Instantâneos
Os cheiros. Sem dúvida alguma os cheiros.
O cheiro fétido dos labirintos, o cheiro a terra impregnado na pele, no cabelo, nas unhas ( e eu que jurava que não tinha andado a cavar!).
A temperatura elevada que potencia os odores.
O cheiro a terra e a fruta madura.
O cheiro a África!
Não a nossa África; não a Guiné acolhedora que visitei na minha infância, mas uma
África diferente.
Uma África árabe, povoada por mesquitas impenetráveis e berberes que nos observaram os movimentos com o olho clínico do negócio.
Aprendemos que berbere significa homem livre; que a poligamia assenta na crença de que ninguém pode ser pertença de outrem; que sexta-feira é dia de festa para os muçulmanos e que qualquer hora do dia é boa para a oração ( inclusive às quatro da manhã e mesmo que tal implique acordar os turistas recém chegados a Marrocos, alheios a este ritual!); que as serpentes e os escorpiões do Deserto são animais "gentis"; que chá de menta a ferver, com doses maciças de açúcar, além de matar a sede ( equivalente a cinco copos de água tomados de seguida), dá energia.
Voltei com a sensação de não conseguir definir com exactidão o povo marroquino.
Infelizmente, entre nós e eles recai, na generalidade dos casos, a máscara do turismo e a oportunidade do negócio.
Cria leves sombras nas fotografias, mas de tão ténues que são, agora que relembro os instantâneos nem dou por elas.
As cores...
As cores vivas dos mercados (souks); das babouchas; dos tapetes; das crianças nómadas do Deserto.
As cores e os cheiros; sem dúvida alguma!
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