terça-feira, março 29, 2005

Nós por cá...



Quando ouvimos falar de uma estatística relativa a características negativas de um povo europeu, inevitavelmente Portugal surge como camisola amarela.
Ele é o país possuidor do maior índice de analfabetismo da Europa, que vergonhosamente apresenta a maior taxa de sinistralidade nas estradas, o maior índice de consumo de álcool entre adolescentes ou o maior número de casos de trabalho infantil.
Mas há um outro factor que o torna particularmente único.
Portugal pode orgulhar-se , sem dúvida alguma, de ser o país onde um elevadíssimo número de pessoas paga para ser maltratado.
Nos correios, nas finanças, na segurança social, mas principalmente nos cafés e restaurantes, de preferência naqueles mais afamados e emblemáticos de Lisboa.
A diferença é que nos primeiros, sabemos que o funcionário público, autêntico Zeus, detêm um efectivo poder sobre as nossas vidas. Irritá-los ou tratá-los com a mesma arrogância com que nos presenteiam, não resolve problemas ou altera posturas: ao invés vemos a vida "empatada" durante meses devido à má vontade desses senhores, que não contentes por serem verdadeiros "deuses", são donos de uma susceptibilidade fora do vulgar.
O empregado de mesa de um café emblemático é um obstáculo dificil de contornar. Tome-se, por exemplo, o caso da Bénard ali no Chiado.
Tratam-nos como cão se nos enganamos e nos sentamos numa das mesas, tendo anteriormente e , sempre de uma forma muito subserviente, feito o pedido ao balcão.
Sem misericórdia somos convidados a sair pelo empregado que olhando de soslaio nos informa que "o serviço de mesas é mais caro", partindo imediatamente após proferir tal verdade suprema, numa atitude de "vai-te-embora-oh-mete-nojo-Aqui- só- interessa quem tem-guito".
Outro velho clássico é tentar tomar café na sempre encantadora Brasileira ou na clássica Mexicana, onde pagamos 1 euro para que os empregados quase nos cuspam no café quase invisível que de mal grado nos servem, após milhentas tentativas de sermos servidos no espaço record de 15 minutos.
Mas quem pensa que o fenómeno se circunscreve a Lisboa é porque seguramente se esquece do atendimento nos restaurantes e cafés algarvios.
Não só os preços triplicam em épocas de maior afluência, como é quase necessário ajoelhar-nos no chão e oferecer um lado da face à bofetada, para que algum dos mui stressados empregados de mesa se dignar sequer a trazer o menu.
E aquele irritante e inevitável sorriso de júbilo quando nos dizem que "os linguadinhos já acabaram"...
Talvez a melhor alternativa seja fingir um sotaque britânico e controlar a raiva aquando da chegada da muito inflacionada conta.
Ou talvez a melhor alternativa consista em pura e simplesmente boicotar lugares como os acima mencionados.
Por mais que não seja, pelo facto de a arrogância, além de se confundir muito facilmente com má educação, acaba por mostrar o atraso civilizacional não só de uma ou outra pessoa, mas de todo um povo.
Posted by Hello

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