segunda-feira, dezembro 27, 2004

Cielito Lindo, aqui vou eu!



Nos vemos bien pronto.
Até dia 4...




sexta-feira, dezembro 24, 2004


Já só faltam 3 dias...

quinta-feira, dezembro 23, 2004

Desejos de Natal



Gostava de vos escrever mais e melhor.
Gostava de ter todos os dias aventuras fantásticas para vos descrever, sugestões originais para vos oferecer, palavras críticas e análises inteligentes acerca da realidade que nos rodeia.
Há, de facto, dias assim…de produção intelectual massiva e inspiradora.
E há outros em que tal pura e simplesmente não sucede.
Talvez o Pai Natal me deixe violentos rasgos de imaginação e inspiração no sapatinho…
Na realidade não me posso queixar.
Contrariamente ao que esperava, “O mundo da ch@p@” tem-se mantido vivo e despertado mais interesse e discussões acesas do que alguma vez supus.
Parece ter pernas para andar e eu estou determinada a não o deixar desanimar.
O que começou por ser um passatempo de época de exames, tornou-se num hábito, num gesto que, não fora a concentração que exige, tornar-se-ia mecânico, irreflectido, banal…
Mas não o posso descrever assim.
Não estaria a ser justa nem comigo, com o meu mundo, nem com vocês que o acompanham.
Comunicar não poderá ser nunca um acto banal e tampouco a escrita poderá ser um acto irreflectido.
Afinal, o propósito último deste blog é transmitir algo a outrem, presenteá-lo com uma ideia ou pensamento, com uma sugestão ou apenas com um pequeno intervalo nos dias agitados que correm, com um pedaço de mim e dos colaboradores que aqui deixam as suas marcas …
Já tivemos mais de 1000 visitantes. Acho que é um motivo de orgulho e de parabéns.
Que os meus dias e pensamentos se tornem mais iluminados e interessantes.
Que a inspiração não me falte.
Que os visitantes regressem sempre.
Que a preguiça não me faça desistir deste projecto.
Que mais pessoas participem e comentem os posts.
Que todos tenham um Feliz Natal e um fantástico ano de 2005.









terça-feira, dezembro 21, 2004

Para quê descrever o meu estado de espírito se outros o fazem tão bem? ;)

Avião sem asa, fogueira sem brasa
Sou eu assim sem você
Futebol sem bola.
Piu-Piu sem Frajola
Sou eu assim sem você

Por que é que tem que ser assim?
Se o meu desejo não tem fim
Eu te quero a todo instante
Nem mil alto-falantes
Vão poder falar por mim

Amor sem beijinho,
Buchecha sem Claudinho
Sou eu assim sem você
Circo sem palhaço,
namoro 'amasso'
Sou eu assim sem você

To louco pra te ver chegar
To louco pra te ter nas mãos
Deitar no teu abraço, retomar o pedaço
Que falta no meu coração

Eu não existo longe de você
E a solidão é o meu pior castigo
Eu conto as horas pra poder te ver
Mas o relógio tá de mal comigo Porque? Pooooooorque?

Neném sem chupeta,
Romeu sem Julieta
Sou eu assim sem você
Carro sem estrada, queijo sem goiabada
Sou eu assim sem você

Por que é que tem que ser assim?
Se o meu desejo não tem fim
Eu te quero a todo instante
Nem mil alto-falantes
Vão poder falar por mim

Eu não existo longe de você
E a solidão é o meu pior castigo
Eu conto as horas pra poder te ver
Mas o relógio tá de mal comigo

Adriana Calcanhoto " Fico assim sem você"








domingo, dezembro 19, 2004

Ópera do Malandro chega a Portugal



A "Ópera do Malandro", obra-prima de um dos maiores génios da música brasileira, Chico Buarque de Hollanda, chega a Portugal pela primeira vez, 25 anos depois da sua estreia no Rio de Janeiro, em 1977.


Os espectáculos decorrem no Centro Cultural de Belém, em Lisboa, de 26 de Fevereiro a 6 Março, Centro de Artes e Espectáculos da Figueira da Foz, a 10 e 11 de Março e Coliseu do Porto, de 17 a 20 do mesmo mês.

E eu já estou a contar os dias e a juntar os tostões...

Um lema de vida...



"Quem já passou por essa vida e não viveu
Pode ser mais, mas sabe menos do que eu
Porque a vida só se dá pra quem se deu
Pra quem amou, pra quem chorou, pra quem sofreu
Ah, quem nunca curtiu uma paixão nunca vai ter nada, não
Não há mal pior do que a descrença
Mesmo o amor que não compensa é melhor que a solidão
Abre os teus braços, meu irmão, deixa cair
Pra que somar se a gente pode dividir
Eu francamente já não quero nem saber
De quem não vai porque tem medo de sofrer
Ai de quem não rasga o coração, esse não vai ter perdão"

Vinicius de Moraes e Toquinho " Como dizia o poeta..."




Mulheres...mulheres...



Ao folhear o suplemento Vidas do Expresso deste fim-de-semana, deparei-me com uma entrevista feita às Destiny´s Child.
Estas senhoras protagonizaram a banda sonora de toda uma fase da minha vida, em que procurava afirmar-me como independente, forte e decidida. Hahaha
E que belas figuras fazia, ao tentar alcançar esse ideal, tão bem plasmado nas letras das suas canções!
Bom, mas não é acerca da importância que as Destiny´s tiveram na minha vida que eu me proponho a dissertar hoje.
O que de facto me chamou a atenção, foi o seguinte parágrafo que de seguida passo a transcrever:
" Mais do que a música , são elas. Um trio que provoca o deleite dos olhares masculinos e permite às mulheres uma inveja admissível. São bonitas, curvilíneas, muito ricas e, ainda por cima, simpáticas."
Só por si, esta afirmação não levanta quaisquer suspeitas e é perfeitamente inofensiva.
Na realidade, o motivo pelo qual a frase me captou a atenção e consequentes divagações, foi a leviandade com que se afirma que o facto de algumas mulheres serem bonitas, ricas ou simpáticas, desperte inveja e outros sentimentos do tipo, nas demais mulheres.
Afirmações como esta são proferidas a todo o instante e pertencem ao senso comum porque não passam, nada mais nada menos, do que meras constatações da realidade: as mulheres são invejosas umas das outras, cobiçam o que as demais têm e toda a gente o sabe.
Convenhamos que não é frequente ler-se ou escutar-se: "É um homem bonito e charmoso, permitindo aos homens uma inveja admissível".
E porquê? Porque os homens não são assim.
Praticam uma indiferença generalizada entre os do seu sexo, que não lhes permite:
1) Ter conversas sérias entre eles.
2) Levar a sério o pouco que falam
3) Sentir inveja dos outros, porque "isso é coisa de gaja!"
Mas as mulheres não conseguem ser assim... Gostam de pensar que o são, mas não conseguem sê-lo...
Desenganem-se os homens que acreditam que elas se vestem, maquilham ou emagrecem a pensar neles.
No final é tudo uma questão de mulheres, uma luta de gigantes entre seres do mesmo sexo que em vez de o utilizarem para se aproximarem, se encaram como inimigas,tentando vingar perante as outras.
E afinal resume-se tudo ao que as outras mulheres pensam, ao que as outras mulheres vestem, ao que as outras mulheres têm e nós não, ao que elas irão dizer e criticar.
Começo a chegar à conclusão que as mulheres, antes mesmo de serem mães, filhas, esposas ou amantes, são caçadoras.
Mais do que qualquer homem, são educadas desde a infância para a caça e para a competição.
E vocês, meus senhores, não são o adversário, mas sim a caça, a presa.
Ainda que elas não o admitam e se coloquem na cómoda posição da vítima quando o desfecho da história não é o melhor.
Estou numa idade onde a palavra “casamento” é cada vez mais utilizada na linguagem comum das minhas amigas.
O que me deixa perplexa não é o facto de planearem casar, mas sim o facto de algumas delas falarem desse passo como uma verdadeira coroação, como o golpe fatal para apanhar o homem, não vá o gajo mudar de ideias e fugir!
Pensava que isto só sucedia em novelas...
Quão enganada estava eu ao pensar que as mulheres eram, de certa forma, o sexo mais fraco, propensas a sentimentalismos e desgostos...
Que prazer me dá pensar que sou diferente e afinal de contas, ao ver uma rapariga a vestir um tamanho 32, não consigo deixar de pensar que me daria um prazer imenso vê-la gorda...

sexta-feira, dezembro 17, 2004

E neste momento agradeço ao Senhor não estar cá na passagem de ano...



Reveillon na Torre Vasco da Gama


"A Maior Cascata de Fogo de Artifício do MundoAté agora, a maior cascata deste tipo era a do Hotel Le Meridien Copacabana, no Rio de Janeiro, a qual se tornou num exlibris do Brasil.
A nossa cascata de fogo de artifício será projectada a 140 metros de altura. Trata-se de um imponente e inédito fogo de titanium que corre em forma de cascata do alto da Torre Vasco da Gama para as águas do Rio Tejo.
A cascata lisboeta, irá abrir uma impressionante sequência de 10 minutos de fogo de artifício a partir de sete plataformas flutuantes ao longo de toda a margem do Mar da Palha"

terça-feira, dezembro 14, 2004

O poeta imaginário

Que merda de vida
A do empregado
Sem tempo nem guita
Parece um drogado

Será que o patrão
Além de forreta
Terá de ser cagão
Palhaço, palerma?

Haverá solução
A tal compromisso?
Poderoso cabrão
Ou triste submisso?

Fugir às misérias
Só com umas férias
Até breve amigos
Vou comer taquitos!


"Olhó pastel de Belém!"

Sobre que tema escreverei hoje?

Longe vão os dias em que escrevia três posts por dia.
Estarei a tornar-me desinteressante? Desinteressada? Menos comunicativa? Menos paciente e dedicada?
Acho que se me pagassem para manter este blog vivo talvez a motivação fosse outra. Talvez o esforço e a dedicação fossem maiores.
Quanto à glória...creio que o melhor é aguardar pacientemente o dia em que alguém decida publicar estes fragmentos de vida. ( hahaha!)
Ou se calhar esta amálgama de divagações converter-se-ia numa profissão e lá se ia o encanto.
Deixem-me pensar...sobre que tema escreverei hoje?
O apito dourado é um tema batido, a aceitação da demissão do governo já não aquece nem arrefece ( desde que o Durão deu de frosques para Bruxelas que nos sentimos todos orgulhosamente sós), não senti o sismo, é facto público e notório o Sporting ter sido escandalosamente roubado no jogo contra o Braga...
Pois é...assim de repente não me lembro de nada minimamente interessante ou original sobre o qual escrever.

Já vos falei dos pastéis de Belém? Não???
Só mesmo uma pequena menção: 4 pastelinhos nunca são demais.
Se não acreditam, perguntem ao Trapattoni! ;)[1]



[1] Não resisti à piadinha !



segunda-feira, dezembro 13, 2004

Faça de Óbidos a sua prenda de Natal!


Quando se começa a trabalhar, o fim-de-semana ganha uma cor diferente. Quando ainda estava a estudar os fins-de-semana não eram momentos pelos quais ansiasse.
Especialmente durante os tempos de faculdade , em que muitas vezes eu fazia descansos semanais quando me dava na real gana.
Esses dois dias ao final da semana pareciam-me sempre longos, desassossegados e ruidosos, com toda a família em casa (somos 6 e um cão) e almoços demorados.
Para quem gosta de silêncio e alguma tranquilidade em casa, bons mesmo eram os dias da semana.
E eis que o meu mundo fica do avesso...
Agora que trabalho, os fins-de-semana são quimeras da minha semana. Mas ,infelizmente, para poder aproveitá-los convenientemente , é inevitável fazer escolhas: ou saio à noite e durmo até ás tantas, ou não saio mas de qualquer maneira durmo a manhã toda, ou ponho o despertador e passo terríveis sábados ou domingos sonolentos, sem ânimo ou iniciativa para fazer o que quer que seja.
Como é aborrecido chegar a uma etapa da vida em que não podemos ter tudo...em que inevitavelmente temos que optar ...
Mais aborrecido ainda é não ter ninguém que opte por nós!
Este fim-de-semana optei por não viver a noite.
A preguiça, o comodismo, o cansaço e o frio contribuíram para esta minha decisão e não me arrependo minimamente, porque graças a ela aproveitei o meu dia de sábado.
Sem correrias ou compromissos, dirigi-me a Óbidos, um lugar que só agora, depois de uns bons anos, redescobri.
Recomendo vivamente que aceitem esta minha sugestão, de preferência fora da época da célebre feira do chocolate, porque a afluência de pessoas é tão excessiva que mal se pode caminhar.
Não só redescobri um lugar simpático, ordenado e encantador, como também um espírito muito especial: o espírito do Natal.
Este ano, a Câmara Municipal de Óbidos propõe que venhamos divertir-nos em torno do lenho e fazer de Óbidos a nossa prenda de Natal.
Mais do que divertir-me a percorrer as muralhas, a espreitar as lojinhas e o mercado de Natal da Praça de Santa Maria ou a provar a tradicional ginjinha, diverti-me ao sentir-
-me a viajar no tempo, a recuar séculos e séculos atrás e fazer parte de todo aquele cenário mágico.
O cheirinho a lareira, as iluminações simples, mas encantadoras, a música de Natal em cada esquina, a convivência entre conhecidos e amigos entre waffelns e licores de Natal.
E pensar que para viver tudo isto afastei-me a apenas 80 km de Lisboa!
A grande capital , o local onde supostamente se encontra de tudo, onde se gasta rios de dinheiro em iluminações e decorações de Natal, é também o local onde infelizmente o Natal mal se sente...
Olhem, em caso de desânimo façam como eu...Vão para fora, Cá dentro!




quinta-feira, dezembro 09, 2004


A época natalícia , de um modo geral, põe-nos nostálgicos.
Peço desculpa por voltar a este tema, mas é um bocado impossível não me deixar contagiar por esta febre.
Ainda por cima com esta propagação frenética de luzes e melodias natalícias pela cidade!
Relembro inevitavelmente a minha infância , que em comum com a infância dos outros, guarda dias de Dezembro com cheirinho a castanhas assadas , compras de Natal no Chiado , concertos de Natal em Igrejas e uma ida ao circo.
Como diz uma amiga, já chegámos aquela fase que em vez de fazermos as coisas, contentamo-nos em falar do tempo em que as fazíamos!
Numa altura em que custa ao mundo sorrir e tenho uma família pequena e sem crianças, devo dizer que já foram melhores estas temporadas.
Numa tentativa de recuperar ( ou reviver) a mística de outrora, segui a programação cultural da Câmara Municipal de Lisboa e fui a uma missa cantada na Igreja de S.Nicolau ( que agora recuperada ganhou uma luminosidade que deve mesmo ser visitada).
Aproveito para louvar a CML por estes concertos de Natal.
Sabe bem viver o Natal fora dos centros comerciais e mais perto das igrejas.
Afinal, supostamente celebramos o nascimento de Jesus... ou estarei enganada?
Catolicismos à parte, não há Natal sem circo, nem circo se não fosse a época natalícia. Sempre encarei os circenses como formigas, desta feita trabalhadores no inverno para maiores descansos no verão.
A muito custo lá me convenceram a ir ao circo.
Confesso que a ideia não me agrada especialmente e que o circo desperta em mim pouca curiosidade.
Mas, determinada a reviver os natais da infância, acedi e no final de contas não me arrependi minimamente.
Aliás, atrevo-me mesmo a dizer que gostei!
Surpreendentemente os palhaços tiveram realmente graça, não havia leões, mas break dancers russos e acrobatas quenianos, araras amestradas capazes de cálculos matemáticos e um malabarista cubano, recordando Jim Carrey nos tempos da Máscara.
O cheiro a pipocas não me enjoou, a felicidade e deslumbramento das crianças presentes contagiaram-me, o cheiro característico dos animais não me repugnou e por instantes voltei a ser pequenina e esquecer que já pesam 23 anos.
Isto de crescer até parece ser engraçado...mas espero sinceramente que isso nunca aconteça comigo! ;)

segunda-feira, dezembro 06, 2004

"Quotes" do Woody Allen

My love life is terrible. The last time I was inside a woman was when I visited the Statue of Liberty.

It's not that I'm afraid to die. I just don't want to be there when it happens.(Death)


A fast word about oral contraception. I asked a girl to sleep with me and she said 'no'.(Woody Allen Volume Two)

I took a speed reading course and read War and Peace in twenty minutes. It's about Russia.(Quote and Unquote)

On bisexuality: It immediately doubles your chances for a date on Saturday night.(New York Times)

I had a terrible education. I attended a school for emotionally disturbed teachers.

Jingle Bells

Se há coisa que me irrita no Natal é facilidade com que as carteiras emagrecem e os quilos aumentam.
Sinceramente, com este frio e tantos doces, a tendência é para comer sem parar, de preferência na horizontal ou bem sentada numa poltrona, junto á lareira, com um bom filme na televisão, acompanhado de algumas preces sussurradas, que apelam ao menino Jesus para que não deixe que nada nem ninguém interrompa tão reconfortante inércia.
E os presentes, digam lá o que disserem os menos materialistas, contam sempre.
Qual de nós não lançou já um esgar de ódio ou um belo dum sorriso amarelo ao receber presentes classificáveis como ridículos. (Até hoje não percebo como é que há pessoas capazes de oferecer meias brancas de presente de Natal!)
Mas este ano parece que a coisa vai ser diferente...
Pelos vistos, este ano o Pai Natal chegou mais cedo.
Pelo menos já recebi dois presentes que julguei nunca vir a receber:
1) O Santana vai-se embora. ( Ainda que hoje à tarde se tenha apresentado com a pompa e a descontracção do costume na Igreja de S.Nicolau, distribuindo charme pelas velhotas que o aclamavam e lhe davam palavras de conforto)
2) Após anos de boatos mal dissimulados, o Pinto da Costa lá está finalmente indiciado em crimes de corrupção. Não há fumo sem fogo e talvez agora se entenda melhor os longos jejuns quer do Sporting quer do Benfica.
Depois disto, o país continua sem razões para sorrir e não creio que possamos falar de grandes alternativas governativas, mas enfim...eu já ando mais contente.
Sem um tostão no bolso, mas com um início de época natalícia como este, até as meias brancas me bastariam na noite de consoada!










sábado, dezembro 04, 2004

Confissões das Mulheres de 30



Qualquer mulher que seja verdadeiramente feminina tem um lado fútil.
Não se exaltem as meninas, porque esta minha afirmação nada tem de prejurativo.
Quando digo que todas temos um lado fútil, refiro-me ás nossas preocupações em estarmos bonitas, com um cabelo cuidado, com roupa nova, em nos apresentarmos bem, em usar perfume.
Gaja que é gaja gosta de se sentir bem e ter o ego lá em cima.
Hmmmm...mas...espera lá, não serão muitos homens também assim? Não será a futilidade/vaidade mais uma questão de personalidade do que de sexo?
Ontem à noite fui ao teatro com duas amigas ver três divertidas mulheres de 30 anos confessarem-se.
Algumas pessoas consideraram esse meu plano fútil. Mas porquê fútil? E porquê associarem sempre esta palavra a programas de mulheres???
Teve até bastante conteúdo e o efeito em mim foi saudável: saí bem disposta!
Admito que o tema da peça não seja o mais profundo do mundo, nem as ideias que comporta sejam as mais inovadoras, mas sabe bem esquecer por uns tempos o lado sério e negro da vida e interromper a cansativa actividade intelectual que a profissão exige.
Foram duas horas de gargalhadas genuínas, actrizes descontraídas e bem humoradas que criaram um ambiente familiar e íntimo com um público que , aos poucos e poucos, se ia identificando com uma ou outra situação que as mesmas relatavam.
Para mim, que ainda ando na casa dos 20 ,foi tranquilizante saber que os meus problemas não são exclusivos e que continuam aos 30.No entanto, há uma pequena nuance: aos 30 eles acentuam-se!

sexta-feira, dezembro 03, 2004

A tats fez anos!

Hoje a minha amiga Tats está de parabéns.
Ou melhor, ontem esteve de parabéns.

Afinal já é uma da manhã e o seu dia já terminou... pelo menos oficialmente.
Mas para mim ainda é tempo de celebração.
Acabo de chegar a casa e ainda sinto que há muito a ser dito.

Se calhar deveria dizê-lo todos os dias, se calhar não devia esperar por momentos específicos em que é suposto dizermos qualquer coisa simpática...se calhar devia aprender a lidar melhor com os afectos e aprender de uma vez por todas a expressá-los.
Sou daquelas pessoas com um coração gigante, onde há espaço para luz e sombras.
São nestas últimas que me sinto mais confortável, quando tenho algo a criticar ou um dedo a apontar.
É-me muito mais fácil coleccionar e divulgar pequenas mágoas, do que assumir paixões, amizades e admirações.
Estas últimas são muitas vezes transformadas por mim em renhidas disputas e ciúmes mal dissimulados.

A minha amiga Tats pertence a este grupo, ao grupo da luz.
E como eu gostava de saber dizer-lhe mais vezes o quão especial ela é e quanto a admiro.
Mas não sei dizê-lo. Não o faço...
Porque me custa trabalho, porque me causa embaraço, porque nunca cresci e esse lado soalheiro do coração, onde colecciono as amizades, tão pouco o fez.

Por isso limito-me a desejar-lhe os parabéns, dar-lhe um abraço apertado e sentir um enorme orgulho em ser sua amiga!





quarta-feira, dezembro 01, 2004

“Sobre a nudez forte da verdade-o manto diáfano da fantasia”



E passando agora a temas mais importantes...

Após um par de anos de algum comodismo mental e de falta de iniciativa, ambos unidos numa culpabilização da televisão e internet, como principais ocupações dos meus tempos livres, eis que me assumo novamente como devoradora de livros.
Grandes, pequenos, divertidos, dramáticos, de autores clássicos ou de contemporâneos, marcantes ou facilmente esquecidos...tanto faz.
Transporto sempre um livro comigo, mesmo à mão de semear para devaneios fantásticos e fugas imprevistas para universos que não são o meu.
Esta semana dediquei-me a um clássico da literatura portuguesa: a “Relíquia” do Eça de Queiroz.
Pensar que neste espaço de tempo, algures entre a estação de S. Sebastião e os Anjos, viajei de Évora para Lisboa, do Campo Santana para Alexandria e desta para Jerusalém, folheando páginas amarelecidas pelo passar dos anos na biblioteca dos meus pais.
Pleno de humor, o enredo desenrola-se em descrições infindáveis, ao jeito tão característico do Eça. (jamais esquecerei a descrição da chegada a Sintra do Sr. Carlos da Maia ao longo de 25 páginas! Ou seriam mais???)
Mas contrariamente ao que sucede nos Maias, a saga de Teodorico é-nos oferecida pelo Autor num constante tom apimentado, onde através de episódios hilariantes , o mesmo elabora uma critica mordaz e astuta à sociedade da época, conservadorismos e classes dominantes.
Não obstante a data da publicação, a actualidade do enredo permitir-lhe-ia que o mesmo fosse escrito hoje, tomando por exemplo a nossa actual sociedade , que em tanto tempo, tão pouco ou nada mudou.
A D.Patrocínio, personificando o devotismo fanático e inquestionável, os amigos de conveniência disfarçados sob a máscara da religião, o interesseiro e hipócrita Teodorico, a sociedade portuguesa facilmente manipulável através de recordações beatas falsificadas, são ingredientes que tornam este romance numa verdadeira preciosidade.
Deixando á vossa consideração determinar se o mesmo é ou não uma relíquia, digo-vos que pelo menos aos meus olhos, considero ter mais uma preciosidade neste meu pequeno património literário.
E tal como qualquer relíquia que se preze, acabei por descobri-la tarde...mas não demais!

“Porque houve um momento em que faltou esse “descarado heroísmo de afirmar”, que, batendo na Terra com pé forte, ou palidamente elevando os olhos ao Céu- cria , através da univeral ilusão, ciências e religiões.”

terça-feira, novembro 30, 2004

And now the moment we´ve all been waiting for...


Depois do jogo governamental do “Passa-ao-outro-e-não-ao-mesmo” ( o qual, sejamos francos, já vinha desde o dia da tomada de posse com o entra e sai de ministros), a miracle finally happens: Sampaio vai dissolver a Assembleia da República.
Eu sabia que este sportinguista não me iria deixar ficar mal. Para os mais distraídos , refiro-me ao Sampaio.
Olhe Sr. Presidente, lá diz o povo: Antes tarde do que nunca!

segunda-feira, novembro 29, 2004

A insónia

Não há nada pior do que uma insónia na noite de domingo para segunda:a semana começa logo agoirada.
Mas a que se deverá ?
1) Terá sido pela emoção de ver a Paula Coelho sair da Quinta, levando ao rubro o Sr. Avelino, que quase berrou ( fiel ao estilo do pátio das cantigas) a célebre frase: "Oh filha vamos embora qu´isto é tudo uma grande aldrabice!!"
2) Será que ainda não recuperei do artigo explosivo do Prof. Cavaco Silva e da sua teoria Gresham? ( não era preciso ir tão longe sr. professor. Qualquer peixeira do bulhão lhe poderia dizer o que os nossos actuais governantes têm que fazer : " Saiam do poleiro, cambada de chupistas!")
3) Ou dever-se-á a minha insónia ao facto de ter visto um antigo colega de escola, em directo no Herman Sic, a proclamar frases invertidas? ( isto deveria ser um sinal para aqueles pais cautelosos que ainda consideram pôr os filhos a estudar na Escola Alemã! ;) )









domingo, novembro 28, 2004

How to dismantle an atomic bomb




Depois da tempestade sempre vem a bonança... sempre achei este lugar-comum bastante piroso.
Mas que se dane, afinal hoje é domingo, está a chover e ainda estou a convalescer.
Como tal, posso-me dar ao luxo de pirosadas, devaneios, birras e comportamentos infantis que despertam os mimos da avó e da mamã.
Onde íamos ?Ah sim...falávamos de tempos de bonança.
Pois é, nem tudo está a ser mau este fim-de-semana. Afinal, isto de ficar doente até tem um lado positivo: finalmente dois dias inteiros sem fazer absolutamente nada.
Acho que ás tantas não estou com gripe, mas é apenas o meu corpo a reclamar a falta de descanso.
E que melhor para acompanhar este tão desejado dolce fare niente que uma boa banda sonora?
No passado dia 22 os U2 lançaram um novo álbum “How to dismantle na atomic bomb”, que recupera o antigo espírito U2, um tanto ou quanto camuflado quer no “Pop” quer no “All that you can´t leave behind”.
Facciosismos à parte, adorei os dois, mas já sentia saudades das sonoridades do Achtung Baby e do Joshua Tree, que este último álbum recupera tão bem.
É tão bom regressar a um lugar conhecido e sentir-nos em casa.
Assim me sinto eu ao descobrir este novo albúm...
De facto há pessoas que nunca se desligam por completo do passado...eu sou uma delas.
Os U2 pertencem a esse passado, mas mais do que isso , preenchem uma grande parte do meu presente.
Thank you guys por mais uma vez em que não me deixaram ficar mal!

Recomenda-se:
One step closer
Sometimes you can´t make it on your own
A man and a woman

sábado, novembro 27, 2004

Um dia lixado

Hoje acordei para um dia que descrevo como LIXADO.
É sábado e acordo espontaneamente às 8.30 a achar que é dia de trabalho. Apercebo-me do equívoco e agradeço as horas de sono que ainda me esperam.
Afinal tenho um dia de sábado inteirinho para desfrutar sem pressas ou compromissos.
Por volta do meio dia lá me levanto e eis senão quando dou por mim a sentir a cabeça pesada, dores no corpo e o nariz fungoso.
Menosprezei a coisa, atribuindo a estes sintomas uma eventual ressaca do dia anterior.
Óbvio que depois do almoço já não podia negar uma evidência: era gripe …e era forte.
Ou seja, é sábado, um dos únicos dias da semana em que não trabalho, não tenho aulas nem ginástica e em que supostamente poderia aproveitar para fazer tudo aquilo que não posso durante a semana.
Mas estou de cama, fungosa e dorida, com um big bang prestes a acontecer na minha cabeça.
De certeza que segunda-feira já estou curada e não poderei usar a gripe como desculpa para a minha preguiça.
Tinha programa para jantar que ficou adiado sine die.
O Euro milhões foi ganho…e não foi por mim.
Tento escrever alguma coisa interessante mas não consigo, já que a única coisa que neste momento fluí é ranho!
Sinto-me verdadeiramente e sem margem de dúvidas…LIXADA.

quinta-feira, novembro 25, 2004

Audare Sabere

Hoje fui receber o meu diploma de curso.
Ambiente solene e presunçoso, uma pequena amostra daquilo que vivi e que me deixava pasma.
Como é óbvio, quebrei o protocolo.
Qual Bridget Jones ,saí pelo lado errado, deixei cair um dos “presentes” que tão gentilmente a Fdunl me ofereceu, corei até á raiz do cabelo, mas principalmente recordei o motivo pelo qual não gostei da minha passagem por aquela faculdade.
Em primeiro lugar, pelo exemplo que não dão.
Passo a explicar...
Na FDUNL, por um lado há uma massa de pessoas interessantes e interessadas pelo mundo e diversidade cultural.
Por outro, existem os que realmente importam: os supostos grandes génios, os que merecem uma menção especial por parte dos professores, os que em vez de um mero aperto de mão , recebem o diploma acompanhado de um beijinho e abraço saudoso.
Estes últimos vibram com a cerimónia.
Os ilustres anónimos não tanto.
Penso que é desnecessário dizer, quer pelo tom do discurso quer pelo post anterior, que eu pertenço a este segundo grupo.
O que entristece mais em toda a situação é pensar que uma faculdade é um instituto de utilidade pública que, citando um dos oradores da cerimónia de hoje, existe não para benefício dos estudantes ou professores, mas sim em prol de toda uma comunidade.
De uma comunidade que ali busca uma consolidação dos seus conhecimentos, valores e princípios básicos para a vida.
Então como é que se explica o facto desse mesmo instituto de índole pública, com a pretensão de educar massas e inculcar valores, é o primeiro a dar o pior exemplo: privilegiando um grupo restrito discriminando todos os demais, utilizando uma cerimónia de entrega de diplomas como meio de propaganda e acima de tudo, demonstrando nos actos (não nos diálogos indecifráveis e terminologias vagas) que o que somos não importa: o que vale é o que parecemos ser!
Reitero o que disse anteriormente: este é o lema das faculdades de direito e dos profissionais de direito...
Pior que isso: este é o lema da sociedade de hoje, do mundo em que vivemos...
E como me envergonho de fazer parte deste mundo legalista...
Sei que ali fui parar por engano, mas não deixo de me sentir triste.
Triste não apenas por coabitar num mundo com estes valores e estas pessoas, mas mais que tudo por ter desperdiçado o meu dia de hoje numa cerimónia que não me disse nada...que tão pouco significou.








segunda-feira, novembro 22, 2004

A banda sonora de hoje e sempre...


You've got your ball
You've got your chain
Tied to me tight tie me up again
Who's got their claws in you my friend
Into your heart
I'll beat again

Sweet like candy to my soul
Sweet you rock and sweet you roll
Lost for you
I'm so lost for you
You come crash into me
And I come into you,
I come into you
In a boys dream
In a boys dream

Touch your lips just so I know
In your eyes, love, it glows so
I'm bare-boned and crazy for you
When you come crash into me, baby
And I come into you
In a boys dream
In a boys dream

If I've gone overboard
Then I'm begging you to forgive me
In my haste
When I'm holding you so girl... close to me
Oh and you come crash into me, baby
And I come into you

Hike up your skirt a little more
and show the world to me
Hike up your skirt a little more
and show your world to me
In a boys dream...
In a boys dream
Oh I watch you there through the window
And I stare at you
You wear nothing but you wear it so well
Tied up and twisted, the way I'd like to be
For you, for me, come crash Into me




"Crash into me" , Dave Matthews Band




domingo, novembro 21, 2004



"O Grito", Edvard Munch

O sonho

E de repente acordávamos.
Baixavas o som à televisão e com olhos ensonados e remelentos vinhas encostar a tua cabeça no meu colo.
Perguntavas se eu estava bem e eu respondia-te que sim, ainda que o meu coração permanecesse acelerado, ansioso , temeroso...
Mas o teu toque trazia-me de novo á realidade, ás mesquinhices e pequenezas do meu quotidiano, às minhas preocupações que não o são, à rotina superficial e irreflectida que traz segurança aos meus dias.
Tudo não passara de um sonho...nada daquilo havia sido real.

E depois contínuavamos a viver como se nada se tivesse passado e nunca tivessemos conhecido aquela história...






sábado, novembro 20, 2004

Maria Rita



E mais uma vez se cumpriu o ditado de que as mulheres não se medem aos palmos.
Antes de prosseguir, cumpre deixar uma coisa bem clara: não existem mulheres pequenas...APENAS MULHERES COMPACTAS!
Uma vez puxada a brasa à minha sardinha, voltemos ao tema do post: Maria Rita ao vivo no Pavilhão Atlântico.
Apesar do sítio não ser dos melhores e da acústica deixar muito a desejar ( que saudades do ambiente intimista dos concertos no Coliseu), o concerto de Maria Rita ontem foi um “arraso”.
A casa não estava bem composta, só 3 mil pessoas assistiram à performance daquela “menina-mulher” que em palco se converte num vulcão de energia e boa disposição.
Cheguei mais cedo e assisti aos ensaios.
Deparei-me com uma mulher baixinha e com um ar infantil, que afinava os últimos acordes com a banda que a acompanha.
Duas horas depois, esse metro e meio de gente transformou-se num mulherão sensual, com uma inacreditável expressão corporal e uma voz melodiosa, que apesar do frio do que se fazia sentir lá fora, fez aquecer os presentes na sala Atlântico.
Eis a prova de que não precisamos de ser grandes para ser grande coisa.
Maria Rita ontem encheu o palco sózinha e aqui a quase homónima ficou contente com o que viu.

quarta-feira, novembro 17, 2004

Aquele abraço…

aos que não se esquecem de cá vir todos os dias,
ás pessoas de elogio simples mas verdadeiro,
àqueles que sabem o que querem e lutam por isso,
aos sportinguistas que estiveram em Alvalade domingo passado,
ás pessoas não rancorosas e complicadas,
aos amigos porque sim, que não nos atormentam e desempenham bem o seu papel,
aos amigos que estão fora e a quem a preguiça me impede de escrever,
ás tardes frias, passadas entre mantinhas, televisores e bolos acabados de fazer,
aos jantares de sábado à noite,
aos condutores civilizados,
aos blogs que se convertem em livros,
aos escritores anónimos da blogosfera,
aos contributors desaparecidos deste blog,
aos posts sérios ,
aos posts palhaços…
E claro, ao Gilberto Gil e ao seu Rio de Janeiro, que com certeza, continua lindo!

A corrida mais louca do mundo

Parece-me que ultimamente o tempo não dá tréguas...passa a correr e não abranda ritmo perante nada nem ninguém.
Momentos encadeados a uma velocidade vertiginosa, relações, sentimentos e pensamentos que não se sedimentam... e tudo graças a ele.
O tempo não deixa e nós não nos podemos dar ao luxo de o perder.
O que desejamos temos que obter no momento, tem que se ser já, porque se o for já depois já não é igual.
Entretanto, todos os dias repetimos as rotinas e esquecemos os porquês.
Uma existência atormentada por uma pressa inexplicável...e no entanto corremos sem saber para onde, sem saber para quem, sem explicar porquê.
Corremos pelo carro que não temos, pela casa que queremos comprar, para a pessoa que julgamos amar, para o cinema que não podemos perder, para os filhos que temos que cuidar, para aqueles a quem tentamos agradar.
Tudo cronometrado , mas no fim não se batem recordes.
E no fim não conseguimos parar e só nós próprios acabamos em último lugar.
Ás vezes temos o privilégio de ter a companhia de alguém...alguém que, ao contrário de muitos outros não nos abandonou, que nos encontros e desencontros da vida não perdeu o significado, que indubitavelmente é uma prioridade e não apenas uma nota ao lado de um horário da agenda.
Em relação a tudo o mais, o tempo exerceo seu efeito corrosivo: deixamos de viver, deixando a vida passar através de nós.
Sentamo-nos então, atormentados, acelerados, exaustos e sedentos por algo que não conseguimos explicar.
O cansaço toma conta dos corpos e subitamente, deixamos de fazer as coisas bastando-nos apenas falar delas e do tempo em que ainda as fazíamos.


“TODOS OS DIAS É UM VAI E VEM
A VIDA SE REPETE NA ESTAÇÃO
TEM GENTE QUE CHEGA PRA FICAR
TEM GENTE QUE VAI PRA NUNCA MAIS
TEM GENTE QUE VEM E QUER VOLTAR
TEM GENTE QUE VAI E QUER FICAR
TEM GENTE QUE VEIO SÓ OLHAR
TEM GENTE A SORRIR E A CHORAR
E ASSIM CHEGAR E PARTIR
SÃO SO DOIS LADOS DA MESMA VIAGEM”


Maria Rita, "Encontros e Despedidas"

segunda-feira, novembro 15, 2004


“Gosto de me abraçar a ti, depois, de bochecha no teu peito (medes mais centímetros do que eu, o que me leva a procurar , nas ruas, o lado mais alto dos passeios), e saber que enquanto tomares conta de mim a minha vida caminhará, de acordo com imprevistos e caprichos que me escapam, de uma forma empenada mas segura.”

António Lobo Antunes, in Auto dos Danados

domingo, novembro 14, 2004

As saudades que não sinto


Algo de muito estranho se deve passar comigo por não sentir saudades da faculdade.
A sério que não !
Trabalho mesmo ali ao lado do belo campus de Campolide, onde supostamente durante 5 anos vivi os melhores momentos da minha vida.
No entanto, cada vez que vislumbro a fantástica reitoria da Nova não sinto qualquer tipo de nostalgia.
Apenas recordo com alguma mágoa o que a construção daquela obra-prima da arquitectura provocou na minha vida estudantil: caos, desorganização, entrar nas aulas e em casa com os pés totalmente enlameados e as discussões sistemáticas com os seguranças que não me deixavam estacionar na faculdade:
- Bom dia, eu vou só buscar um certificado. Posso entrar?
- Então e o selo?
- Ah , é que eu acabei o curso a semana passada e venho só recolher o certificado das notas. Não pedi o selo para este semestre porque graças a Deus já não vou estar cá.”
- Pois...mas temos ordens expressas da Reitoria para só deixar entrar quem tem selo.
- Mas eu só me demoro 5 minutos. Mesmo! Além disso a secretaria está mesmo mesmo a fechar. Deixe-me lá entrar.
- Peço desculpa menina, mas ordens são ordens. Só pode estacionar quem tem selo.
- Mas eu já acabei o curso! Venho apenas buscar o certificado.
- É preciso o selo, já lhe disse.
Com menos conversa e já tinham passado 5 minutos.
Em suma, lá fui eu estacionar o carro no parque de terra batida, ao fundo da rampa da cabra Joana e no meio de carros abandonados já meio desmontados.
Subi a rampa a correr, cheguei à secretaria dois minutos antes da hora de encerramento, agarrei na certidão e lá fui esbaforida até ao carro com os nervos á flor da pele.
Outra situação muito agradável era o famoso DIA DA FACULDADE, quando nos proibiam de estacionar ás oito da manhã dentro do recinto do campus, porque ás oito da noite iria decorrer uma cerimónia .
Não fosse o Diabo tecê-las, o melhor era prevenir e guardar lugares para os convidados de honra. Que se lixem os estudantes.
Esta falta de ginástica mental deu-me cabo dos nervos!
Mas melhor do que isto só mesmo a feira de vaidades aquando da colocação dos resultados dos exames finais.
Sempre adorei aqueles que se insurgiam violentamente quando tinham 5.( note-se que a nota máxima na Faculdade de Direito da Nova é 6)
Transcendeu-me sempre a adulação servil de alguns alunos face a professores que nunca passaram disso mesmo.
Salvo honrosas excepções , um grande número deles são seres desfasados da vida real e das necessidades básicas com que passámos confrontados este último mês de Setembro quando começamos a trabalhar.
Seres estes que incutiram em alguns uma segurança e certeza que hoje se manifesta em arrogância e numa tremenda falta de humildade.
Mas quem me houve falar assim ( ou melhor, quem lê o que escrevo) vai pensar que aquilo foi um horror, quando na realidade esteve bem longe disso.
Simplesmente não foi marcante...
Nem para o bem, nem para o mal.
Foram cinco anos que passaram e que bem se passaram eles.
Se foram os melhores ou não só o tempo o dirá.
Mas não sinto saudades...saudades sinto de algo que perdi e, no que concerne a faculdade, como posso ter perdido algo se na realidade nunca ali senti qualquer sentimento de pertença?

sábado, novembro 13, 2004

Projectos e afins...


Para que nunca se possa dizer que estas ideias não existiram, que tal nunca foi por mim pensado e que as mesmas nunca foram objecto de desejo, cá vai uma lista de coisas que um dia gostaria de fazer:

1) viajar de Buenos Aires para Santiago do Chile, descer á Patagónia e Terra do Fogo e subir tudo até ao Perú
2) criar alicerces para um dia poder ir viver para Barcelona
3) fazer uma pós-graduação em História (também não me desagradava a ideia de ser uma pós-graduação em “estórias” !)
4) escrever para a Blue Travel
5) ter uma livraria-café
6) inscrever o Bush no Centro Helen Keller

A questão que ora se coloca, é saber se algum dia estes projectos passarão de o ser??!

Cairo 1929 - Paris 2004



É estranho ver desaparecer um ícone do nosso século.
A morte de Yasser Arafat deixou-me perplexa.
Não apenas devido a toda a “fantochada” que rodeou esse facto, as contradições e a falta de clareza relativamente às causas da sua morte, mas principalmente porque desapareceu para sempre uma imagem que pertenceu ao meu imaginário desde os tempos que a minha memória me permite alcançar.
Note-se que é incrível o reconhecimento global que Arafat teve, especialmente tendo em conta o seu passado terrorista.
Especialmente nos dias de hoje, que o terrorismo é um dos grandes , senão o maior, flagelo da humanidade.
Mas não é por isso que ele será recordado...
Aliás, as suas conexões terroristas quase que caem no olvido, ficando para sempre na memória a imagem de um homem que aceitou a paz, se predispôs a negociar e liderou com inteligência e bom senso.
Um homem que deu a conhecer ao mundo a causa palestiniana, que lutou por ideais, por uma causa em que verdadeiramente acreditava e que como ninguém espelhava o seu povo, as suas aspirações e as suas dores.
Um exemplo de que afinal ainda há líderes que representam a vontade do seu povo e não apenas dos lobbys que o colocaram no poder.

Kofi Annan: “For nearly four decades, he expressed and symbolized in his person the national aspirations of the Palestinian people".

quarta-feira, novembro 10, 2004

As eternas questões do meu quotidiano...

1) Porque é que quando o metro está a abarrotar há sempre umas pessoas simpáticas que encostam ao corrimão central e não deixam que os demais se agarrem durante a viagem?
2) Porque é que os funcionários públicos só complicam e estão sempre de mau humor se ás 16.30 terminam o dia de trabalho ao contrário do resto da população?
3) Porque é que as mulheres dizem sim quando querem dizer não?
4) Porque é que os homens , quando são ultrapassados na estrada, reagem como se a sua própria virilidade estivesse a ser posta em causa?
5) Porque é que é suposto toda a gente gostar de Kafka?
6) Porque é que quase nunca uma mulher cómica é simultaneamente sexy?
7) Porque é que o Euromilhões foi ganho por um espanhol e não por mim?
8) Porque é que a partir dos 40 anos a palavra “complicado” se torna o vocábulo mais utilizados no nosso vocabulário?
9) Porque é que a típica mulher portuguesa subitamente é loira e permanentemente bronzeada?






Boa Hora


Estavam todos sentados na primeira fila, observando ansiosamente os gestos mecânicos da juíza.
Para ela tratava-se de mais um dia...mais um igual a tantos outros.
Para eles , naquele dia, àquela hora, naquela sala, ditavam-se os seus futuros.
A juíza não se deixa comover... Esta cena repete-se inúmeras vezes ao longo do ano. Ás vezes até mais do que uma vez por dia.
Ela não via rostos, percursos de vida, historiais ou sequer os familiares e amigos que se amontoavam nos últimos bancos da sala.
No entanto são estes últimos que constituem a visão perturbadora.
Através da respiração ofegante e descontrolada denunciavam o nervosismo crescente.
Muitos tinham os dedos cruzados em gestos de oração.
Muitos comentavam com desdém e rancor aos comentários proferidos pelo advogados enquanto interrogavam os arguidos.
Mas todos eles sofriam, ainda que uns mais em silêncio que outros.
Não são dossiers...não são números, siglas, pessoas colectivas nem meras parcelas de uma estatística.
São pessoas como nós, como eu e como tu, numa situação onde qualquer um de nós pode um dia vir a estar.
No último banco estão pessoas fragilizadas, assustadas e em choque.
E para estes , naquele momento, o menos importante é saber se os do primeiro banco são inocentes ou não...

terça-feira, novembro 09, 2004

Huis clos


Jean Paul Sartre

Tous ces regards qui me mangent...Ha! Vous n´êtes que deux?Je vou croyais beaucoup plus nombreuses. Alors...c´est ça l´enfer. Je n´aurais jamais cru... Vous vous rappelez: le soufre, le bûcher, le gril...Ah!quelle plaisanterie. Pas besoin de gril: l´enfer c´est les Autres.

segunda-feira, novembro 08, 2004

Um obrigada do tamanho do mundo!

Não consigo expressar muito bem o que sinto quando me escrevem a elogiar o blog.
Para quem ,como eu, quer viver das palavras, é um absurdo que de repente elas faltem ou me pareçam insuficientes para demonstrar aquilo que me vai na alma.
Resumidamente e de um modo simples ( como aliás já é hábito deste blog), agradeço a todos aqueles que vêm deixando os seus comentários, àqueles que me motivaram quando pensei em abandonar o projecto e àqueles que diáriamente perdem meia hora de trabalho a ler aquilo que apressadamente escrevo quase sobre o joelho ( sabe que nem ginjas não começar logo a trabalhar, não é?).
Fico mesmo muito contente por gostarem de visitar o meu mundo!






domingo, novembro 07, 2004

Gato Fedorento ao Vivo

Completamente caídos do céu ( ou melhor de um anjo chamado Joana...obrigada!), dois bilhetes para o espectáculo do Gato Fedorento ao Vivo ,vieram parar às minhas mãos ontem à noite.
Admito que sou bastante desconhecedora do programa de televisão, mas o blog é de facto de "partir o coco a rir".
Sem expectativas, sem conhecer 80% das piadas e de uma forma totalmente inesperada, dirigi-me ao Tivoli, onde sou surpreendida por uma multidão jovem e totalmente frenética para entrar na sala e assistir àqueles 4.
Foi assustador constatar que a maioria das pessoas ali presentes sabia de cor as piadas e eu não fazia a mais mínima ideia!
O meu irmão é fanático pelo Gato Fedorento e até me senti mal por ir eu e não ele.
Mas quaisquer dúvidas, cepticismos ou renitências ficaram em casa a partir do momento em que o espectáculo deu início.
Foram duas horas de genuinas gargalhadas, de um humor inteligente e apurado, de palhaçadas sem nexo e actores com um à vontade surpreendente, com textos bem escritos e de verdadeiro talento.
Adorei!
Pena que ontem foi o ultimo dia...mas não faz mal, na Tv há mais!








LISBOARTE

Ontem aproveitei relativamente bem o meu sábado.
Fiel ao lema de ser turista na minha cidade, a percurso cingiu-se à zona da Lapa , Santos e São Bento, tendo como paragens obrigatórias as galerias de arte e antiquários que povoam toda aquela zona.
Confesso que para mim a zona se Santos limitava-se, há alguns anos atrás, a uma zona de diversão noctívaga, onde a cerveja da Botica custava um euro e o vodca maçã do “Fluid” temperava (melhor, regava...) a ida até ao Lux.
No meio da passeata deparamo-nos com uma agradável surpresa.
A Associação Portuguesa das Galerias de Arte juntamente com a C.M.L organiza no âmbito do programa Lisboarte , visitas a diversas galerias, que nesses dias em que são visitadas, organizam beberetes e visitas guiadas, dando vida aos quadros expostos, que desta forma ganham nomes, vida e história.
Não sendo uma vasta conhecedora do mundo das artes, o facto de ter alguém a guiar-me na visualização das obras, faz-me compreender um pouco mais e avaliar o artista sob outra perspectiva, tirando-o do anonimato do meu cérebro.
A Lisboarte irá prolongar-se até Dezembro e para acompanhar as visitas estavam disponíveis autocarros que partiram do Museu da Cidade .
Uma vez que ainda resta um mês para o final desta iniciativa, recomendo vivamente este programa, mas não façam como eu e o Chinês que descobrimos tudo isto ao acaso e nos infiltrámos literalmente no grupo de cidadãos bem informados e interessados que previamente se haviam inscrito e organizado.
A minha inércia mental durante a semana não me permite andar tão actualizada como desejava... que bonita a vida de trabalhador...
Se ao menos os dias tivessem 48 horas...
Olhem, pelo menos o sábado não foi passado no Colombo!





quinta-feira, novembro 04, 2004

Eleições nos EUA


Se antes não tinha a certeza, agora não restam quaisquer dúvidas! O povo americano é sem dúvida alguma o povo mais imbecil que conheço.
Einmal ist keinmal, zweimal ist zu viel.
Não aprenderam da primeira (ou gostaram tanto dela), que não hesitaram em elegê-lo outra vez.
Não será estranho que o mundo inteiro se tenha demonstrado apreensivo e desiludido com o resultado destas eleições?
Não os fará pensar o facto de terem comemorado a vitória de Bush "orgulhosamente sós"?
God save America...And God save us all!

segunda-feira, novembro 01, 2004

Recordações dos anos 90...

Ontem, numa conversa com um sinistro sabor a Kebab, discuti com uns “recém amigos” o facto de hoje em dia praticamente não se fazer boa música.
Contam-se pelos dedos das mãos os álbuns que nos últimos 5 anos podemos considerar de qualidade.
Escasseiam cada vez mais os “grandes” concertos em estádios, realizados por grandes bandas que acabam por marcar não só um país, mas toda uma geração à escala mundial.
Uma grande banda não se limita apenas a arrastar multidões consigo, mas é aquela que produz espectáculos inesquecíveis ( jamais esquecerei U2 em Alvalade!) e que tem álbuns que se ouvem non stop ao longo dos anos sem que nunca nos fartemos.
Por exemplo, a geração do meu irmão, que é apenas 4 anos mais nova do que a minha, não viveu nada deste entusiasmo frenético dos grandes músicos, dos grandes nomes, dos espectáculos megalómanos.
Tiveram azar os coitados , que foram apanhados nas malhas da fast music: R & B made in the states, cantores de plástico, vozes computadorizadas e músicas fastidiosas que após um mês já não aguentamos ouvir.
Elevam-se as vozes contra a pirataria das músicas, contra mp3´s do kazaas, imesh, e B-tuga, mas sinceramente, quando julgo que um artista merece o esforço despendido, quando considero que se trata de uma obra de qualidade, não hesito em comprar o original.(Aliás, seria para mim um sacrilégio fazer cópia dos cd´s de certos autores.)
A conversa de ontem despertou em mim uma enorme nostalgia: do tempo em que a oferta de concertos em Portugal era escassa, mas na maioria dos casos de boa qualidade, da azáfama de comprar os bilhetes, do rumo nervoso a Alvalade com as sanduíches na mochila, o arrepio ao ouvir os primeiros acordes...
Graças a Deus que Janeiro está quase aí e os REM regressam...
Espero que Julho chegue rápido para ver os U2 novamente em Alvalade...
Agradeço ao Senhor pelo Super Bock e Sudoeste...


domingo, outubro 31, 2004

Las dos Fridas, Frida Khalo


Nunca vos aconteceu acordar de manhã com uma ideia obsessiva na cabeça que não vos abandona o resto do dia?
Não tem que ser necessariamente uma preocupação. Pode ser uma imagem, uma recordação, um livro, uma música... ( tentem nunca acordar com Dido na cabeça...!)
Esta noite sonhei com o México e com uma das minhas zonas preferidas da Cidade do México: Coyoacán.
Nesse pequeno bairro do D.F nasceu e viveu toda a sua vida a pintora/mulher que mais admiro: Frida Kahlo.
Pela vida que teve, pela forma como a encarou, pelas dificuldades que enfrentou, pelo original das suas pinturas, por ser uma visionária e revolucionária, por apresentar quadros com uma verdade pujante e cruel. Lembrei-me imediatamente do meu quadro preferido: “Las dos Fridas”. Mais do que representar os devaneios de uma criança que tinha uma irmã gémea imaginária, “Las dos Fridas” faz-me pensar que todos nós temos dois lados distintos, Permanecendo embora a mesma pessoa, há sempre algo em nós que desconhecemos, que distancia aquilo que pensamos ser e aquilo que realmente somos.

sexta-feira, outubro 29, 2004

Porque há dias assim...

Não há estrelas no céu a dourar o meu caminho,
Por mais amigos que tenha sinto-me sempre sozinho.

De que vale ter a chave de casa para entrar,
Ter uma nota no bolso pr'a cigarros e bilhar?

A primavera da vida é bonita de viver,
Tão depressa o sol brilha como a seguir está a chover.
Para mim hoje é Janeiro, está um frio de rachar,
Parece que o mundo inteiro se uniu pr'a me tramar!

Passo horas no café, sem saber para onde ir,
Tudo à volta é tão feio, só me apetece fugir.
Vejo-me à noite ao espelho, o corpo sempre a mudar,
De manhã ouço o conselho que o velho tem pr'a me dar.

Vou por aí às escondidas, a espreitar às janelas,
Perdido nas avenidas e achado nas vielas.
Mãe, o meu primeiro amor foi um trapézio sem rede,
Sai da frente por favor, estou entre a espada e a parede.

Não vês como isto é duro, ser jovem não é um posto,
Ter de encarar o futuro com borbulhas no rosto.
Porque é que tudo é incerto, não pode ser sempre assim,
Se não fosse o Rock and Roll, o que seria de mim?

DETESTO ACORDAR 10 MINUTOS ANTES DO DESPERTADOR TOCAR!
Serve o presente post para demonstrar a minha mais profunda irritação ...







terça-feira, outubro 26, 2004

O que deveria ter escrito ontem!

Ontem cheguei a casa tão cansada que não fui capaz de escrever nada, limitando-me apenas a colocar um fotografia do Caetano Veloso, tirada durante a digressão de promoção ao albúm “A foreign sound”.
Não conseguiria dormir descansada se não tivesse colocado aquele “post” ...
Isto porque tive a sorte de ver o Caetano actuar ao vivo pela primeira vez , que prometo que não será a última.
Muitos criticaram o facto dele praticamente não cantar em português, mas não esqueçamos que a ideia era a promoção do último albúm, todo ele cantado em inglês.
Confesso que mal conheço o albúm.
Confesso que senti falta do “Leãozinho” e do “Debaixo dos caracóis”.
Confesso que prefiro ouvi-lo cantar em português...
Talvez porque cresci a ouvi-lo cantar na língua que falo...
Ou talvez isso apenas se deva a alguma réstia de sentimento nacionalista que julgava ter perdido...
A verdade é que, na minha opinião, quando a música e o intérprete são verdadeiramente bons, o idioma e a letra das canções passam a ser secundários.
Porque a magia da música reside nos sentimentos que ela desperta em nós, nas memórias que através dela renascem, na forma como nos transporta a outros lugares e tempos nessa linguagem universal que todos entendemos, apreciamos e partilhamos.
Ao longo das duas horas de concerto não parei de pensar como um Caetano quase norte-americano, não deixa de ser o mesmo Caetano baiano, que imprime a sua marca indelével nas canções que interpreta, sendo ou não escritas por ele, sendo ou não cantadas em português.
Manhattan não só como pano de fundo, mas como a grande cidade do mundo, como cidade que se impôs no imaginário de todos nós através de filmes, músicas e cantores imortais e onde todos nos sentimos em casa, onde cada um encontra algo com que se identifica e à qual sempre queremos voltar.
Caetano transportou-nos Manhattan até ao Pavilhão Atlântico.Não a Big Apple como tradicionalmente a conhecemos, mas sim uma “island of joy” com sabor a bossa nova.




segunda-feira, outubro 25, 2004

"A foreign sound",but still it sounds so familiar...


"A minha pátria é a língua portuguesa"

domingo, outubro 24, 2004

Gosto de ...

escrever desenfreadamente
devorar livros na praia
não guiar na cidade de Lisboa
passar um domingo chuvoso a ver bons filmes
ouvir um elogio de um amigo
chegar ao final do dia e sentir que fiz algo útil
conhecer pessoas novas e sentir que dali pode nascer uma amizade
Lisboa
Barcelona
uma boa peça de teatro
sábados culturais
descobrir um bom restaurante
sonhar com a possibilidade de um dia viver da escrita
sentir que fiz um bom trabalho
ver a conta do banco recheada
ver programas de viagens no people and arts
viajar, viajar,viajar...sempre, de preferência com o Chinês, não importa para onde, não importa por quanto tempo...não importa se saio de casa ou aqui fico, se são viagens reais ou imaginárias, se passam ou não de um rasgo de imaginação concretizado em algum post da blogosfera ...







sexta-feira, outubro 22, 2004

A história do macaense de Londres

Bem, como já aqui contei num qualquer post, tenho uma memória miserável. Não pecebo se é falta de inteligência, se é o meu inconsciente que scanariza as pessoas e momentos a reter, mas o que sei é que por vezes é muito humilhante. Há dezenas, centenas de pessoas a quem já cumprimentei e fiz a tal conversa de circunstância sem fazer a mínima ideia com quem dialogava.

Ao ser convidada para entrar neste blog (o primeiro para o qual sou convidada!), prometi à Rit@ que tinha uma história para contar. Tem em parte a ver com memória, ou com a falta dela... Cá vai ela...

A HISTÓRIA DO MACAENSE EM LONDRES

Visualizem: Londres. Aeroporto. Princípios de Outubro. Eu à espera das malas. Eu nas escadas rolantes a caminho do tapete das malas quando...

"Desculpe... Por acaso não foi ao concerto da Dido?!"

Hello?!?!?!?!?!? OK. Isto NÃO pode ser uma pergunta daquelas que se atiram para o ar, do género "Desculpe, tem horas que me diga?". Este ano houve dezenas de concerto em Portugal, como é que ele ia acertar logo num dos que eu fui, que nem sequer estava muito cheio? Se ainda dissesse "Desculpe, não esteve no Rock in Rio?" ou "Desculpe, não esteve na última noite da Expo?" Agora Dido... Quem é que vai à Dido? Só eu, e milhares de casalinhos românticos insuportáveis. Ora, partindo do princípio que o amigo não atirou a pergunta para o ar, quer dizer que ele foi ao concerto, e que se lembra de me ter visto lá. OK. Novo pânico. Como é que uma pessoa se lembra de uma outra que só viu uma vez na vida, e a quem nem dirigiu a palavra? Será que ele era uma das poucas pessoas que não estava com parzinho? Será que fiz eye-contact com ele? TÍPICO!... Decisão de começo de ano: nunca mais fazer eye-contact com estranhos. "Mas porquê??? É uma emoção", clama uma vozinha dentro. Ok, voltemos ao amigo macaense.

"-Fui, fui ao concerto...
- Ah, é que me lembro de te ver lá
- Hummm" O que é que se diz nestas situações?!?

Bem, e porque eu sou uma mole, lá fomos os dois à conversa buscar as malas. Afinal, no meio do aeroporto desterrado de Gatwick, aquela pessoa era quase família. Conversa de chacha, e realizámos que vínhamos no mesmo avião de regresso.

Paragem para ele trocar dinheiro.

"-Quanto dinheiro é que achas que eu troque?
-? Sei lá! Não sei o que vais fazer, se vais dormir em casa de amigos, se vais a teatros, jantar fora..."

Pronto, lá se decidiu e sacou de uma nota de 500€.

Nisto, momento desconfortante quando a nota dele de 500€ foi examinada por não sei quantas pessoas diferentes. A páginas tantas o homem dos câmbios virou-se para ele e perguntou-lhe se ele não tinha outra nota . (Hello?!?!? Quantas pessoas neste mundo é que andam a passear notas de 500€ pelas ruas?!?!)

Mas não! O meu amigo (que por respeito vou omitir o nome) tinha uma outra nota de 500€.

Trocas feitas, sorrisos trocados, e eu aliviada por perceber que não ia presa como cúmplice de falsificação de notas.

Combóios, e "adeus, diverte-te!"

"-Espera! Podes-me dar o teu número de telefone?

MERDA! Porquê que estas coisas só me acontecem a mim?!?!!

-Olha, é que eu não vou ter dinheiro para o roaming.
- não faz mal, eu mando mensagens.
-Deixa-me antes ser eu a ficar com o teu.
-Ok. É o .... E o teu?"

Man! Não consigo dar os dois últimos algarismos trocados. Simplesmente não consigo. Lá dei.

No dia de regresso, às 6h não o vi. E end of story.

Era o endes! A história não acabou enquanto não recebi três simpáticas mensagens dele:

1 - "Olá! Ca estamos outra vez. Gostaste de Londres? Foi pena não nos encontrarmos outra vez. Afinal não ocorreu “não há 2 sem 3”. Mas vi-te...”

OK. O que é que quer dizer “não há 2 sem 3”?!?! se a 1ª vez a que ele se refere eu não o vi!!!!!

Passados uns minutos...
Bip! Nova mensagem.

2 - “... sair do avião. Tens e-mail? O meu é XXX Keep in touch. Pode ser que ainda encontramos em algum concerto”

Passados uns dias, nova mensagem...

3 - "Olá Rita do Dido. Aqui é o XXX do avião. Bla bla bla.............."

PORQUÊ?!?!?!?!

E ainda por cima ainda fico com remorsos por não lhe responder.
Amigo, se estás a ler isto, desculpa, mas neste momento a minha vida está demasiado caótica para me envolver em novas relações. E tens que concordar, que isto é um evento meio surreal!!!








quarta-feira, outubro 20, 2004

Morais Sarmento: modelo da RTP deve ser definido pelo Governo

http://ultimahora.publico.pt/shownews.asp?id=1206256

Intervenção de Morais Sarmento no 1º Colóquio de Rádio e Televisão em Portugal :

"...é necessário "haver limites à independência" dos operadores
públicos sob pena de ser adoptado "um modelo perverso" que exige
responsabilidades a quem não toma as decisões."


"Não tenho direito a mandar, mas tenho direito a ter opinião", sublinhou
Morais Sarmento, defendendo que "a RTP ainda tem um longo percurso (a percorrer) a nível dos conteúdos" que transmite."



Caros amigos,
Como vêem, todos nos precipitámos a julgar o nosso prezado Ministro Morais Sarmento. Afinal a intenção do rapaz era boa...
A ideia não é (re)instalar a censura! Percebemos tudo mal...Afinal o Sr. Ministro é apenas um telespectador consciente e preocupado, que se preocupa somente com o conteúdo e qualidade da programação televisiva.
É apenas um consumidor descontente, que através de um vincado sentido cívico reclama o seu direito à qualidade...
Mentes torpes as nossas!









O efeito "pavão"

O efeito "pavão"

O Instituto Nacional de Protecção Civil lança o alerta:

"A zona do Largo de Santa Bárbara, paredes meias com a Av.Almirante Reis, encontra-se vítima de uma praga assoladora, que practicamente não deixa ninguém que por lá passa incólume .
São pequenas partículas que se movimentam no ar, sendo que a sua proliferação é potenciada em escritórios de advogados de grandes dimensões, com open spaces minimalistas e climatizados.
Um vez instalados, os ditos micróbios afectam automaticamente o cérebro: este passa a produzir uma substância que bloqueia qualquer tipo de raciocínio susceptível de abranger mais do que um tópico de cada vez e os "afectados" recorrem incessantemente a vocábulos como "escritório", "sócio", "associado"e "project finance".
Como se não bastasse este atrofio intelectual, o efeito destes micróbios gera a convicção que os infectados são seres de um estatuto social e pessoal elevado, superior a qualquer outra raça de transeuntes com quem se cruzam, o que justifica que os "afectados" pela praga assumam comportamentos fora do vulgar: não cumprimentam colegas no elevador, falam sem olhar nos olhos o seu interlocutor, vestem-se de negro e a rigor demarcando-se dos demais e têm sempre um ar muito atarefado e pouco cívico. Sim, porque o virus produz uma substância que lhes reduz os ângulos de visão e quaisquer resquícios de bom senso e humildade, inchando-lhes o ego em quantidades abismais, o que consequentemente gera as chamadas "poses de pavão".
(Isto é, torna os "afectados" INCHADOS)
Agradece-se que as pessoas que apresentem desde já esses sintomas se dirijam quanto antes ás instalações da Delegação de Lisboa da Ordem dos Advogados, no já referido Largo de Santa Bárbara, de forma a integrar alguma das turmas da manhã para as sessões de terapia conjunta.
Pede-se ainda àqueles que não pretendam entrar em contacto com o virús, o favor de guardarem distância da dita zona.




terça-feira, outubro 19, 2004

O VAZIO

Atravesso um deserto intelectual…
As ideias fogem vertiginosamente de mim e não me dão hipótese de as concretizar em palavras, em textos ou dissertações que ocupam o tempo daqueles de vós que tão gentilmente vêm visitando este espaço.
Peço desculpa por esta morte prematura do Tico e do Teco.
Prometo em breve mais divagações sentimentais, textos humorísticos, histórias apaixonadas, sátiras e comentários maliciosos.
Sem mais de momento, comprometo-me a entrar novamente em contacto quando o meu cérebro entrar novamente em actividade…
FINS ARA!





La otra Rita

Ok. Já cá estou. O que é que é suposto contar?

domingo, outubro 17, 2004


"Picasso e Einstein"


Sou da opinião que só devemos comentar publicamente o que quer que seja se tivermos uma opinião positiva a dar ou um elogio a tecer.
Tento manter-me fiel a este princípio em todas as circunstâncias ,mas como tenho uma língua semi-afiada, volta e meia lá ando eu a “cortar” em alguém.
No entanto, o princípio está lá, o que nos dias de hoje é merecedor de algum valor.
Salvo respeito pelos críticos de arte, cinema e música, que fazem da “crítica” (muitas vezes maldosa) o seu modo de vida, a minha mãe ensinou-me que, por uma questão de respeito, certas coisas apenas merecem ser ditas em privado para não se ferirem susceptibilidades na presença de terceiros.
Aplico este principio ao meu blog, que não pretendo utilizar como arma de crítica injuriosa contra artistas, escritores ou produtores de qualquer obra de arte. ( até ao momento, aqui tenho conseguido ser fiel aos meus princípios.)
Ando há imenso dias a pensar que tinha que tecer algum comentário a peça de teatro “Picasso e Einstein” que quarta-feira passada fui ver ao Teatro da Trindade.
Trata-se de uma peça “ligeira”, bem humorada e com valor .
Àqueles que procuram duas horas de boa disposição, de diálogos interessantes, autores talentosos e uma pitada de um saudável “non sense”, recomendo vivamente uma ida ao Teatro da Trindade.
Eu fui...e gostei!

Horários: Quarta a sábado às 21h30
Domingo às 16h00

Vá para fora cá dentro!


Palácio da Regaleira, Sintra


Tem sido uma experiência engraçada ser turista no meu país.
Nestes últimos meses têm-nos vindo visitar alguns amigos estrangeiros, que através de programas improvisados e, na maioria das vezes, apressados, descobrem Lisboa e arredores. (Diga-se de passagem que devido à dimensão do nosso país, podemos considerar arredores de Lisboa o Algarve!)
Ao servirmos de guias, acabamos por também ser turistas, por descobrir lugares que por inércia nunca conhecemos, por olhar os lugares e as pessoas com outros olhos...
Devo confessar que fico muito orgulhosa do nosso pequeno país, que nas coisas pequenas acaba por ser grandioso.
Até ao momento desconheço visitante que tenha partido indiferente ao que viu e experimentou em terras lusas.
Ou então estou rodeada de gente bem educada e simpática, que mente primorosamente. ;)
Este fim-de-semana não nos deixámos desmoralizar pelos chuviscos e o céu nublado e rumámos a Sintra.
A cada visitante que nos chega , conduzimo-lo obrigatoriamente a esse lugar mágico, onde cada vez mais descubro coisas fascinantes e intrigantes.
Há uma mística muito especial na serra de Sintra, um misto de mistério e romantismo que me nunca me deixa indiferente.
Quando era pequena tinha medo de lá ir , dá para acreditar?
Talvez fosse a neblina quase permanente que envolve o Palácio da Pena, talvez a história daqueles edifícios que parecem ter tanto para contar e guardar segredos inconfessáveis.
Ao visitar a Quinta da Regaleira este sábado senti esse pequeno calafrio de medo regressar.
Não apenas é um local digno de ser visitado pela beleza indiscutível das suas linhas arquitectónicas, como o seu jardim guarda segredos e recantos que merecem uma visita cuidada e atenta.
Labirintos rodeados de vegetação de toda a espécie, caminhos ordenados que conduzem a lagos , grutas e subterrâneos misteriosos, pensados ao milímetro, através de um raciocínio calculista que nos deixa intrigados.
Que segredos terá a Quinta que não nos quer contar?
Que mais teremos para desvendar?




sábado, outubro 16, 2004

Cansaço



Por trás do espelho quem está
De olhos fixados nos meus?
Alguém que passou por cá
E seguiu ao deus-dará
Deixando os olhos nos meus.

Quem dorme na minha cama,
E tenta sonhar meus sonhos?
Alguém morreu nesta cama,
E lá de longe me chama
Misturada nos meus sonhos.

Tudo o que faço ou não faço,
Outros fizeram assim
Daí este meu cansaço
De sentir que quanto faço
Não é feito só por mim.

Poema cantado por Amália

quinta-feira, outubro 14, 2004

corte e costura

Nunca gostei de encontros imediatos.
Pertenço aquela raça estranha de pessoas que ao ver um conhecido do outro lado da rua ( leia-se , conhecido. Não me refiro a amigos!), é dominada pela preguiça e timidez .
De certeza que os psicólogos já inventaram um nome para esta patologia .
Ou seja...fujo, finjo que não vejo, não tenho paciência para ir falar, invento artimanhas para não ver e ser vista.
Detesto conversas de circunstância, porque não passam de isso mesmo: daquela circunstância sinistra em que por casualidade nos encontramos naquele preciso momento.
Fico nervosa por não ter muito que contar, irritam-me os silêncios incómodos e tira-me do sério discutir o estado do tempo.
A situação complica-se ainda mais, quando a pessoa a quem vislumbramos não é simplesmente um mero conhecido, mas sim um conhecido que tem um poder sobre-humano de nos irritar.
Muitas vezes por inúmeras e intermináveis razões, muitas outras vezes apenas porque sim.
Hoje tive um desses encontros!
Desses que despertam irritabilidades porque sim.
Mas desta vez a conversa fluiu: fiquei a saber que “ando à paisana”.
Pode parecer estranho este comentário, mas foi exactamente isto que ouvi e passo a citar: “Olá, olá. Por aqui então? Mas a menina está à paisana!”
Como tenho reflexos lentos, fiquei sem perceber e sem responder convenientemente. Mas o meu interlocutor prosseguiu: “ Está vestida de um modo muito descontraído para quem está a trabalhar num escritório de advogados .”.
Urge dizer que se tratava de um rapaz...
Quase em simultâneo o meu cérebro começou a produzir a seguinte lista de questões:
1) É a roupa que faz o Homem ou o Homem que faz a roupa?
2) Mais vale parecê-lo do que sê-lo?
3) Há algum traje obrigatório nos Estatutos da Ordem dos Advogados?
4) Um fato negro torna-nos mais inteligentes / competentes?
5) Oferecem subsídios para a aquisição do mesmo?
6) Não era suposto só as mulheres ligarem a roupa?