quarta-feira, agosto 17, 2005

Governo manda averiguar se há menores no combate aos fogos

I) Tendo em consideração que os incêndios em Portugal não são novidade, mas sim uma calamidade repetitiva e aparentemente inevitável;
II) Considerando que, ao contrário do que sucede nos restantes países da Europa, o número de incêndios em Portugal aumenta de ano para ano;
III) Não podendo negar que, desde 2003, o panorama nacional não se alterou em termos de meios disponíveis para o combate dos incêndios em Portugal;
IV) Sabendo que são pedidos sacrificios aos portugueses, mas que se pondera construir um aeroporto desnecessário e um TGV que soa a superfúlo num país devastado pelas cinzas;

Parece-me, salvo melhor opinião em contrário, que este não é o momento mais oportuno para se discutir o trabalho infantil na frente de combate aos fogos.
O facto de o Ministério da Administração Interna ter pedido, com carácter de "urgência", ao Serviço Nacional de Bombeiros e Protecção Civil (SNBPC) uma listagem dos bombeiros que combatem os incêndios, tendo em vista a averiguação acerca da existência de menores envolvidos no terreno, soa-me à velha e inútil discussão acerca do sexo dos anjos.
Em vez deste camuflado "dever ser", não deveriamos considerar esta informação como mais um exemplo vergonhoso e humilhante do estado da nação?
Talvez surtisse mais efeito destacar pilotos da Força Aérea, suspender a compra de submarinos e adiar questões como a OTA ou TGV .
Os inquéritos não acalmam as chamas, nem disponibilizam mais homens para tomar o lugar dos pequenos valentes.
Além de que os inquériots fazem correr muita tinta; fazem gastar muito papel...
Se não se tomam medidas mais realistas ( não apenas aquelas para "inglês ver") , qualquer dia nem árvores teremos para produzir o belo papel timbrado com o símbolo do Ministério da Administração Interna.

1 comentário:

T disse...

A Chapa pôs sal na ferida e a ferida ardeu.
Portugal sempre teve um problema acerca do que está certo... não na parte de saber o que está certo, mas sim na parte de executar.
Penso que refugiar-se em debates questões menores é sempre uma fuga fácil, mas espero sinceramente que a nossa geração lide de uma maneira mais corajosa com estes assuntos e os resolva.
É fundamental que tal como a Chapa levantemos a voz, pois esquecer este problema é admiti-lo como uma moda de Verão.