segunda-feira, maio 29, 2006

Ás vezes gostava de ser mais romântica - II

Há uns tempos atrás assisti ao sagrado sacramento do matrimónio de uma prima minha.
A igreja estava linda, os convidados elegantes e, principalmente, os noivos estavam felizes.
Abstraindo-me da festa e concentrando-me no sacramento religioso, escutei com atenção as palavras proferidas, durante a homilia, pelo padre que conduzia a cerimónia.
Aparentemente e segundo os ensinamentos de Jesus Cristo, a minha prima celebrou um contrato com o marido, através do qual se geraram as obrigações, tais como as de honrar sempre e ser fiel ao seu marido, dar-lhe apoio nos momentos difíceis, servi-lo em tudo o que este necessite, dar-lhe filhos para perpetuar o apelido da sua família e honrar os nomes sagrados das mulheres bíblicas.
Deste contrato, emergiram para o noivo uma série de inderrogáveis direitos, inerentes não só à sua qualidade de macho, como ao próprio instituto do matrimónio.
Juridicamente falando, parece-me que os interesses de ambas as partes não estão devidamente acautelados na relação estabelecida por Deus, sendo a desigualdade de posições algo flagrante e totalmente inaceitável à luz dos princípios mais elementares de Direito.
Religiosamente falando, não entendo como é que ainda existem mulheres católicas!

3 comentários:

izzolda disse...

Também num casamento, o padre falou directamente sobre homossexualidade da forma mais preconceituosa que já alguma vez ouvi alguém falar. Outra homilia para esquecer, e só não saí porque o casal era de grandes amigos! Muito mau, para quem proclama a igualdade, blá blá blá...

Anónimo disse...

Ritinha, adorei este teu post, tanto o conteúdo como a forma como o escreveste!
Não podia estar mais de acordo!
Cada vez me irrita mais (e desculpem-me os religiosos) a atitude da Igreja e a hipocrisia que a ela está associada. Posso deixar-te aqui mais um exemplo de incoerência por parte dessa entidade (entre muitos que tenho vindo a vivenciar): a minha mãe é divorciada e os mais padres, desde que saibam tal facto, não podem dar a comunhão à minha mãe, porque quebrou 'aquilo que Deus uniu'! Recordem-me só: saber perdoar é também um valor defendido pela Igreja não é...?

Rit@ disse...

Perdoar é um valor ou uma capacidade que todos gostamos acreditar que temos, que partilhamos. A Igreja, composta por homens e, como tal, susceptível de sofrer os seus defeitos e fraquezas, apresenta um discurso coerente e lógico, mas não passa disso mesmo: um discurso. A História e os exemplos dos homens que a compõem revelam uma realidade totalmente diferente e quanto a isso não há discussão possível.