sábado, setembro 04, 2004

Ossétia do Norte

Hoje não se discute, não se analisa o inimigo ou se prepara uma defesa, não se fixam datas ou se defendem ideais.
Sob a máscara falsa de religião ou sob um hipócrita motivo político ( ou melhor, motivo económico), mata-se impiedosamente, sem qualquer vestígio de respeito pela vida humana.
Sem sentido, sem coerência, sem honra, sem olhar a credos, idades ou sexos.
Ao invés de ser o bem jurídico de valor supremo, a vida perde todo e qualquer valor, os corpos ficam sem rostos, os rostos convertem-se em números e os nomes apenas servem para figurar nas listas negras que se afixam em malfadadas paredes.
O terrorismo instalou-se, criou raízes e ganhou um lugar na mentalidade das pessoas.
Não se pode ceder perante ele, mas não há forma de combatê-lo, porque ele ataca de surpresa, trazendo o medo.
Medo... pensava que só as crianças tinham medo. Pensava que uma vez que crescesse, poucas coisas me despertariam medo.
E agora vivo assustada, porque já não há sentido no mundo, tudo pode acontecer a todos.
Toda a Humanidade, sem excepção, é vítima deste horror que veio para ficar e não há Deus que nos salve, dinheiro que nos proteja ou apelido que nos resguarde.
Qualquer um de nós podia ser o gestor do World Trade Centre, que naquele dia apenas recordava as férias de Agosto e se consciencializava que só dentro de um ano, poderia descansar outra vez.
E falando em férias, como podiam aqueles jovens imaginar que Bali era um potencial alvo e que afinal naquela noite o melhor teria sido ficar no hotel a descansar?
Já para não mencionar a C., secretária, que adormeceu e por isso apanhou o comboio seguinte. Nunca chegou à Atocha a tempo...E eles ,pequeninos, iam para a escola...apenas para a escola... Não eram políticos, não eram militares, nem sequer podiam votar...apenas iam para a escola.

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