segunda-feira, outubro 24, 2005

A recordar a universitária que fui

Sempre achei que havia algo de deprimente nas residências universitárias de Lisboa.
Nunca as consegui encarar como um centro de diversão e de elevada concentração hormonal, como deveriam ser e, consequentemente, nunca invejei aqueles que aí se viam obrigados a residir.
Sempre me pareceram cinzentas, demasiado austeras e impessoais, cubículos de solidão e saudade da terra natal que se deixou para trás.
Todos os dias atravesso a minha antiga faculdade para chegar ao escritório, sendo confrontada, inevitavelmente, com a energia frenética e espampanante daqueles que ainda acreditam ter o mundo aos pés e todo o tempo possível e imaginário para desperdiçar.
Ao invés, os estudantes da residência parecem sempre sombrios, pesados, conscientes do passar “lento” do tempo e da vida mais confortável que teima em não chegar.
Má como as cobras, olho-os com algum alívio e sinto-me menos mal com a minha vida.Mais que não seja, porque nesses pequenos vislumbres , recordo os momentos menos bons da época estudantil que a memória fez questão de apagar e alegro-me por já não viver as dores de barriga dos exames, nem a permanente sensação de ter a carteira vazia!

5 comentários:

Yoann Nesme disse...

Ai ai até parece que trabalhas nas obras, mulher! E, se bem a residência da faculdade de direito parece mais cheia de neurônios que de hormonas, segundo o que me contaram, não é bem o caso para outras áreas, tipo marketing...

izzolda disse...

A esmagadora maioria das residências aqui no Porto também são extremamente deprimentes! Algumas têm péssimas condições, mas felizmente isso vai mudando.
Quanto aos momentos menos bons da vida de estudante...também os apaguei sem saudades (principalmente esse da carteira totalmente vazia!). Só tenho saudades do 'movimento', do dinamismo e da quantidade de coisas que temos de fazer! A empresa onde trabalho é demasiado cinzenta e parada pro meu gosto...

A Refinaria disse...

Ainda ontem no metro olhei para os universitários que se passeavam de dossiers e livros de baixo do braço e também eu elevei as mãosinhas ao céu e agradeci já ter passado essa fase.

Já quando os vejo prontissimos para ir para a noite à quinta feira, e de cabelo mulhado e ar descansado acabadinho de acordar às 3 da tarde... aí o caso muda de figura, mas esse não é o tema, por isso concordo, assino por baixo e para comemorar vou trabalhar mais um pouco!

Rit@ disse...

Vês Jacinto, como há quem me entenda? Cereja, o sentimento corrosivo da inveja também me domina à quinta à noite,quando muito rapidamente e cheia de peso na consciência dou uma saltada ao bairro e já pertenço ao grupo das olheirudas-não-bronzeadas!
Por outro lado a Izzolda também tocou num ponto fraco: o dinamismo, o movimento e o ritmo dos programas que se sucediam naquela altura.
Mas uma coisa se diga: agora os nossos fins-de-semana rendem muito mais e são muitissimo mais valorizados.

A Refinaria disse...

Não nos podemos esquecer desse mesmo valor acrescentado que têm os fins de semana sem ter de os passar na biblioteca/na cama a ressacar/à secretária/na sala dos computadores a fazer trabalhos de grupo!
Os jantares em casa dos amigos tem um gosto diferente, as noitadas à conversa,etc, têm um sabor mais especial...
E o prazer de olhar para uns sapatos, para um livro, um CD, um restaurante mais caro, um perfume e podermos abrir a carteira e dizer "levo!" e oferecer a quem quisermos sem ficarmos sem almoçar 3 semanas!
EU GOSTO DE TRABALHAR!