sábado, junho 30, 2007

Pequenos tormentos I


Há areia no elevador e a entrada do meu prédio cheira a protector solar Nívea.
Contudo, nos metros quadrados que me rodeiam, não houve, no dia de hoje, qualquer produção de melanina.

sexta-feira, junho 29, 2007

I feel numb

O humor nos dias que correm. Aqui.
E aqui em casa...
E na biblioteca também...
E no final de contas...

segunda-feira, junho 25, 2007

Comparative law

"Não acho normal. Achas normal ter que estudar a lei mexicana?"
"Não achas normal porquê? Segundo dizem, nós mexicanos temos uma das melhores Constituições do mundo."
"Sim, mas não vou estudar a vossa Constituição. Estou mesmo a falar da lei processual civil mexicana."
"Acho muito bem que a estudes.Tens que saber como funciona a tua profissão no meu país, como é que se resolvem os litígios..."
"Mas querido, todos sabemos que no México os problemas se resolvem com porrada!"
"Com porrada, não. Com dinheiro. Estamos muito mais civilizados!"

Leitura de cabeceira





Nunca consegui dissociar Sissi da Áustria dos filmes protagonizados pela actriz Romy Schneider.
De igual modo, nunca consegui abandonar a imagem que os meus livros de infância me transmitiam da menina feliz que passava os dias a cavalgar pelos campos da Baviera, na companhia do seu pai Maximiliano e dos seus irmãozinhos, igualmente virtuosos e loirinhos.

Porém, o mito em que vivia sofreu, ontem à noite, um pequeno abalo.

Minutos antes de sucumbir ao cansaço do dia, fui transportada do imaginário infantil, alimento de fantasias e equívocos históricos, para um relato mais adulto*, onde descubro que a princesa mais bonita da Europa (recorde-se, com a cara e figurinha de Romy Schneider) era caprichosa, emocionalmente atrofiada e bissexual.

Confesso que ainda permaneço em choque.

Rejeito os factos históricos.

Fico-me pela Romy Schneider.


* "Valsa Inacabada" de Cathérine Clement

sexta-feira, junho 22, 2007

Verão




No Verão, todos ficamos mais bonitos...





quarta-feira, junho 20, 2007

Não podemos aspirar a um mundo perfeito, mas podemos, legitimamente, aspirar a um mundo melhor.

A menina do café da minha rua personifica a esperteza saloia que nos caracteriza há séculos e, de forma quase que inocente e irreflectida, nos condena ao retrocesso social.

Tem boa saúde, boa aparência, doseia o volume de trabalho com intervalos de nicotina, uma filha a quem veste do bom e do melhor e um marido que trabalha com afinco mas cujo ordenado é magro demais para comportar as despesas excessivas da família.

O café da minha rua pertence à mãe da menina acerca da qual escrevo, endividada até à medula óssea e que, em momentos de tensão, não abdica de uma manicure francesa e de extensões de cabelo louras, pois “se não nos sentimos bem connosco, a coisa não se endireita”.

Orgulhosamente, a menina do café informa-me que está a receber subsídio de desemprego, pese embora receba, simultaneamente, o ordenado que a mãe lhe paga.

“Enquanto der, vou aproveitar”, diz ela enquanto eu, educadamente, finco as unhas nas palmas das mãos para me conter perante o anúncio de que aquela senhora, com quem partilho o café matinal está, afinal de contas, a defraudar o sistema e a roubar o dinheiro dos impostos e das contribuições que entrego ao estado.

A segurança social, brilhante instituição no acto de recepção das contribuições, mas meio amnésica no acto de retribuição, fecha os olhos à menina do café, aos seus ordenados, ilegalmente, cumulativos que no final do mês lhe aconchegam a conta bancária.

Ironicamente, em Aveiro, a reforma por invalidez não foi concedida a uma professora, vítima de leucemia que, perante esta decisão da Segurança Social e o facto de ter que comer ao final do mês, se viu obrigada trabalhar até à morte.

Não teremos chegado, pois, a um ponto em que a inércia e o conformismo são inaceitáveis?

Vivemos num país onde a baixa fraudulenta ocupa uma percentagem significativa da população, ironicamente, activa; onde a menina do café se orgulha de enganar esse ente estranho – o Estado – e onde a insuficiência económica é alegada de forma falsa e de ânimo leve.

Bebo o café e vejo a menina alegre que me comunica ter adquirido um novo carro.

Sorrio e afasto-me perplexa.

Sei que os meus impostos estarão, provavelmente, a contribuir para o bem-estar do agregado familiar dela, situação que, analisando bem as coisas, me conforta um pouco. Afinal, sei em que é que as minhas contribuições se consubstanciam: num relógio Calvin Klein no pulso da menina do café.

terça-feira, junho 19, 2007

É uma menina!


Parabéns aos pais pela recém-chegada Inês.
Bem-vindos, finalmente, à guerra do percentil!

domingo, junho 17, 2007

Trienal de Arquitectura


Decorre em Lisboa a Trienal de Arquitectura, evento que atrai arquitectos e aspirantes a tal, bem como centenas de outros curiosos, leigos no mundo da projecção e do Autocad, mas a quem o tema “Vazios Urbanos” despertou interesse.

Ao ouvir dois advogados comentar que haviam passado a tarde de sábado no Museu da Electricidade, observando maquetes de um projecto do Siza Vieira e os esboços que as antecederam, não pude deixar de imaginar qual o impacto bizarro que um evento jurídico, a uma escala semelhante, poderia ter na sociedade portuguesa.

Por mais abertura intelectual de que disponha, jamais conseguirei conceber um arquitecto a dedicar os seus dias de ócio à contemplação de um ante-projecto de lei ou a venerar o carácter histórico das folhas amarelecidas de um exemplar do código de Seabra.

sábado, junho 16, 2007

"... fica-se com a ideia que são bem recebidos todos aqueles sacrifícios e sente-se que, no contexto de tanta ascese e renúncia, o próprio acto de viver constitui pecado.
Bem basta a culpa que já temos sem estar a puxar também pela culpa de não sofrer mais."


"As Igrejas são a igreja", por Miguel Esteves Cardoso (Revista Única, na edição de hoje do Expresso)

sexta-feira, junho 15, 2007

3rd round

Enforcement of judgments in foreign courts... foreign courts...distant courts...distant courts in distant countries...distant countries we visit on vacation...Vacationssssss...

Melting pot

Há tradições que, contrariamente ao ditado, já não são o que eram.

Atendendo ao forró, à kizomba e a música house a ecoar nas paredes da Sé, não me espantaria que um dia as sardinhas de Santo António venham a ser servidas com mandioca, molho de caril e cachupa.

Terapia








Era uma casa muito singular.

Todos ali se sentiam bem e rapidamente se acomodavam aquele convidativo ambiente.

Ela observava os seus convidados, com o meticulismo e rigor que a caracterizavam, imersa, uma vez mais, no silêncio do seu pensamento.


Com alguma ironia, constatou, pela primeira vez que a casa ( ou quiçá eles) tinha um dom: o de atrair loucos e afastar dinheiro.

"Um vida simples, minha querida", dissera-lhe a mãe quando ela partilhou a sua pertinente observação.

"Não. A simples constatação de que o abismo atrai abismo!", respondera-lhe, pragmática e conformada.

quarta-feira, junho 13, 2007

Campolide é linda!

Um bonito 3.º lugar , a marcar a noite em que pela primeira vez torci pelo meu bairro na Avenida!

terça-feira, junho 12, 2007

O mito?

Anthony of Padua, St (1195-1231), Franciscan monk, born in Lisbon. He became an Augustinian monk at the age of 15 and ten years later joined the Franciscan order, becoming a provincial, or administrator of a group of monasteries, for that order in 1227. He taught theology in Italian and French cities and preached in those areas, especially in the vicinity of Padua. In 1230 he resigned his provincialship to devote more time to preaching. The year after his death he was canonized by Pope Gregory IX; in 1946 he was named Doctor of the Church. Anthony is the patron saint of Padua and of Portugal, and the saint invoked for the finding of lost articles. His feast day is June 13.

Aqui.


Santo António de Lisboa (Lisboa, 15 de Agosto de 1195Pádua, 13 de Junho de 1231), de seu nome de baptismo Fernando Martim de Bulhões e Taveira Azevedo (ou Fernon Martin di Bulhon y Tavera Azeyedo) filho de Martim de Bulhões e Maria Teresa Taveira Azevedo. É também conhecido como Santo António de Pádua, por ter vivido e falecido nessa cidade italiana. Regra geral, os santos católicos são conhecidos pelo nome da cidade onde falecem e onde permanecem as suas relíquias – pois que, na doutrina cristã, a morte mais não é que a passagem para a verdadeira vida –, e não daquela que os viu nascer; assim sucede com Fernando de Bulhões, que nas demais línguas europeias é chamado de Pádua, e apenas reverenciado pelos povos de língua portuguesa como de Lisboa.

Por Wikipedia.

segunda-feira, junho 11, 2007

A biblioteca




"Acusavam-na de não ter lido todos os grandes clássicos e de não ter expostos, na estante, os principais troféus da literatura contemporânea.

Questionavam os recém adquiridos exemplares que ela, cuidadosamente, escolhera para a leitura de verão.

Livros condenados a folhas dobradas e a vestígios de protector solar; livros que anos volvidos guardarão, certamente, areia entre as folhas e cheiro a maresia.

Os livros, tais como os amigos, são para as ocasiões, pensava.

Cada qual tem o seu momento especifico, o seu contributo e a sua própria vivência.

O lugar que ocupam, não se restringe à prateleira, mas a uma fase especifica, a momentos de abstracção peculiares, a interesses e curiosidades momentâneas.

Não lera todos os grandes clássicos, é verdade.

Mas também não conhecera todas as pessoas que deveria.

Lera, porém, muito mais que muita gente e conhecia de cor a satisfação do regresso a casa, com os dedos vincados pelos sacos que transportam a literatura dos seus dias.

Os livros obrigatórios seriam lidos. A seu tempo, no devido compasso de espera.

Até lá, observaria o alinhamento dos seus romances e novelas, as lombadas das suas aquisições e ofertas, a desorganização de autores a que votava a sua biblioteca.

E um dia, quem sabe, o seu nome figurará na biblioteca de alguém que partilha a mesma paixão."

sábado, junho 09, 2007

Bon voyage T.!

Qual N.Y, Buenos Aires ou Londres. Nada se compara aos tempos de Barcelona!
Ficam as saudades e a certeza de uma nova cidade para guardar no teu albúm de cidadã do Mundo.


P.S Música a condizer com a ocasião!

sexta-feira, junho 08, 2007

Rectificação

No seguimento do post anterior, venho por este meio revogar a declaração proferida.
Afinal, o sentimento de pertença não se cultiva: tem-se.
O bairrismo não exige a nacionalidade portuguesa, vive-se.

Acordar de manhã, com um mexicano a fazer a barba ao som do "Lisboa à noite", faz-nos repensar as premissas em que assentam os nossos ideais.

quinta-feira, junho 07, 2007

A canção de Lisboa

Como explicar, a um estrangeiro, os arraiais de Santo António?

Como justificar o entusiasmo com que os bairros típicos de Lisboa acolhem os seus vizinhos, ao mesmo tempo que se divertem e revelam a alma lisboeta?

Como convencê-los a dançar, mão no ombro e braço na cintura, ao som das canções das marchas ou dos grandes êxitos “pimba” ?

Porquê tentar comparar os desfiles da Avenida com o sofisticado carnaval carioca?

De que serve questionar a origem do santo padroeiro de Lisboa? Quer seja de Pádua ou da Madragoa, o santo serve de desculpa para casamentos em massa e bailaricos populares em noites quentes.

A sardinha a escorrer gordura para o pão, os arcos e balões, a rivalidade entre chouriço assado e o prego no pão, os pátios abertos a convidar para jantaradas em mesas de plástico e cadeiras de estabilidade dúbia.

Lisboa resplandece em Junho e fá-lo sem grandes intervenções estéticas ou sofisticação, através dos seus personagens, que mais ou menos participantes nas festas da cidade, revelam, como em nenhuma outra altura do ano, o orgulho de ser alfacinha.

Como transmitir, repito, este sentimento aos que nos visitam? Aos que nos tentam compreender? Aos que se esforçam por sentir o peso da tradição numa cidade em constante mudança, por vezes descaracterizada, um cidade que tenta pertencer não a um país mas ao mundo?

Será este sentimento inominado o verdadeiro bairrismo que mantém viva esta tradição?

terça-feira, junho 05, 2007

Um dia isto foi um blogue

Um dia este foi um blogue onde se escrevia; onde se partilhavam ideias (descartáveis, bem sei); onde as actualizações eram feitas diariamente e a música, estrategicamente não repetida, acompanhava a leitura de cada parágrafo.

Outrora sobrava tempo para a ficção que, comummente, se confundia com a realidade, ainda que tal fosse mera coincidência.

Longe vão também os tempos em que as descrições das exposições, filmes e restaurantes preenchiam a actualidade do "Mundo".

Hoje o servidor da música está "em baixo", o relógio não perdoa e o cansaço da noite mal permite recuperar energias para a manhã.

Curiosamente,
afirmava-se, no outro dia, na blogosfera que não resta qualquer alternativa: quem tem tempo, tem blogue e quem não o tem, chapéu.
Talvez não se trate de falta de tempo, mas simplesmente de uma má afectação dos recursos disponíveis.

Recusando sempre a ideia deste espaço ser um diário, surpreende-me a ideia de que, em certa medida, talvez o seja.

Afinal de contas, este é um registo dos dias que correm: apressados, descuidados, atarefados, confusos, receosos, preguiçosos, completos.

A seu tempo, virão, certamente, dias mais calmos de escrita fluída.

Até lá, as actualizações serão feitas consoante as manhãs o permitam e a imaginação ajude.

E um dia, quem sabe, este espaço voltará a ser um blogue!







Quem chega atravessa o rio






Uma cidade para redescobrir vezes sem conta.

sábado, junho 02, 2007

Vamos ao Porto ou não vamos ao Porto?

Serralves e as suas 40 horas de festa
A promessa que, finalmente, se cumpre.
Parabéns P.!

sexta-feira, junho 01, 2007

Ranking

Depois do maior centro comercial da Europa e da maior feijoada, Portugal regressa aos tops.
Desta feita, com a Justiça.

Imagine-se o que seria se a sondagem incidisse sobre autarquias...