Segredos de justiça
O caso Madeleine McCann regressa aos noticiários com suspeitas que, apesar do aparato de novidade, mais não são do que conclusões lógicas: os pais da menina são possíveis suspeitos.
Os avanços da investigação reconduzem-se simplesmente a esta conclusão que, aliás, sempre existiu, pese embora camuflada por outras tantas suspeitas que a Policia Judiciária levantou desde o início do quebra-cabeças mais mediático da história Portugal .
Daí que mostre alguma relutância em surpreender-me com este suposto “avanço” na investigação que mais parece uma manobra de ilusionismo, por parte da tão criticada PJ, para limpar a sua imagem, danificada perante os resultados inconclusivos da investigação, por si, liderada.
Curioso, ainda, o facto de em Portugal o profissionalismo se confundir com ataques pessoais: a polícia britânica, igualmente sem grande novidade, critica e aponta o dedo aos métodos, certamente arcaicos na sua óptica, da polícia portuguesa trabalhar. A polícia portuguesa, por sua vez, espicaça-se com as provocações de terras de sua majestade, como se anos de história de arrogância inglesa em terras lusas tivessem caído no esquecimento.
Nas entrelinhas, uma criança continua desaparecida, a hipótese da sua morte é assumida publicamente (como se essa hipótese não fosse óbvia desde os primeiros dias de investigação fracassada) e os pais que um dia emocionaram o mundo com as mãos trémulas e o caminhar irregular pelas ruas da Praia da Luz, começam a sofrer o estigma da investigação e os efeitos perversos da campanha mediática que eles próprios lançaram: o julgamento público, sem sentença ou contraditório.
4 comentários:
há casos que ficam tão exaustos que já não interessa a ninguém o possível desfeixe...
Tenho, objectivamente, evitado este tema, o desaparecimento da pequena “Madeleine”, pois considero que este tipo de assunto exige cautela e respeito por todos os intervenientes e pela sua vida pessoal.
No entanto, as notícias de hoje, pelo seu carácter e significado, “obrigam-me” a realçar este assunto com objectivo de, neste e em futuros períodos de férias, contribuir para a protecção adicional das crianças que se exige, na minha opinião, aos pais, independentemente do resultado desta investigação.
Acho que a política da polícia/justiça portuguesa (não falo das outras por falta de conhecimento) é que em caso de dúvida há é que prender alguém. Assim arranjam um bode espiatório para a merda toda que andaram a fazer e o simples facto de não saberem o que se passou.
As duas regras de ouro em vigor actualmente são:
1 - Primeiro prende-se e depois pergunta-se/investiga-se. De preferência usando a força.
2 - Toda a gente é culpada até prova em contrário.
Infelizmente, é mesmo assim. O estigma do "arguido" é algo que não se perde, ao contrário da presunção de inocência...
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