terça-feira, abril 19, 2005

L´auberge espagnole


Hoje deixei-me contagiar pelas vossas palavras e recordei-nos como éramos. Ás vezes custa-me voltar a ver-vos como uma autêntica família, custa-me aceitar que vivemos momentos irrepetiveís e que na altura não lhes dei o devido valor; custa-me continuar a encarar-vos como as minhas irmãs e conselheiras fora de horas, com sabor a crêpes com queijo e ervas da cozinha de Borrel.
Talvez porque o próprio facto de estar limitada ás recordações tenha um sabor amargo, recorda-me a resignação a que os meus dias têm estado condenados, provoca-me uma ansiedade desmedida e incontrolável.
Porque, ao ver as fotografias , não deixo de vos encarar como personagens do pretérito perfeito. Ou talvez seja apenas eu que não me consigo reconhecer ao vê-las e por isso encerro-vos na moldura onde ,conscientemente, me coloquei.
Ontem estivemos mais juntas que nunca, apesar de mais separadas do que alguma outra vez.
Foi uma noite catalã, de cigarros e vodkas virtuais, de conversas disparatadas e intimidades declaradas...
De manhã acordei a sonhar que a na Pompeu a Sarita estava á minha espera, com um croissant e um cortado.
A cozinha ainda estava um caos, provocado pelas frigideiras da Sinistra, mas ao invés o quarto da Distinta estava impecavelmente arrumado ( aliás, como sempre).
A Gadjet estava no laboratório da Gran Via, a revelar fotografias de Valência e a casa era só minha naquele momento.
O entresuelo primera com a eterna banda sonora do rádio da vizinha e os postais na parede a darem as boas vindas.
Passo na rua e espreito, mas vocês não estão lá.
Se calhar nunca estiveram, se calhar eu nunca estive...se calhar Barcelona foi tão perfeito, porque foi apenas um sonho.
Neste momento, é reconfortante saber que há pessoas que vivem de sonhos.
Mais reconfortante ainda, é saber que conseguem acreditar neles a vida inteira.


Posted by Hello

2 comentários:

Anónimo disse...

E agora vou entrar no teu quarto sem bater e dizer te que mais uma vez faltamos as aulas...
Ontem os 16 000 km que nos separam pareceram esbater-se completamente.
um grande beijinho

Saritz

Anónimo disse...

"Tenho pensado no nosso encontro familiar internautico do outro dias, cada uma numa hora diferente, num momento diferente da evolução do seu dia: a rita em contagem decrescente para uma noite que antecede um arduo dia de trabalho, a carla pronta a atacar a sua noite de insomnia, a froes a começar o seu dia que se vive de noite, e tu a começar, de facto, o teu dia de trabalho.

Foi um momento bonito, foi!
Fartei me de rir, de me lembrar de nós, à volta da nossa mesa de borrel, ou aos gritos pelo corredor fora!...
Que saudades!.... ja passou tanto tempo...
Mas é bom sentir que, atrás das palhaçadas, o que nos une vai durar sempre,
é bom sentir que a partilha de uma experiência de uns meses, circunscrita no espaço e no tempo, hà de repercutir-se para toda a nossa vida, onde quer que estejamos.
é bonito, é bonito!!"

acabei de escrever isto à saritz, antes de ver o teu blog!....