quarta-feira, outubro 20, 2004

O efeito "pavão"

O Instituto Nacional de Protecção Civil lança o alerta:

"A zona do Largo de Santa Bárbara, paredes meias com a Av.Almirante Reis, encontra-se vítima de uma praga assoladora, que practicamente não deixa ninguém que por lá passa incólume .
São pequenas partículas que se movimentam no ar, sendo que a sua proliferação é potenciada em escritórios de advogados de grandes dimensões, com open spaces minimalistas e climatizados.
Um vez instalados, os ditos micróbios afectam automaticamente o cérebro: este passa a produzir uma substância que bloqueia qualquer tipo de raciocínio susceptível de abranger mais do que um tópico de cada vez e os "afectados" recorrem incessantemente a vocábulos como "escritório", "sócio", "associado"e "project finance".
Como se não bastasse este atrofio intelectual, o efeito destes micróbios gera a convicção que os infectados são seres de um estatuto social e pessoal elevado, superior a qualquer outra raça de transeuntes com quem se cruzam, o que justifica que os "afectados" pela praga assumam comportamentos fora do vulgar: não cumprimentam colegas no elevador, falam sem olhar nos olhos o seu interlocutor, vestem-se de negro e a rigor demarcando-se dos demais e têm sempre um ar muito atarefado e pouco cívico. Sim, porque o virus produz uma substância que lhes reduz os ângulos de visão e quaisquer resquícios de bom senso e humildade, inchando-lhes o ego em quantidades abismais, o que consequentemente gera as chamadas "poses de pavão".
(Isto é, torna os "afectados" INCHADOS)
Agradece-se que as pessoas que apresentem desde já esses sintomas se dirijam quanto antes ás instalações da Delegação de Lisboa da Ordem dos Advogados, no já referido Largo de Santa Bárbara, de forma a integrar alguma das turmas da manhã para as sessões de terapia conjunta.
Pede-se ainda àqueles que não pretendam entrar em contacto com o virús, o favor de guardarem distância da dita zona.




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