posted by Picasa "(...) Apesar disso," O Fiel Jardineiro" é acima de tudo uma história de amor, no sentido lato; o amor por uma mulher, por uma causa e por um continente."
in Estreia Online


Quando se escreve acerca de um filme, a maior dificuldade reside em encontrar a medida certa para os nossos comentários; em saber qual é o momento em que nos devemos conter, para não revelar demasiado da história e afastar potenciais espectadores.
"O fiel jardineiro" foi-me descrito por duas amigas como "genial", "fantástico", "5 estrelas ".
Salvo o devido respeito, parece-me redutor descrevê-lo unicamente assim. Mas, ao mesmo tempo, se me tivessem dito algo mais, provavelmente a minha surpresa ontem, na sala de cinema, tivesse sidomenor, talvez tivesse encontrado uma forma de me preparar para as duas horas e meia que ali estive.
Tal como as minhas amigas, também eu classifico o trabalho de Fernando Meireles como brilhante: uma imagem fantástica, uma realização cativante, pensada e sem defeitos, interpretações louváveis de Ralph Fiennes e Rachel Weisz e um enredo elaboradamente misterioso de John le Carré que , uma vez mais, não desilude.
Estranho será sair do cinema a sorrir e ver que alguém conseguiu ficar indiferente a esta história, áquelas imagens e áquela ficção que, não por mera coincidência, é semelhante a uma realidade tão actual, tão esquecida, tão banalizada.

quarta-feira, novembro 09, 2005

Era uma vez em Portugal...


A I. confessou à madrinha que era vítima de abusos sexuais por parte do padrasto, respectivo filho e outros "meninos" da vizinhança.
Segundo ela, a mãe fê-la prometer não contar nada a ninguém porque senão levava tareia.
A madrinha, em estado de choque e com o estômago às voltas, prontamente decidiu conduzir a menina a um médico, que por sua vez a encaminhou para a Comissão de Protecção de Menores.

A Comissão fez um trabalho louvável, denunciando a situação ao Ministério Público, tendo em vista a instauração de um processo crime contra os abusadores da menina de 9 anos e, simultaneamente, foi aberto um processo de protecção de menores, tendo-se decidido, como medida de protecção, que a menina ficaria aos cuidados da madrinha.
Uma psicóloga, enviada pela Segurança Social veio visitá-las um dia, decorridos quase 3 meses desde a confissão de I.
A madrinha, impulsiva e testemunha diária do drama da menina, desconfiou dos modos despreocupados e poucos profissionais da psicóloga.

Esta mostrava-se bastante inclinada em sugerir a devolução de I. à mãe, mesmo estando a par do facto de que os abusos decorriam sob o tecto da progenitora e sabendo de antemão que a mesma tinha apanhado I. com um adolescente da vizinhança, numa situação totalmente inapropriada para a sua idade.
Foram trocadas palavras azedas, disse-se o que se quis e não quis e hoje, numa espécie de conferência de interessados, os desentendimentos deram lugar a um despacho, fundado em depoimentos contraditórios e (de acordo com a interpretação do tribunal) inverosímeis duma criança de 9 anos e de uma mãe que prometeu estar “mais atenta”, foi ordenado o regresso imediato da I. ao palco onde as acções decorriam.

Durante todo este tempo, chegou ao conhecimento da madrinha que o inquérito crime tinha sido arquivado sem que tivessem sido ouvidas todas as testemunhas indicadas nos autos.
Estranhamente, a I. nunca foi examinada pelo Instituto de Medicina Legal e hoje regressou a casa, com ordem expressa da Sra. Dra. Juiz para que esses exames tivessem lugar num futuro próximo.
Promessas; palavras bonitas que enchem actas de audiência; psicólogos, cujas opiniões e estratégias são sobrevalorizadas, uma madrinha vista com desdém e desconfiança pelos intervenientes...
Por momentos senti-me no Brasil, a percorrer Montes Claros.
Questionei-me acerca da dignidade de todo aquele processo, do processo de outras tantas I., outras tantas Joanas, outras tantas Vanessas...
Encontradas tarde demais, perante a inércia de quem de direito e a estupefacção dos coniventes com a situação que, confortavelmente, se remeteram ao silêncio e preferem, de uma forma consciente e conveniente, acreditar que é tudo fruto da imaginação fértil da criança.Torna as coisas mais fáceis e , por momentos, quase nos esquecemos que o bem-estar e a saúde mental da I. era o que estava realmente em causa...

Era uma vez no Brasil

Diários de Montes Claros :

Durante a semana da Dignidade no Centro Aquarela , a ida ao cinema foi um dos fantásticos eventos memoráveis organizados pela minha querida Rita La Otra e restantes companheiros de missão.
A ideia, pois, era transmitir a estas crianças, um pouco da dignidade que nunca tiveram: um autocarro só para eles, lugares individuais, bilhetes para cada um deles e uma sala de cinema à sua disposição.
Luxos que para nós são direitos adquiridos, aparentemente no Brasil são escassos fragmentos de uma efémera dignidade.
Assim escreveu a Rita:


" ( ... )Daí a dignidade. Terem a oportunidade não só de fazerem uma coisa que muitos não teriam nunca acesso, mas de o fazerem com toda a dignidade do mundo, sem terem de dividir cadeira com os não sei quantos irmãos. A Irmã Costanza (que chegou no princípio do mês para ficar como Coordenadora Pedagógica do Aquarela) comentou impressionada que nessa tarde, estava ela a caminho da missa, e viu o Claudinei a conduzir uma carroça cheia de ferro velho. Ele que de manhã foi criança como os outros, e à tarde estava a trabalhar para arranjar dinheiro para a família. O que nos deixa a nós sem grande reacção. Sem sabermos como agir, o que fazer. Como poderemos sequer imaginar o que passa nas cabeças destas crianças que são obrigadas a serem adultos sem sequer terem tido a oportunidade de serem crianças, e sem terem escolhas? Há casos que simplesmente nos deixam impotentes, e parecem verdadeiramente becos em saída. O que fazer com uma Cleidiane que viu a polícia ir a sua casa e levar o irmão de 4 anos (por ter apanhado da mãe), e nunca mais ter sabido nada dele (porque a mãe acha que não lhe vão restituir a guarda do filho, portanto nem vai ao Conselho Tutelar, que é onde ele hoje está)? Ou com um Juscelino de 9 anos que passa o dia fora de casa, deambulando por bares e pelos bairros, e cuja mãe simplesmente nunca sabe dele? Se denunciamos os casos ao Conselho Tutelar (entidade encarregue de assegurar que se mantenham os direitos das crianças e dos adolescentes), em último caso, as crianças até poderão ser retiradas provisoriamente da famílias, mas estas terão que provar que estão aptas para educar a criança. Se acontece o mesmo que aconteceu ao irmão da Cleidiane, as crianças são, em última instância, encaminhadas para um lar, que apesar de lhes dar certos direitos e regalias nunca é melhor do que viver com uma verdadeira família, de preferência a sua. Por outras palavras, (as da Zézinha!) por muito má que seja a família, raramente é pior do que um lar."

terça-feira, novembro 08, 2005

Mulher á beira de um ataque de nervos - II




UMA X-BOX ENTROU EM MINHA CASA!

domingo, novembro 06, 2005

Fridita



No que concerne Frida Kahlo, nunca se consegue destrinçar até onde vai a obra e começa a própria vida novelesca da pintora.
Não fossem as suas obras, afinal, a sua vida.
Mas será igualmente correcto dizer que a sua vida, são as suas obras.
Mais do que um qualquer Diego Rivera ( e respectivos murales), mais do que um qualquer acidente rodoviário, mais do que qualquer partida do destino.
Os seus quadros são fortes, provavelmente desagradavelmente cruéis e explícitos, unindo de forma macabra o real e o fantástico.

Mas, no final de contas, qual a verdadeira razão para o seu inquestionável sucesso?
A sua vida pessoal? A sua personalidade invulgar?
Ou o simplesmente inovador e rasgante surrealismo das suas obras?
Referindo-nos a Frida, conseguimos alguma vez dissociar a obra da própria pintora?
Ou estaremos apenas perante a simbiose mais bem sucedida do mundo das artes?
O carisma de Frida ainda hoje atrai multidões; multidões que aguardaram no Whitney Museum de Nova Iorque, que enfrentaram o metro de Londres em Julho para a verem no Tate Modern, que fizeram 700 km para a espreitar na Fundación Caixa Galícia em Santiago de Compostela.
Confesso, porém, que a exposição me soube a pouco.
Talvez a espera tivesse sido muito longa e as expectativas demasiado elevadas.
Ou talvez já tenha tido o privilégio de ver tantas das suas obras ao vivo, que as minhas exigências fossem, de facto, muito maiores do que aquelas que tinha há uns tempos atrás.
Estão disponíveis, na Fundación Caixa Galícia ,os quadros do Museu Dolores Olmedo, da Cidade do México e inúmeras fotografias de inquestionável qualidade .
Por momentos, sabe bem abandonar a perspectiva alucinada e subjectiva de Frida e deixar que a objectiva de uma máquina fotográfica, revele a sua própria verdade e luz sobre esta mulher que inspirou livros, filmes e, sem dúvida alguma, a Chapa e o seu Mundo.


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sexta-feira, novembro 04, 2005

La Coruña




Plaza Maria Pita Posted by Picasa


La Torre de Hercules Posted by Picasa


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Santiago de Compostela


A neblina envolveu a Catedral Posted by Picasa

Senhores, façam as vossas apostas




Em Portugal, se aos vinte anos uma rapariga se apresenta sózinha numa reunião familiar, olhares curiosos inspeccionam-na com alguma admiração e perplexidade.
Discretamente, as tias aproximam-se da mãe da desafortunada solitária e perguntam com voz doce e inocente : " Então e a M.? Não tem namorado?"
A mãe, com uma falsa tranquilidade no olhar e uma voz estudadamente pausada para criar uma atmosfera de normalidade, diz que a filha está bem assim e que em primeiro lugar estão os estudos, depois os namoros.
Mas, no fundo, esta simpática mãe preocupa-se e descansará mais depressa se vir a filha com um anel de noivado no dedo, do que com o pomposo diploma pendurado na parede.
Felizmente, a minha não pertence a esse grupo de mães que. ao contemplarem as suas filhas bebés, prontamente as imaginam de véu na cabeça.
Além de que, na minha época solteiríssima, a minha mãe atribuía esse facto ao meu mau feitio e encarava a situação com alguma satisfação e ligeireza, certa de que eu estava a ser justamente castigada por tantos arruaços, birras e casmurrices, alimentando secretamente a esperança de que um dia, esse amargo feitio viesse a ser adocicado .
Voltando ao tema porque senão perco o fio à meada...
Pois é, a partir de certa idade, as conversas que nos rodeiam centram-se, maioritariamente, nos hipotéticos casamentos que poderíamos ter com X ou Y e nas convicções absolutas das nossas amigas casadas, que tem um amigo perfeito para A ou B que aos 24, por permanecerem solteiríssimas, aos olhos da sociedade menos evoluída deste cú da Europa, estão condenadas ao "encalhanço".
Que solteira nunca foi convidado para um jantar e ficou sentado, miseravelmente, em frente a um lugar vazio porque era a única sem companhia? ( Digo solteira, porque os homens, geralmente, previnem este tipo de situações, fazendo-se acompanhar de uma "amiga". " Homem que é homem nunca está sózinho.")
Quando julgávamos que isto já era suficientemente mau, eis senão quando hoje, ao despertar e ainda com a pestana remelenta da manhã, ouço, com grande espanto, no so called telejornal, que D. Duarte de Bragança aspira casar o seu primogénito, SAR D. Afonso, com a pequena Leonor de Espanha, recém nascida e já perdida nesta teia de alcoviteiros .
Mais, aparentemente em toda a Europa e respectivas casas reais, lançam-se apostas, qual corrida de galgos, acerca de quem desposará, num futuro tenebrosamente próximo, a pequena Leonor.
Vida de princesa é dura: ao contrário de nós, maioria dos mortais de sangue vermelho vivo, as pressões que conduzem ao altar começam logo no berço e , provavelmente, só terminam com um ultimatum do Rei, a ordenar a boda.
E pensava eu que tinha sofrido por me tentarem arranjar blind dates...Chiça!
Depois esperam que estas crianças cresçam normalmente e que não acabem grávidas aos 18 anos num veleiro no Mediterrâneo ou mascaradas de nazis numa festa.
Sinceramente...


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quinta-feira, novembro 03, 2005

VIVA O PORTO, CARAGO!


O Porto apresentou-se cinzento.
As nuvens carregadas, uma brisa fresca, uma desconfortável humidade no ar, a sua ligeira timidez e os seus caminhos sinuosos e caóticos, tornaram complicados os primeiros momentos da visita.
O céu não clareou durante o fim-de-semana e os aguaceiros tão pouco cederam.
Mas o seu encantamento foi crescendo, aumentando de forma sensual e cautelosa, qual sedutor hábil e experiente que sabe como agradar.
A falsa tranquilidade do omnipresente Douro, a neblina do crepúsculo e os prédios escurecidos de arcadas trabalhadas e misteriosas que não só foram cenário de uma história de séculos, como se mantém, hoje, como simbólicos guardiões de numerosos segredos e tradições que ainda se fazem sentir tão vivamente.
Por sua vez, Lisboa tende a descaracterizar-se mais, a diluir-se na vaga de turistas e influências estrangeiras que vão deixando as suas marcas e esbatendo os traços outrora tão vincados.
No Porto não: a tradição vive e ainda é o que era.
O bairrismo é proclamado sem pudores ou melindres, ninguém ama mais o seu Porto do que os seus habitantes.
É uma cidade que se aprende a gostar, que não dá confiança ao primeiro que a tenta conhecer e entender, mas que no final se pode apelidar de encantadora.
No entanto, há que dizer que o fim-de-semana soube a pouco...Não me resta outra hipótese senão voltar...muitas e muitas vezes!

E o dia deu lugar à noite


Ponte D. Luís Posted by Picasa

"Quem chega, atravessa o rio..."


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A Ribeira a espreitar a Ponte D. Luis Posted by Picasa

Descendo da Gare de São Bento até à Ribeira


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