segunda-feira, agosto 29, 2005

Á tuga

Ontem, quando regressava a Lisboa, apercebi-me que o Novo Código da Estrada está, obviamente, a ser mal interpretado pela generalidade dos portugueses.
Ou então 5 anos de Direito não me serviram de nada, pois não consigo interpretar devidamente uma simples norma.
Dispõe o art.14º do vigente Código da Estrada ,sob a epígrafe "Pluralidade de vias de trânsito", que “sempre que, no mesmo sentido, sejam possíveis duas ou mais filas de trânsito, este deve fazer-se pela via de trânsito mais à direita, podendo, no entanto, utilizar-se outra se não houver lugar naquela e, bem assim, para ultrapassar ou mudar de direcção.”
Ou seja, devemos circular sempre pela faixa mais à direita (salvo excepções previstas na letra do artigo), sob pena de nos ser aplicada uma coima que vai de €60 a €300.
No entanto, para o comum condutor português, o que na realidade o “legislador” pretendeu com esta norma, foi a criar um admirável mundo novo de direitos.
Segundo vários condutores com quem tive o prazer de me cruzar ontem à noite, é-nos agora permitido ultrapassar pela direita e fazer sinais de luzes furiosos ao desgraçado , certamente desactualizado e desatento, que ainda não aprendeu que a faixa da direita já não é para os menos rápidos e a berma não é para emergências, mas para desvios estratégicos daqueles que não suportam filas de trânsito.
Não querendo voltar a cair na tentação da crítica fácil e sabendo à partida que as mudanças são quase sempre benéficas, quando é que em Portugal vai aprender que o problema da condução dos portugueses não se resolve com alterações legislativas ou agravamento das coimas?
Não é o álcool o principal culpado dos acidentes rodoviários, nem a velocidade pode ser encarada como bode expiatório.
Não será antes uma questão de civismo? De respeito pela vida dos que seguem connosco e daqueles com quem nos cruzamos na estrada?
Até quando permanecerá esta lógica da “chica espertice” portuguesa?

6 comentários:

Anónimo disse...
Este comentário foi removido por um gestor do blogue.
Charmless Man disse...

O costume é uma coisa tramada...

Anónimo disse...

Ola....vi ver como isto estava..tás sempre a dizer que não comento nada... por isso aqui vai...
GOSTEI DO TEXTO.....hehehehe
Beijokas gandes
Ps. não sabes quem sou?? eu ajudo...estarola 2 diz-te alguma coisa...:)

Rit@ disse...

FINALMENTE!!! Que bom ter noticias tuas. Sou uma estarola desnaturada que promete ligar amanhã. Um grande beijinho com saudades

Marta disse...

A falta de civismo, tão presente na estrada, é de facto o grave problema de Portugal. Eu bem tento "ensinar" alguns condutores e por alguns breves momentos, às vezes, até consigo :)

Nuno Santos Neto disse...

Infelizmente, a lógica de que falas não mutará na nossa geração. Mas é bom que comecemos a arrepiar caminho. Curiosamente, lá fora nunca me deparei com esse fenómeno. É uma chico-espertice originalmente lusa. Ou, então, tenho andado distraído.